"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


segunda-feira, dezembro 31, 2001

O Futuro dos Profetas

Tudo indica que os profetas estavam certos. Eles previram um futuro brilhante para a humanidade, mas que só viria após muito sofrimento e infortúnio mundial. É o chamado “Dia do Juízo” que alguns cristãos acham que será o fim do mundo, mas que os estudiosos mais isentos chamam apenas de uma grande cisão entre a sociedade da barbárie e a chamada “Nova Era”. Infelizmente, essa cisão não ocorrerá sem uma redução drástica e trágica da população, com muitas mortes, sofrimento e carestia.

De fato, a perspectiva que o início desse século aponta é desalentadora, o que coincide com muitas profecias. Começamos o século com uma guerra covarde, convulsões sociais em várias partes do mundo, fanatismos irracionais diversos, injustiça social de proporções jamais vistas, desequilíbrios ecológicos de toda sorte, incapacidade dos recursos naturais em sustentar o crescimento da população, preconceitos diversos, materialismo exacerbado, etc. É muito difícil acreditar que conseguiremos, enquanto humanidade, manter esse tipo de sociedade por muito tempo antes que entremos em um colapso grave de proporções mundiais, se é que esse colapso ainda não começou.

Um fato muito importante que devemos ter em mente é que apesar de todas as previsões terríveis, os profetas e avatares deixaram claro que nada disso precisaria acontecer e poderia ser evitado se a humanidade entendesse a mensagem que eles estavam enviando. Eles não fizeram suas profecias para determinar a obrigatoriedade de um futuro negro, mas para alertar que nossas atitudes seriam destrutivas se esquecêssemos a fraternidade, o amor e a cooperação.

Para evitar isso tudo, devemos acreditar que apesar de nossos erros, somos dignos sim desse futuro brilhante e que devemos trabalhar todos os dias para criá-lo. Como? Não sei se sou a melhor pessoa para responder isso, mas penso que temos que fazer a nossa parte, procurando desenvolver nossas virtudes, uma a uma todos os dias. Não devemos nos concentrar em nossos defeitos (ou pecados), e sim trabalhar nossos defeitos através das virtudes opostas a eles. Por exemplo, trabalhe o egoísmo desenvolvendo o altruísmo, o orgulho através da humildade, e assim por diante. De manhã, prepare-se para exercitar essas virtudes e de noite, avalie seu dia e veja onde você errou e onde você acertou para no dia seguinte fazer melhor. Acredite em Deus, mas no Deus que existe em seu coração, não aquele que alguém disse para você como é. Peça ajuda diariamente para Ele.

Duplique esse esforço sugerindo para seus amigos essa prática, criando uma corrente de pessoas que buscam a virtude, pois se a maioria das pessoas se tornar melhor a cada dia, o futuro ruim não resistirá. O problema é que hoje a maioria das pessoas se torna pior a cada dia.

O espírito são precisa de um corpo são para sobreviver. Para existir um corpo são, precisamos ter a maioria das células sãs. Você é uma célula do corpo da humanidade, faça a sua parte!

sexta-feira, dezembro 28, 2001

Como Acabar com Duas Moedas ao Mesmo Tempo

Pode parecer estranho, pois as moedas são supostamente fortes, mas o fato é que a Argentina conseguiu acabar com duas delas ao mesmo tempo no seu país. Isso não significa que as moedas perderam seu valor por causa da inflação, que não existiu. Porém, significa que sua existência se tornou inviável na Argentina, pois eles conseguiram provar da pior maneira que não adianta ter duas moedas fortes em um país de economia débil. O maior sinal disso são as dezenas de moedas que já foram criadas pelas províncias desde o aprofundamento da crise por lá. O que as províncias fizeram foi tentar resgatar sua relativa soberania através de um esforço torto de controlar o câmbio, imprimindo um instrumento de troca local para não ficarem mais inadimplentes do que já estavam.

A questão é que não existe mais solução inócua. É como um câncer que quando é extirpado no início, pode ser curado sem muito trauma. Se o deixarmos crescer, só é possível retirá-lo com extensas cirurgias e mesmo assim, muitas vezes não dá mais para curar. A Argentina alimentou seu câncer acabando com sua soberania cambial. Sujeitou-se às decisões cambiais de um país que não está acostumado a solucionar seus problemas de forma parcimoniosa e astuta, mas sim com força bruta e uma montoeira de dinheiro, ou seja, os EUA. Quem trabalha em uma multinacional americana sabe o quanto se gasta de recursos para resolver um problema simples que nós brasileiros resolveríamos com barbante e lata usada (os Russos também, veja o último parágrafo com título “Simples” do Estadão de 3 de dezembro clicando aqui). Não estou dizendo que é certo agirmos assim, mas certamente é mais artístico e econômico. Se usássemos bem nosso dinheiro, teríamos uma tecnologia invejável.

Agora, como toda massa falida, los ermanos estão à mercê dos oportunistas e aproveitadores, sejam eles os próprios políticos locais ou os países interessados em “ajudar” (mui amigos). A coisa é tão absurda, que ninguém quis assumir o governo, só aquele que nunca esperaria ser presidente e que deve estar achando tudo uma brincadeira divertidíssima. Resolveram criar uma moeda populista para levantar o moral do povo e fazê-lo acreditar que ainda é o povo mais europeu da América do Sul, afinal, a única coisa que a Argentina ainda tem é seu status hipócrita. Enquanto isso, as reais forças políticas se organizam e aproveitam o espólio para alavancar seus planos.

Na minha opinião, a solução para a Argentina é deixar de acreditar que é um país europeu e se lembrar que está na parte fraca das Américas. Como todo fraco, tem que encontrar pares em condições parecidas para reivindicar sua posição no mundo. O difícil vai ser superar o tradicional orgulho argentino.

quarta-feira, dezembro 26, 2001

Não Há Mágicas em Economia

Economia é a arte de saber subtrair para que o resultado seja positivo. O melhor e mais usado exemplo disso é a economia doméstica. Para viver, você precisa fazer com que seus ganhos sejam pelo menos iguais a seus gastos. Se eles forem maiores, você melhora de vida, se forem menores, você vai a bancarrota. Não fosse a especulação, poderíamos relacionar seus ganhos com aquilo que você produz. Quanto mais você produz, maior seu ganho.

É mais ou menos isso que nossos governantes precisariam fazer, gastar menos do que arrecadam e fazer com que o país produza mais. Foi exatamente isso que a Argentina não fez. Não importa o tipo de economia que você tem, com inflação, sem inflação, com moeda forte ou fraca, se você gastar mais do que arrecada, você quebra. Em uma economia com inflação, dentre outros erros, o governo imprime dinheiro para financiar seu déficit. Como o dinheiro representa a quantidade de bens que você possui ou produz, se você imprime mais dinheiro, cada unidade monetária (R$ 1,00 por exemplo) tem um valor relativo menor, fazendo com que os preços aumentem para equilibrar essa diferença. Nesse caso, quem perde é aquele que tem dinheiro em espécie na mão, ou seja, em geral os mais pobres. Sem inflação, como o governo não imprime dinheiro, então ele tem que financiar seu déficit tomando dinheiro de alguém, com impostos ou com juros altos, por exemplo. Nesse caso, precisa-se ter um bom esquema fiscal para que todos paguem, senão alguns serão mais penalizados do que outros, normalmente os mais pobres (isso lembra um país cujo nome começa com B, não é verdade?).

Nós só estamos tendo um superávit porque o governo está sendo recordista em cobrança de impostos, nunca se arrecadou tanto nesse país. Se não fosse isso, estaríamos na mesma situação da Argentina. Isso não significa que não estamos indo na mesma direção, apenas que estamos conseguindo evitar ou talvez adiar nosso infortúnio. 2% de crescimento pode significar que estamos diminuindo nossa economia, pois esse é um número absoluto. Se relacionarmos o crescimento do PIB com o crescimento da população, podemos perceber que a população cresceu mais do que a capacidade do país em gerar riqueza. Nesse caso, estamos empobrecendo.

Não há mágicas em economia. Como disse acima, o erro da Argentina não foi dolarizar ou deixar de desvalorizar o peso, eles não fizeram o básico que era gastar menos do que arrecadavam. E o custo maior não era tentar manter um alto padrão de vida em um país pobre, mas sim financiar a corrupção com dinheiro alheio. Alguém tem dúvidas de que estamos indo pelo mesmo caminho?

Estou tentando imaginar um meio de fazer minha parte para evitar isso, mas está difícil. Aceito sugestões.

Agora Estão Dizendo que o Bin Laden Morreu do Pulmão

Conheço uma pessoa que trabalhou intensamente com os Árabes na área de comércio exterior durante alguns anos. Essa pessoa estudou bastante aquela cultura, pois sem esse conhecimento, é muito difícil conseguir êxito mesmo no relacionamento informal. A questão é que os Árabes são um povo muitíssimo emocional e com normas de conduta muito tradicionais e rígidas. A cultura deles é muito diferente e possui detalhes muito particulares. A novelinha da Globo não chega nem perto do que é a realidade deles, é apenas um romance como aqueles do cinema americano de meados do século 20, onde a realidade é distorcida em prol da estória. É a tal da licença poética.

Segundo esse estudioso da cultura Árabe, as relações familiares são muito fortes, mesmo que elas não sejam consangüíneas. No caso do Bin Laden, ele é casado com uma filha de um importante membro do Taleban e quando isso acontece, as famílias selam um pacto de fidelidade mútua, independente do que possa acontecer. Para que esse pacto seja quebrado, deve haver um motivo muito forte de forma que a pessoa seja banida do grupo individualmente, como aconteceu com Bin Laden na Arábia Saudita. Mesmo assim, ainda haverá o respeito à fidelidade familiar para os demais membros. O ponto importante a entender é que essa fidelidade é tão significativa, que se por algum motivo conseguir se consumar um casamento entre filhos de famílias em guerra, essa guerra tem obrigatoriamente que terminar e as famílias têm que se confraternizar, não há alternativa. Além disso, um membro desses grupos nunca poderia trair ao outro, sob pena de morrer ou ser banido.

Estou dizendo tudo isso para que se entenda que nunca um membro do Taleban ou de algum grupo ligado a eles vai entregar o Bin Laden, aconteça o que acontecer. Pode haver uma guerra mundial contra todo o Taleban e todos vão lutar incondicionalmente até a morte para defender seu grupo e não trair seus membros. As facções ligadas ao Teleban também vão dar uma de João-sem-braço e não vão fazer esforço nenhum para entregar o Bin Laden ou membros de sua família. Se observarmos bem, é isso que está acontecendo neste momento. O novo governo do Afeganistão não está interessado em entregar o Bin Laden e todos estão dizendo que ele já morreu.

Na minha opinião, deve estar havendo uma guerra de contra espionagem incrível, onde as informações mais desencontradas de onde está Bin Laden estão sendo difundidas. Ele deve estar vivinho da Silva em algum lugar do mundo, protegido pelos fiéis à família Teleban. E tenham a certeza que essa ofensiva americana e israelense contra o povo daquela região está criando uma bomba relógio que com certeza vai explodir em algum ponto do nosso futuro, quando a terra do Tio Sam se enfraquecer, como todas as grandes potências do mundo que já existiram. A história se repete, junto com seus erros. Não acreditem que os EUA serão eternos, nunca nenhuma potência da história o foi. Eles vão cair sim um dia e todo ódio que eles geraram vai cair sobre eles. O que eles precisam é de vibrações positivas para que seus líderes entendam os erros que estão cometendo.

quinta-feira, dezembro 20, 2001

Fraternidade é Possível

É interessante como as perspectivas mudam no período do Natal. As pessoas ficam mais preocupadas em se mostrar fraternas, fazem planos para o ano novo e rezam por um mundo melhor. Se olharmos o jornal, e tirarmos as perturbações na casa de los ermanos vizinhos, o que vemos são coisas como forças de paz da ONU, redução de preços dos combustíveis, promulgação da emenda da restrição da imunidade parlamentar, superávit da balança comercial, Ronaldinho fazendo gols, Fraga dizendo que as coisas estão melhores, sem contar as bundas, peitos, peladas e etc. (bem... exploração do corpo pode não ser lá muito fraterno, mas algumas são muito bonitas).

Se pensarmos bem, isso é mais um indício da manipulação que ocorre na imprensa, pois não acredito que o mundo tenha ficado diferente. De qualquer forma, é um indício também de que otimismo ou pessimismo é apenas uma questão de ponto de vista. Se os controladores das informações quisessem, poderíamos ser bombardeados com notícias positivas todos os dias e, certamente, isso nos faria mais otimistas e mentalmente mais preparados para sermos construtivos.

Somos o que pensamos que somos. Se pensarmos que podemos ser mais fraternos e cooperativos, certamente nossa sociedade o será. Se pensarmos que nosso país pode ser mais equilibrado, podemos criar as condições para que isso aconteça. Cada célula do seu corpo “pensa” que pode sustentar a sua vida e faz o pequeno esforço otimista individual para que isso aconteça. Você está vivo porque a grande maioria da suas células “acredita” nisso e trabalha por isso.

O triste é ver que o ser humano quer mesmo são as paixões, a adrenalina, pois fraternidade e otimismo parecem coisas sem graça, muito serenas e sem emoção. Além disso, é mais fácil manipular aquele que está sob estresse e com medo, pois quem está calmo, pode estar consciente e pensando (“esperto” no popular).

De qual lado você prefere estar? Apesar de criticar a doidado tudo que eu posso nessa coluna, meu objetivo é conscientizar e tentar ajudar você a acreditar que a fraternidade realmente é possível. Minha crítica é o espelho do meu otimismo, por mais paradoxal que isso possa parecer.

quarta-feira, dezembro 19, 2001

E Agora, Sr. Preconceito?

Vampiro Brasileiro. Esse foi o apelido dado por José Simão ao José Serra no Monkey News. Aliás, Simão e Paulo Henrique Amorim estão impagáveis no último Monkey News do ano. Mais do que uma gozação, isso denota a “simpatia carismática fenomenal” do candidato do governo para presidência. Não adianta, tem gente que não nasceu para brilhar nem com curso de oratória (veja o exemplo do Suplicy). Serra deve fazer parte do espólio de Mário Covas, a maior perda do governo dos últimos tempos. E como a maioria dos herdeiros, não sabe como usar o que recebeu.

Mas isso não é o que acontece com a Roseana Sarney. Mesmo levando em conta o desastroso mandato de José Sarney, ela está se mostrando um fenômeno de mídia comparável ao Collor, se não for melhor. Ela tem preocupado até o Lula, eterno defunto de praia. Roseana foi a grande cartada do PFL sobre o PSDB. Muito embora ambas as forças políticas sejam farinha do mesmo saco, é óbvio que há a fogueira das vaidades entre elas para ver quem é a melhor.

Como Collor, Roseana representa o anseio popular da mudança, encarnada no papel da mãe. Presente até no nosso hino, a imagem da mãe gentil resgata o símbolo de proteção incrustado no inconsciente coletivo de nosso país, o país da Virgem Maria, da Iemanjá, da Mãe Menininha e tantas outras. Como competir com a mãe em um país onde as pessoas não sabem mais a quem recorrer, tamanha a injustiça social?

Não estou dizendo que ela vai ser boa ou má governante. De fato, não sei dizer, pois não conheço verdadeiramente as qualidades profissionais dela. Sou muito simpático a idéia de ter uma “presidenta”, mas para falar a verdade, eu preferiria alguém da região sul-sudeste, pois tenho péssimas lembranças dos últimos presidentes que vieram lá de cima. O pessoal de baixo tem mais experiência em lidar com economia, talvez porque tenha mais a perder. Mas isso pode ser preconceito, o mesmo preconceito que pode impedir Roseana de chegar ao cargo máximo. Como o tradicional machismo latino poderá permitir ser liderado por uma mulher? Será que o anseio de não perder o poder fará com que a situação supere seus limites? É uma escolha difícil para os donos do poder, suportar o barbudo que aprendeu a falar a pouco tempo ou se sujeitar a ser governado por uma mulher.

Duvido que eles suportem qualquer dos dois, é muita hipocrisia mesmo para um orgulho tão egoísta. Mais provável que eles dêem um jeito de aproveitar o fenômeno Roseana para eleger outra pessoa, colocando ela como vice-presidente, por exemplo. E então, o país continuará órfão de pai e mãe.

segunda-feira, dezembro 17, 2001

O Que É Ruim Não Dura Muito, Repete-se Muito

Graças ao bom Deus, mais um dos espetáculos do mau gosto e da ridicularia acabou. Mas não fique tão contente, pois vem aí o Big Brother, Casa dos Artistas 2, No Limite 15 e outras barbaridades que vêm coroar a busca inescrupulosa de audiência da TV mundial e, por reflexo, da TV brasileira. Parabéns para os organizadores, pois eles se superaram. Para que aquilo que eles chamam de programação chegue a ficar completamente deplorável, o nível ainda tem que melhorar muito.

Temos que concordar que houve uma evolução. Desde a época dos gladiadores e da cova dos leões, a noção de divertimento pelo menos começou a respeitar um pouco (bem pouquinho) os direitos humanos. Bem... pelo menos em algumas partes do mundo, especialmente naquelas onde não há fundamentalistas, palestinos, afegãos ou povos parecidos. Nesses lugares, o povo faz parte de um reality show que bem poderia ter o nome de “Além do Limite”, “Casa dos Masoquistas” ou “Big Target”. Os patrocinadores desses eventos deleitam-se, deliram, ficam extasiados em mostrar para o mundo todo como estão fazendo um bem para a humanidade, interferindo na cultura e nos costumes de outros povos, destruindo o pouco que têm e tentando mostrar como a raça deles é inferior à do mundo supostamente civilizado.

Como nos programas ruins, a barbárie é recorrente. Roma, cruzadas, primeira guerra, segunda guerra, Vietnam, Bósnia, Iraque, Palestina, etc., etc., etc. Estamos à beira de uma terceira guerra e os erros continuam os mesmos. Aliás, estão melhores, são erros mais profissionais e aperfeiçoados, erros com qualidade total. Tudo isso regado ao fabuloso controle da imprensa, que hoje esqueceu de tudo o mais, apenas para retumbar quem ganhou na Casa dos Artistas e no futebol. Afinal, isso é muito mais importante do que mostrar quantas pessoas estão morrendo por causa de interesses particulares relacionados com o poder e o ódio.

A pior censura é aquela travestida de liberalismo e controlada por quem sempre ganha. Assim parece nossa mídia.

sexta-feira, dezembro 14, 2001

Tom & Jerry – A Vida Imitando a Arte

Tenho certeza que a imensa maioria de vocês conhecem o desenho Tom & Jerry, aquele do gato cinza que persegue o ratinho marrom. Nele, Tom faz de tudo, mas não consegue pegar Jerry e, muitas vezes, até terminam o episódio como amiguinhos. Isso acontece, pois se os produtores fizessem com que Tom finalmente deglutisse o Jerry, o desenho não teria mais motivo de existir, o que seria comercialmente desastroso.

É muito difícil não comparar o desenho com a vida real, onde Tom seria George Bush e Jerry seria Bin Landen. O ratinho Bin fez uma tragédia bárbara no queijo do gato Bush, apenas para alimentar sua satânica fome ideológica ou lunática. Bush, por sua vez, aplicou uma descomunal injustiça, apenas para manter o egoístico controle de um mundo que ele acha que é dele. Assim como no desenho, os produtores dessa degradante história da nossa humanidade parecem não ter interesse em achar o tio Bin, que também já foi amiguinho do tio Sam em um dos episódios do passado.

A quem interessa achar Bin Laden? À indústria bélica que financiou a campanha de Bush? Aos chefões da economia mundial, que sempre se beneficiam das guerras? Aos terroristas fanáticos que usarão isso como motivo para destilar seu veneno contra o Ocidente? A Israel que já está usando isso para justificar seus atos bárbaros contra a Palestina? Aos países historicamente antiamericanos como Irã, Iraque e que tais? Ao Paquistão que deve estar levando algum nessa brincadeira? À Rússia que tomou uma piaba no Afeganistão? Ao Taliban que se beneficiou da sua relação com a Al-Qaeda? Aos EUA que criariam um mártir com a morte dele? À OPEP que deve estar vendendo petróleo a rodo?

A triste conclusão é que ninguém que de alguma forma tem influência na estrutura de poder mundial tem interesse que isso acabe antes que seus objetivos tiranos sejam satisfeitos. Para eles, essa guerra veio convenientemente em um bom momento, se é que não patrocinaram-na de alguma forma.

É como diz a música que Lulu Santos canta: “E assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”.

quinta-feira, dezembro 13, 2001

ALCA - Área de Livre Comércio para os Americanos

O tal do Fast Track dos americanos está causando uma certa reação em nossos líderes políticos. Pelas notícias que chegaram por aqui, parece mesmo uma manobra para a criação de uma área de livre comércio que só atende aos interesses americanos. Pode-se dizer que a história mais uma vez se repete, pois no passado, as antigas potências também faziam manobras antiéticas ou ilícitas para se manter no poder. Isso também acontece em menor escala nas classes sociais mais abastadas ou empresas poderosas. É a velha história do microcosmo e macrocosmo. Cada célula do todo é um exemplo em miniatura do todo.

O que tem sido uma grata surpresa é o comportamento dos nossos líderes da área de comércio exterior. Mesmo antes da maravilhosa (e óbvia também) conclusão do governo de “exportar ou morrer”, nossa postura no comércio externo tem sido razoavelmente agressiva, de forma a exigir um espaço no mundo. Da história que eu conheço, nunca tinha visto esse tipo de atuação antes. Mesmo na época do “Exportar é o que Importa”, nossa política não era tão brigadora.

Isso pode ser conseqüência da alteração na estrutura de poder que parece estar acontecendo meio que veladamente em nosso país. Hoje, a bolsa de valores parece estar atrelada ao movimento das empresas de telecomunicações, cujo controle atual é eminentemente europeu. Além disso, nosso setor bancário também parece invadido pelo velho mundo. Se isso vai ser bom ou ruim, só o futuro poderá mostrar, mas se remontarmos o passado, a Europa não pode ser considerada um exemplo de bons samaritanos e também tem muitas reservas contra produtos estrangeiros, especialmente os do terceiro mundo.

De qualquer forma, o Brasil é a pérola da América do Sul e qualquer negociação comercial nesta região só interessa se incluir o Brasil. O que temos que conseguir é que esses exploradores deixem de pensar que nós continuamos sendo uma colônia disfarçada. Se nossos líderes forem espertos, poderemos nos aproveitar desse embate de interesses entre União Européia e Estados Unidos.

Nosso problema é que ano que vem é ano de eleição. O passado mostra que o superávit prévio às eleições tem sido consumido para garantir a permanência no poder. Como não temos muito mais o que privatizar, esse ímpeto às exportações pode ter sido uma das alternativas para reforçar o caixa que conduzirá o pleito. Depois de conquistados os objetivos, voltaremos a ser uma colônia regida pelas vontades dos colonizadores.

Tudo bem, tudo bem. Desta vez vou fazer um esforço para acreditar na boa intenção do governo. Afinal, nossa política comercial externa parece ser a única que faz sentido nesse mundo de aparências, ou seja, nesse caso o governo parece estar trabalhando direitinho.

quarta-feira, dezembro 12, 2001

Demonarquia

Estou tentando me lembrar quanto tempo faz desde a última derrota importante de uma proposta do governo no Congresso Nacional. Honestamente, não me lembro. O máximo que consigo lembrar são situações onde o governo estava em desvantagem, mas logo em seguida, fez alguma manobra para atrasar as votações e, como que por encanto, na segunda tentativa a proposta do governo foi aprovada. Isso sem considerar a “ajuda divina” que provoca falhas nos painéis de votação, catástrofes naturais, ou mesmo acidentes que provocam comoção nacional e desviam a atenção do público para assuntos editorial e comercialmente mais interessantes.

Democracia interessante essa a nossa, não é verdade? Vota-se para representantes que usualmente acatam as decisões do governo, com alguma discussão, é fato, mas com uma boa dose de complacência. Esse deve ser o estilo brasileiro de democracia, que poderíamos chamar também de demonarquia, sem nenhuma perda de significado.

Mas talvez eu esteja sendo injusto, afinal, nossos governantes podem ser excelentes administradores e/ou estadistas. Devemos mesmo acreditar que uma pessoa pode viver com R$ 200,00 por mês, ou mesmo que houve apenas 17,5% de inflação nos últimos 6 anos. Aliás, deve ter sido menos, pois o governo vai ter prejuízo atualizando a tabela do IR. José Simão pode ter exagerado quando disse que a nova lei trabalhista seria a revogação da Lei Áurea.

O que mais me intriga é quanto o governo gasta com a manutenção dessa demonarquia. Quanto será que custa para o país todo esse jogo de influências. Jogo talvez não seja a melhor palavra. Que tal tráfico? Muito forte, pode ser taxado de acusação sem provas. Pior, acusação sem inquérito, que dificilmente acontecerá para os casos em que o governo esteja vencendo e o Congresso ganhando.

terça-feira, dezembro 11, 2001

O Engodo da Qualidade Total

A pouco mais de uma década, a febre da qualidade total invadia nosso país. Com ela, uma série de empresas despendeu uma boa quantidade de dinheiro para se adequar a padrões de qualidade. Outras tantas criaram um teatrinho para conseguir seus certificados, convertendo apenas parte das operações para o padrão ISO. Não posso afirmar, mas não me surpreenderia se houvesse muitas que compraram o tal certificado.

Em contrapartida, era esperado que a qualidade dos produtos subisse. De fato, alguns melhoraram, mas o senso comum continua sendo que produtos antigos eram muito melhores, mais robustos e que os atuais são descartáveis.

Minha opinião é que os produtos e serviços em geral se moldaram a um esquema de qualidade de fachada extremamente pernicioso. Deixe-me explicar o que quero dizer com isso. Vamos começar por um dos conceitos básicos da qualidade total: “exceder as expectativas do cliente”. Para conseguirmos satisfazer as expectativas do cliente, precisamos conhecer essas expectativas, sendo que muitas vezes nem mesmo o cliente sabe quais são elas. Quando o cliente sabe, a maior parte das vezes o fornecedor não consegue satisfazê-las a um custo competitivo. Aí entra a armação para “exceder as expectativas”, ou seja, deve-se “ajustar as expectativas do cliente”. Em tese, se não é viável atender ao cliente, deve-se mostrar o que é possível fazer e dizer para o cliente que se ele quiser o que é possível, então ele será atendido. Normalmente, as empresas apresentam ao cliente um possível menor do que elas podem entregar, então, como o cliente passou a esperar menos, é possível exceder as novas expectativas do cliente e, conseqüentemente, atingir a qualidade total. Resumindo, qualidade total é convencer o cliente de que ele não precisa do que ele quer, mas sim, do que o fornecedor pode oferecer a um custo vantajoso para si mesmo.

É mais fácil ainda no caso dos produtos, pois como o cliente não sabe como eles funcionam, ele espera apenas coisas palpáveis ao seu restrito conhecimento, que normalmente são apenas recursos aparentes e de preço baixo. Com isso, os produtos são maquiados como uma isca que espera o peixe. São construídos de forma a durarem um tempo determinado e após esse período, é melhor jogar fora e comprar outro, pois quando quebram, não há conserto que valha a pena, e quando ficam obsoletos, muitas vezes deixam de funcionar da mesma forma como funcionavam antes. Isso sem considerar que muitos dos itens responsáveis pela quebra ou obsolescência são dispensáveis. Tudo isso apoiado por uma boa estratégia de marketing, a droga mais viciante do processo, pois faz com que você tenha a necessidade quase irresistível de trocar um produto por outro mais moderno em um tempo muito curto.

Com isso, nossa sociedade continua se comportando de forma menos evoluída que a dos índios, pois eles têm uma cultura conservacionista, e nós, uma cultura extrativista, que exauri os recursos de nosso planeta, além de forçar as pessoas a trabalharem de forma absolutamente controlada e inconscientemente subjugada.

Pode-se dizer que a economia é movida por esse tipo de cultura e quando essa mesma economia demonstra algum desequilíbrio nessa estrutura, alguns optam pela guerra, que é a melhor fonte de consumo e pesquisa que existe para o estabilishment, pois armas custam caro e podem ser consumidas aos montes, e novas tecnologias para o consumo podem ser criadas sem regras éticas que atrasem seu desenvolvimento.

Sem querer pintar um futuro mais negro do que já é, daqui a pouco, vamos ver órgãos humanos com esse conceito de qualidade sendo vendidos em alguma lojinha na esquina de casa.

quinta-feira, dezembro 06, 2001

E eles ainda dizem que eles que vão ter prejuízo...

Ontem, nosso valoroso presidente afirmou que aceita discutir a correção da tabela do IR, mas desde que o governo não tenha prejuízo. Ele veio com uma proposta absurda de reajustar somente metade dos 35,3% e ainda de parcelar a restituição.

Comentar esse tema chega a ser dispensável, tamanha a falta de sensibilidade, mas o desrespeito vem mesmo com a palavra “prejuízo”, normalmente utilizada para empresas com fins lucrativos. Por acaso o governo é uma empresa com fins lucrativos? Para mim, isso foi uma traição do subconsciente do presidente, que entre os seus acessores deve tratar o governo como tal.

Se pensarmos assim, não somos contribuintes e sim clientes, no nosso caso, clientes compulsórios. Clientes do que? Antes do governo vender seu patrimônio, éramos clientes das empresas de telecomunicações, energia elétrica, estradas, serviços sociais, etc. Mas éramos clientes burros, pois além de pagarmos uma fábula em impostos, ainda pagávamos tarifas de luz, pedágios, comprávamos linha telefônica (o bem mais estranho e esotérico que eu já vi), planos de saúde, etc. Pensando bem, devia ser verdade, pois agora que tudo foi vendido, pagamos muito mais por tudo isso. Talvez pagamos menos na telefonia. Será? Quanto você gasta com celulares hoje, mesmo em sua conta de telefone fixo? Qual o país que teve o maior crescimento no parque de celulares? De qualquer forma, a antiga Telebrás era tão lucrativa, que mesmo depois das suas componentes baixarem as tarifas, ainda pagamos quase o dobro que nos países desenvolvidos.

Bem... tem os serviços sociais, como saúde, previdência, segurança e educação. Deixe-me pensar... Saúde: acho melhor não comentar sobre isso. Previdência: não é importante, nem penso em me aposentar. Segurança: não tem problema, é só não andar com cheques, carros novos ou cartões de banco. Educação: só porque fomos um dos últimos colocados no teste internacional, isso não quer dizer que a coisa está tão ruim. Basta conseguirmos acabar com a repetência, segundo nosso inteligentíssimo ministro da educação.

Pensando bem, continuo sendo um cliente burro. Acho que vou mudar de fornecedor. Alguém conhece algum governo bom para que eu possa contratar?

Espero que seja verdade

Ontem, nossos governantes aparentemente tiveram um lampejo impetuoso em promover a justiça. Aprovaram no congresso quase que por unanimidade a lei que limita a imunidade parlamentar. Pelo que vi, não deverá haver rejeições no Senado e a lei deve ser aprovada definitivamente sem problemas.

O que surpreende é a unanimidade, mas não posso me furtar a questionar se as intenções dos nossos governantes são realmente as melhores, mas, de qualquer forma, será lei e poderá ser utilizada para coibir a bandidagem no congresso.

A questão é saber se a justiça vai realmente fazer cumprir a lei para todos ou somente para aqueles que não estiverem no “esquema”. Talvez aí esteja o pulo do gato dos parlamentares. Afinal, com uma justiça cega, surda, lerda e venal, tanto faz ter ou não imunidade.

terça-feira, dezembro 04, 2001

Você Entendeu Bem a Nova Lei Trabalhista? ...Nem Eu

Após muita controvérsia, hoje foi aprovada na Câmara dos deputados a nova lei trabalhista. Isso ainda não representa uma decisão definitiva, pois a lei terá que passar pelo crivo do Senado. De qualquer forma, mais uma vez, nossa vida está sendo alterada e nós não temos muita consciência do que está realmente acontecendo. Essa questão da flexibilização da CLT é muito controversa e, mesmo após ter lido sobre o assunto e visto diversas entrevistas na televisão, não ficou claro para mim se vai ser bom ou não para o trabalhador. A confusão é tamanha que pessoas da mesma área de atuação não conseguem chegar a um consenso, veja o exemplo de alguns líderes sindicais, uns a favor, outros contra. Já o governo tratou de fazer uma pressão forte para que tudo fosse decidido às pressas e pudesse entrar em vigor ainda no ano que vem, que é ano de eleição.

Essa postura do governo depõe negativamente para a imagem da lei, pois dá a entender que ela vai ser boa para o governo nas próximas eleições, ou seja, os políticos da situação devem auferir votos com os resultados desse novo cenário. Podemos encarar isso de duas formas, ou a lei vai aumentar o nível de emprego, ou vai apenas melhorar os números relacionados com o emprego, o que não é necessariamente o mesmo que aumentar o nível de emprego, mas apenas mexer um pouco na economia informal, aumentando o número de trabalhadores com carteira assinada. Outra possibilidade é haver algum efeito do tipo “bomba-relógio”, ou seja, teríamos um benefício aparente no início do ano que vem, mas que se mostraria ruim para a população no futuro.

Difícil de saber, pois não temos a informação preciosa do que está acontecendo nos bastidores. O fato é que essa pressa toda fez com que um assunto crítico e importante não pudesse ser discutido largamente, até que todos pudessem entender bem do que se trata. Vi várias entrevistas onde pessoas de boa retórica estavam vendendo muito bem a idéia de que não se mudou nada, apenas se deu a opção de negociar os direitos da CLT, mas que eles não estariam perdidos, pois estão na constituição. O que poderia ser negociado é a forma como esses direitos são concedidos. Já outros disseram que essa mudança promoveria distorções que poderiam ser utilizadas para prejudicar o trabalhador, além do que não temos uma tradição sindical forte o suficiente para garantir que não haveria prejuízo para quem não quiser aceitar os supostos acordos (que poderiam ser impostos pelos patrões). Além disso, há diversos direitos que não são garantidos pela constituição, mas sim pela própria CLT, sendo que eles estariam sujeitos aos tais acordos.

Eu tendo a concordar com essa versão da franqueza de nossos sindicatos. Acho que o único sindicato realmente forte que tivemos foi o dos metalúrgicos, mas que hoje já não é mais o mesmo. Aliás, se vocês notarem nos últimos 20 anos, muitas das empresas que antes ficavam no ABC mudaram para outros locais, supostamente por causa da guerra fiscal. Digo supostamente, pois parece que foi muito conveniente para as empresas essa descentralização, pois enfraqueceu os sindicatos da região. Minha opinião é que o governo está se preparando para as eleições e que essa lei não vai ser boa para os trabalhadores no futuro, mas só perceberemos isso depois das eleições. Além disso, acho que vai ser uma brecha para que no futuro sejam revogados direitos trabalhistas conquistados a duras penas ao longo do tempo. O que precisamos é de reforma fiscal, e isso ninguém vota, pois não há interesse nem do governo, nem da oposição, pois esta segunda vê nas pesquisas a possibilidade de ganhar as próximas eleições. Nesse caso, por que votar a reforma fiscal se isso pode diminuir o caixa do governo quando a oposição vier a ser situação?