"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


segunda-feira, setembro 19, 2011

A Física Quântica e a Derrocada do Realismo Materialista (parte 1)

Quantas vezes você já ouviu: “isso é cientificamente comprovado”? Muitos usam essa frase para tentar validar uma crença pessoal, se utilizando de alguma coisa que alguém disse que reproduziu em laboratório. Por outro lado, há também os que dizem: “isso é a palavra de Deus”, sendo que usam essa frase da mesma forma que a turma do “cientificamente comprovado”. Agora eu pergunto: qual é a diferença? Não estou perguntando qual é a diferença entre ciência e religião (ainda), estou perguntando qual é a diferença de intenção e pensamento entre as duas afirmativas. Muito do que se acredita ser cientificamente comprovado é apenas a reprodução de um determinado comportamento de estruturas materiais mensuráveis dentro de laboratórios que estão na crosta terrestre ou, mais recentemente, em um espaço nem tão sideral assim, que está apenas há algumas centenas de quilômetros acima da crosta. Dito isso, cabe aqui mais uma pergunta: quem garante que o que acontece nos laboratórios da terra funciona da mesma forma em laboratórios de um planeta que gire em torno da estrela Sirius? Ou, até mesmo, em Júpiter? De fato, só se pode garantir que o “cientificamente comprovado” funcione aqui na terra, com os elementos da terra, com a psicosfera da terra e tudo mais. Portanto, o “cientificamente comprovado” não passa de um tipo de crença não muito diferente do que é a “palavra de Deus”, talvez apenas um trate do finito e o outro do infinito. Aliás, quando vamos mais a fundo nas bases da ciência formal, vemos que ela não consegue comprovar muitas de suas teorias, apenas formula idéias baseadas em um método científico e espera poder fazer alguma experiência em ambiente controlado para conseguir medir alguma coisa que possa dar validade à tese inicial.

Mas por que eu comecei um artigo que vai falar de física com um discurso que mais parece uma afronta ao método científico? Não é uma afronta, é uma reflexão. Ciência e religião estiveram juntas por muitos milênios e só se separaram no ocidente porque alguém queria direcionar e limitar o pensamento filosófico e científico por conta do seu poderio político. Porém, como esclarece muito bem Eliphas Lévi no clássico “Dogma e Ritual da Alta Magia”, ciência, filosofia e religião formam um tripé indissolúvel para a compreensão da existência em todos os níveis. Até se pode separá-las politicamente, como são separados os poderes de uma república, mas inexoravelmente elas se encontrarão em algum ponto do tempo-espaço, pois são feitas essencialmente da mesma “matéria”. De fato, para ser um tripé, precisam estar unidas no vértice, sendo que, há um grupo de ciências que trabalham com esses três elementos; são as chamadas Ciências Ocultas. E onde as ciências ocultas entram nisso? Apesar de muitos religiosos e cientistas bradarem contra elas, ou dizendo que são artes do demônio, ou que não tem embasamento científico, essas ciências se estruturam conservando a harmonia entre as três hastes do tripé e, certamente por serem conciliadoras, incomodam aqueles que querem manter o poder sobre o conhecimento ou sobre algum aspecto da existência político-social das massas.

A boa notícia é que a física quântica colocou a ciência formal em uma tremenda “saia justa”, pois está chegando à conclusões desconcertantes, que fazem a ciência se aproximar de diversos conceitos filosóficos e religiosos. Amit Goswami, eminente físico indiano, chega até a propor em seu livro “O Universo Autoconsciente” que, depois das proposições da física quântica, a ciência se encontra em um momento de ruptura de antigos paradigmas, que não tem mais como sustentar os postulados materialistas e que só pode encontrar soluções para seus dogmatismos se aceitar que a grande maioria dos preceitos filosóficos e esotéricos estão bem fundamentados. De fato, isso já é praticado pelas ciências ocultas e as escolas de mistério há milênios, portanto, eu não vou dizer que tendo a concordar com Amit porque eu já concordo com ele desde que iniciei meus estudos esotéricos e científicos na década de 1980.

Um detalhe que não posso deixar de informar é que não dá para discorrer sobre um assunto tão polêmico em um único artigo, portanto, da mesma forma que a série de artigos “Uma Questão de Tempo”, esse assunto vai ser quebrado em alguns posts. Vamos começar pelo básico e nesse primeiro artigo vou apresentar os postulados do Realismo Materialista. De fato, as bases da física antiga se deram por diversos pensadores, notadamente os gregos e depois os europeus, fazendo com que todos esses conhecimentos acabassem reforçando os fundamentos do período chamado de Iluminismo, sendo que, um nome em especial formulou os princípios do método científico ocidental. Essa personalidade, René Descartes, propôs a filosofia dualista, onde a parte subjetiva mental seria domínio da religião e a parte objetiva material seria domínio da ciência. Veja que a humanidade estava saindo das trevas da idade média e dos tribunais da inquisição, com suas atrocidades aplicadas a vários cientistas, tidos como servidores do demônio, portanto, era natural que, em um momento de retomada da racionalidade filosófica, os pensadores buscassem um meio político para acabar com o conflito entre eles e a igreja, de forma a poderem desenvolver suas teorias sem que tivessem que se exilar ou se contradizer para não serem mortos ou presos. Entretanto, essa noção de que a separação era mais diplomática que real se perdeu com o tempo e ambas as partes continuaram em conflito, menos sangrento, é fato, mas que propiciou que o tal do método científico virasse um tipo de lei para os cientistas da atualidade. Não posso deixar de perguntar aqui por que o método científico seria melhor ou mais verdadeiro que o método religioso? Não há fundamentação imparcial que possa afirmar que algum dos dois métodos seja melhor. Quando falo imparcial, quero dizer que não dá para usar nenhuma das formulações feitas em um desses métodos para julgar o outro, simplesmente porque essas formulações são feitas para reforçar seu próprio método original, portanto, extremamente parciais. Eliphas Lévi afirma que a filosofia seria a ponte para a conciliação entre ciência e religião, porém, cabe aqui lembrar que Eliphas era um taumaturgo, ou seja, um cientista das artes ocultas, então, precisamos nos questionar que tipo de filosofia ele estava falando, considerando suas práticas, sua formação e a época em que produziu seus escritos. Na minha opinião, ele falava das ciências ocultas e esotéricas e não da filosofia clássica ensinada nas nossas universidades, pois, no mundo ocidental, elas já estão por demais contaminadas pelo método científico.

Voltando aos postulados do Realismo Materialista, segue abaixo uma explicação simplória de cada um deles para referência. Estes 5 conceitos foram retirados do livro “O Universo Autoconsciente” de Amit Goswami. Não vou detalhar muito, pois mais informações podem ser obtidas na internet.

Postulados do Realismo Materialista:

1- Princípio da Objetividade Forte: segundo Goswami, Descartes teria se baseado em Aristóteles para formular esse conceito, mas, para mim, parece-me claro que era um postulado muito conveniente para o tácito “acordo político” entre os cientistas e o clero. Basicamente, esse axioma propõe que os “objetos são independentes e separados da mente (ou consciência)” - excerto do livro citado acima.

2- Princípio do Determinismo Causal: também do livro citado acima, temos o excerto que explica esse princípio como sendo “a idéia de que todo movimento pode ser exatamente previsto, dadas as leis do movimento e as condições iniciais em que se encontravam os objetos (onde estão e com que velocidade se deslocam).” Esse conceito, proposto inicialmente por Newton, está calcado na mecânica clássica, onde o mundo seria uma máquina composta por sistemas mecânicos que interagem entre si.

3- Princípio da Localidade: derivado da teoria da relatividade de Einstein, que formulou o conceito do espaço-tempo e o limite da velocidade da luz, esse postulado diz que “todas as influências entre objetos materiais que se fazem sentir no espaço-tempo devem ser locais: eles têm que viajar através do espaço um pouco de cada vez, com uma velocidade finita” - excerto do livro citado acima.

4- Princípio do Monismo Materialista: como resultado do esforço dos cientistas em gerar tecnologia através da ciência, ou seja, de conseguir controlar e prever efeitos materiais, a ciência materialista adquiriu aos poucos uma força política que a permitiu ir a forra da religião e novamente questioná-la, agora sem medo do cárcere ou da fogueira dos bruxos. Neste momento, eles questionaram o dualismo proposto por Descartes e postularam que “todas as coisas são feitas de matéria (e de generalizações da matéria, como energia e campos de força). Nosso mundo é material, de cima a baixo” - outro excerto do livro de Goswami.

5- Princípio do Epifenomenalismo: esse conceito já me parece uma “viagem na maionese” científica, pois, como não se sabe como conseguir usar a matéria para gerar consciência, então, para reforçar os propósitos da ciência materialista, era necessário seguir um norte (mesmo que seja para o sul) para direcionar as pesquisas e conseguir os recursos para tal. Esse princípio diz que “todos os fenômenos mentais podem ser explicados como sendo epifenômenos, ou seja, fenômenos secundários, da matéria, através de uma redução apropriada a condições físicas prévias. A idéia básica é que o que denominamos de consciência constitui simplesmente uma propriedade (ou grupo de propriedades) do cérebro” - por hora, último excerto do nosso amigo Goswami. Veja que esse princípio contradiz o primeiro, uma vez que ele não separa mais a consciência da matéria.

É notável que nossa educação esteja tão impregnada de Realismo Materialista que todos os cinco princípios acima nos pareçam muito familiares e lógicos. Certamente, muitos de vocês devem ter questionado meus comentários por vezes irônicos sobre eles. De fato, sou irônico em relação à idéia de que há alguma coisa mais certa que outra. Eu entendo a programação mental que nos faz achá-los familiares; foi feita com nossos pais, avós e praticamente todos os que nos ensinaram desde o jardim da infância, então, é lógico que se tornaram crenças que nem sabemos direito de onde vêm. Porém, são exatamente isso, apenas crenças. Digo isso, pois vamos ver mais adiante, nos próximos artigos, como a física quântica “detonou” cada um desses princípios, postulando outros que voltam a aproximar ciência da religião de forma irreversível, deixando os cientistas materialistas sem argumentos para sustentar suas teses. O curioso disso tudo é que esses mesmos cientistas que afrontaram a religião se viram tão perplexos que sua defesa à mecânica clássica ficou mais parecendo uma homilia eclesiástica impregnada de crenças, que agora são fundamentadas unicamente na história ocidental da ciência e não mais no resultado das experimentações laboratoriais, que hoje apontam para uma reconciliação filosófica entre ciência e religião. Por sorte, os maiores cientistas da história tinham grande fé em Deus e Sua criação, sendo que a quase totalidade deles foram integrados aos quadros das escolas de mistério e fraternidades secretas, mesmo que muitos teóricos da atualidade queiram obscurecer essa particularidade da vida das grandes mentes. Entretanto, várias citações desses grandes cientistas revelam sua devoção pelo Deus de seus corações, desta forma, gostaria de encerrar esse primeiro artigo com uma frase de Albert Einsten, muito pertinente ao tema em questão:

“Ciência sem religião é manca. Religião sem ciência é cega.”

Deus abençoe a todos!

domingo, setembro 11, 2011

O Anjo da Provação

Recentemente, eu postei um comentário em uma rede social que dizia “Nosso Salvador é Jesus, mas nosso Libertador é Lúcifer.” Ninguém comentou nada, talvez porque não tenham entendido, talvez porque não estão nem aí para a cocada mesmo, talvez porque tenham tido medo, afinal, quando se fala de Lúcifer, muitos acreditam que estamos acalentando o demônio e, por conta do que aprenderam erroneamente, julgam rapidamente antes de refletir sobre a questão. O fato é que as pessoas são programadas desde criança com informações mal interpretadas, propositalmente ou não, pois a maioria das religiões ou estruturas de poder quer mesmo é controlar as pessoas pelo medo, o que acaba perpetuando idéias que não ajudam em nada o desenvolvimento espiritual. Um verdadeiro buscador da Luz deve adotar a máxima de Adhemar Ramos: “Não acredite em nada do que eu falo, mas não duvide de nada do que eu falo.”, ou seja, em vez de dar crédito a qualquer coisa que se ouve por aí, questione, pesquise e conclua por si só, pois aquele que fala pode ou estar iludido, ou estar submetido a alguma organização interessada em estabelecer crenças para controlar as pessoas, não necessariamente de forma maliciosa, mas que, de fato, acabam cerceando nosso livre arbítrio. Isso vale inclusive para o que você está lendo agora.

Lúcifer é um ser mitológico muito pouco citado na Bíblia e, aonde é citado, não é tido claramente como demônio. De fato, deram uma tremenda má fama para ele por terem atribuído seu nome a várias confusões de interpretação dos textos bíblicos, como em Jó, quando se menciona os excessos de um rei da Babilônia, ou em Ezequiel, quando o associam a um anjo caído, seja lá o que isso represente verdadeiramente. De qualquer forma, se é um anjo, não é diabo e, mesmo que tenha se perdido, seria só mais um irmão imerso em um mundo de ilusões, da mesma forma que nós. Lúcifer é um nome oriundo do Latim que significa “portador de luz”; também é associado à estrela D’Alva, ou seja, o planeta Vênus que, na mitologia, é a deusa do amor. Pela possibilidade de estar ligado ao erotismo ou à sexualidade, uma vez que Vênus também tem essa conotação, isso por si só já pode ter suscitado uma visão preconceituosa do clero, pois, como sabemos, o clero em geral confunde o amor erótico com pecado por conta dos seus recalques religiosos. Veja também que, no Apocalipse, o próprio Cristo identifica a si mesmo como a Estrela da Manhã, ou seja, o mesmo Vênus que é associado a Lúcifer, sendo que eu já vi interpretações em algumas linhas de pensamento de que a ascensão de Cristo está diretamente ligada ao resgate de Lúcifer, sendo ele, em verdade, a consciência máster de todos os anjos. De fato, essa multiplicidade de conceitos contraditórios não é por acaso e tem sim sua razão de ser, pois, mesmo que seja muito difícil de entender, a Bíblia é tida até hoje como a palavra de Deus e, se Deus assim não quisesse, o livro santo seria outro.

Como vimos, o ponto cabal da questão luciférica é sua associação com o demônio. Primeiramente, devemos deixar claro que a existência do demônio da forma como se prega é uma grande negação do Deus único. Não existe um ser como Deus, mas contrário a Ele, assim como não existe céu e inferno como regiões opostas em algum lugar do universo, independentemente do que seja verdadeiramente o simbolismo disso. A própria física está levando o conceito de Deus a um novo patamar por conta dos paradoxos materialistas que a física quântica consegue resolver com o conceito de consciência única, porém, de qualquer forma, ela apenas soma e aponta para a veracidade da idéia do Deus único. Se Deus é único, o demônio é qualquer coisa menos o oposto de Deus, pois, se ele existisse, estaria subordinado a Deus, dado que Deus é o inominável onipresente, então, também estaria presente no coração do demônio. Por conseqüência, se existe Deus no demônio, seria ele verdadeiramente um demônio? Que existam forças involutivas, podemos até aceitar, mas essas forças nada mais são do que a condensação das vontades desequilibradas que nós mesmos irradiamos ou, talvez, a existência de almas muito primitivas que ainda não teriam alcançado um mínimo de formação moral e ética para conviver harmoniosamente no mundo, em suma, crianças espirituais.

Mas se o demônio não existe, quem é Lúcifer e por que ele tem essa má fama? Começando pelo fim, a má fama dele é por conta da nossa “incrível” capacidade em tecer julgamentos ignorantes ou aceitar julgamentos ignorantes de outras pessoas extremamente parciais. Entretanto, a má fama e a contradição têm a ver com o propósito de Lúcifer. Gostaria de deixar claro que o que se seguirá, mesmo que embasado em estudos filosóficos e teosóficos sobre várias linhas de pensamento, é a minha conclusão sobre o assunto, portanto, não se esqueçam da máxima de Adhemar Ramos exposta acima. Para entender Lúcifer, temos que tentar localizar nossa consciência nos planos superiores, onde não estamos sujeitos à ilusão da individualidade, nem presos na dimensão do espaço-tempo, em outras palavras, estamos em um lugar sem espaço, sem tempo, lendo o pensamento de todos e sentindo o sentimento de todos, em suma, com pouca individualidade. Sim... é muito estranho tentar imaginar isso, pois o Ego não gosta de saber que você conhece esse lugar, então, trata de escondê-lo. De qualquer forma, você sonha e os sonhos estão mais próximos dessa região da consciência do que o Ego  em seu estado de vigília. Saindo um pouco da poesia e indo para a ciência, quando a física quântica fala de consciência única, é exatamente isso que ela quer dizer, ou seja, que a sua consciência primordial, a minha, a do mendigo da esquina, a do político, a do santo, etc. são todas provenientes do mesmo lugar; na verdade são exatamente a mesma consciência divina, portanto, se Cristo disse que estava em nós, Lúcifer também está. Isso é corroborado pelo que citei do Apocalipse acima, ou seja, Cristo e Lúcifer também fazem parte da consciência única. Podemos dizer que, no mundo transcendente que eu pedi para você se imaginar, consciências mais parecem emanações abstratas, como vibrações, conceitos, sentimentos, intenções, etc., do que aquilo que costumamos perceber como o Ego no estado de vigília. Um anjo é um ser que cuida das nossas emanações de virtude, ou até melhor dizendo, eles são a própria virtude e sempre que manifestemos uma determinada virtude, estamos manifestando a consciência angélica daquela virtude. Por isso que os conhecemos como anjo da sabedoria, anjo da ternura, anjo da fé, anjo da liberdade, anjo da força, etc., independentemente dos nomes que são dados a eles que, via de regra, são terminados em “el” (Miguel, Uriel, Samuel, etc.). Apesar de poucos dizerem isso, considerando nosso julgamento limitado sobre o certo e errado, podemos dizer que todo anjo teria seu aspecto positivo e negativo. Eu prefiro simplesmente seguir a linha evolucionista e dizer que toda virtude pode manifestar-se de forma madura e completa em nós, ou pode ainda estar em desenvolvimento, manifestando-se de forma incompleta ou desafinada, podendo até mesmo causar problemas e “erros”, ou seja, defeitos não são erros ou pecados, são apenas virtudes incompletas e imaturas, que ainda precisam de muita lapidação. Aí você vai me dizer que Lúcifer não termina em “el”. Algumas linhas de pensamento afirmam que Lúcifer é a consciência total de todos os anjos ou, para ser mais técnico no termo, a consciência angélica integral que contém todas as emanações angélicas. De fato, não posso afirmar se isso representa a verdade ou não, mas é uma forma interessante de entendê-lo.

Mas por que a má fama e a contradição têm a ver com o propósito de Lúcifer e por que Lúcifer seria nosso Libertador? Porque Lúcifer é o anjo da provação, aquele que vai nos testar até a última gota de sangue, até o último segundo, como fez com Cristo. Como provador, é lógico que ele vai nos expor a todo tipo de tentação para que tenhamos a certeza e confiança que nossas virtudes são fortes o suficiente para voltarmos à casa do Pai. Talvez ele se manifeste como a própria tentação dentro de nós. Essa foi a missão que Deus colocou em Lúcifer, portanto, Lúcifer é um anjo de Deus, subordinado a Deus e cumprindo uma missão divina, que é a provação. Ele vai nos expor à tentação do medo, dos excessos, da dúvida, etc. Principalmente, ele vai se mostrar como nosso pior inimigo para testar nosso Amor. As palavras de Jesus “amai vossos inimigos” nos levam diretamente aos braços de Lúcifer, não como um guerreiro ávido por vingança, mas como um cordeiro esbanjando amor ao seu algoz, da mesma forma que Jesus fez. Isso só pode acontecer se tivermos uma fé inabalável em Deus, seguindo os conselhos de salvação do Cristo Cósmico, afinal ele é o Caminho e a Salvação. E no exato instante em que Lúcifer levantar sua adaga para golpear seu cordeiro, como Abraão fez com Isaque no Monte Moriá, se você estiver pronto, lapidado pela fé em Cristo (ou no Deus de seu coração, se você não for Cristão), imerso no amor incondicional que se entrega em holocausto à própria representação do demônio, o próprio Lúcifer vai lançar-lhe o mais terno e amoroso olhar, dizendo: “Eu te liberto!”, e vai apontar para a porta aberta que homem algum pode fechar, indicando o caminho onde resplandecerá a imagem do Cristo Cósmico, recebendo de braços abertos seu cordeiro no seio do Deus Pai.

Não fuja da prova, nem escarneça Lúcifer; ele é um grande professor. Não tenha medo dele, pelo contrario, você deve amá-lo como Cristo o fez e, principalmente, procure entender que ele nos mostra onde precisamos nos aprimorar. Os ensinamentos de salvação já foram dados por Jesus Cristo, mas a prova libertadora será ministrada por Lúcifer.

Estejam todos nas bênçãos dos anjos!

sábado, setembro 03, 2011

Inércia Orgânica

Já que é a “religião” do último século para muitos que acreditam só na materialidade, vamos voltar um pouco para a ciência formal (que para mim é só mais um tipo de religião, como já citei em artigos anteriores), estudar um pouco sobre a tendência do nosso organismo em ser programado e de como essa programação é gravada. Alguns filmes da atualidade buscam trazer essa discussão à tona, sendo que, uma referência interessante para entender um pouco melhor sobre isso é o título “Quem Somos Nós”.

De acordo com os conhecimentos científicos de hoje, podemos dizer que nosso organismo é um conjunto organizado de seres vivos (células, vírus e bactérias) que interagem prioritariamente através da troca de mensagens químicas ou eletroquímicas. Observando a teoria da informação, quando há comunicação, temos um transmissor, um receptor e um meio de transmissão. Por serem químicos, nossos transmissores trabalham com hormônios, proteínas, aminoácidos, etc., nosso meio de comunicação é a “sopa” sanguínea e linfática, e nossos receptores são captadores químicos nas células, ou seja, proteínas e outros componentes celulares que alojam ou reagem às “informações” químicas. Existem também atividades eletroquímicas, bastante comuns no sistema nervoso, cujo funcionamento é similar, porém, além de componentes químicos, há também a transmissão de sinais nervosos. Os detalhes do funcionamento desses mecanismos são extensos e não caberia aqui esmiuçar muita coisa, até porque, pode-se facilmente encontrar informações na internet, então, vou evitar explicações mais técnicas, citando apenas o geral do que a ciência já conhece.

Uma das características de nosso organismo é a capacidade de memorizar reações eletrobioquímicas e, com isso, abre-se a possibilidade de programarmos seu comportamento. É importante notar que o termo “memorizar” também pode ser entendido como “viciar”, portanto, a linha que separa uma resposta programada de uma resposta viciosa é muito tênue, se é que podemos dizer que existe realmente, dado que, em termos químicos, é tudo a mesma coisa; a rigor, separar vício de memória é apenas uma interpretação psicológica. Essa memorização é feita de algumas formas, sendo uma das primeiras a ter sido descoberta foi a programação dos neurônios, que são células com formato “estrelado”, cujas pontas fazem as interconexões nervosas para transmitir os sinais. Os neurônios se comportam de forma a propiciar a repetição de um determinado padrão, seja pela acomodação na reação a um sinal, seja pela tendência em formar mais interconexões para sinais repetitivos. Exemplificando, um neurônio que receba muitos estímulos vibratórios dentro de uma faixa de freqüências entre X e Y tende a responder apenas a essas freqüências, perdendo “performance” nas outras que pouco acontecem. Além disso, ele desenvolve mais pontas nos seus braços, conectando-se a outros neurônios que também propagam esse tipo de estímulo, ou seja, literalmente, há um desenvolvimento ou movimentação fisiológica para que o estímulo repetitivo seja mais facilmente propagado. Isso é comprovado em uma pesquisa feita com taxistas de Londres, que são tidos como excelentes conhecedores dessa cidade. Nessa pesquisa, eles comparam os cérebros de taxistas novatos com os de taxistas experientes, sendo que uma área do cérebro responsável pela memória de localização era muito maior em tamanho e mais desenvolvida nas pessoas com mais experiência. Além disso, fizeram um acompanhamento do desenvolvimento dos novatos, sendo que, durante seu aprendizado, a mesma área foi pouco a pouco aumentando de tamanho, ou seja, podemos dizer que o cérebro se comportou como um músculo que é exercitado, aumentando sua massa para responder à exigência funcional.

Mais recentemente, descobriu-se que as demais células do organismo também têm esse tipo de comportamento, porém voltado para a acomodação bioquímica. As células possuem captadores químicos que absorvem a “informação” bioquímica enviada pelas glândulas endócrinas, ou outros “transmissores”. Quanto mais hormônios ou determinadas substâncias químicas, como glicose ou vitaminas, mais as células desenvolvem captadores bioquímicos para absorvê-las ou até mesmo para reagir ao excesso dessas substâncias. Por exemplo, na andropausa, a quantidade de testosterona diminui e, por conseqüência, a quantidade de captadores de testosterona também, o que contribui para os efeitos dessa fase da vida do homem, como perda da massa muscular, enrijecimento das artérias e aumento de colesterol. Se houver a reposição de testosterona, em um primeiro momento, há um pico desse hormônio no organismo, pois não há captadores suficientes para absorvê-lo; esse pico vai diminuindo na medida em que os captadores voltam a ser criados pelas células, resultando na melhoria de diversas funções orgânicas masculinas, como a atividade e desenvolvimento muscular, capacidade que aos poucos foi perdida por conta do envelhecimento natural. Note que esse processo é lento, ou seja, pode demorar meses para o resultado começar a aparecer, assim como entrar em forma física exige um bom tempo de exercícios físicos regulares. Podemos dizer que, para modificar uma estrutura celular, é necessário um esforço razoavelmente maior do que para mantê-la em uma determinada situação, ou, em outras palavras, para modificar o resultado de um desenvolvimento fisiológico, é necessário esforço para recriar as conexões neurais ou os captadores químicos, lutando contra o hábito ou a programação orgânica. Esse esforço é tanto maior quanto for a idade do indivíduo, pois o envelhecimento prejudica essa troca bioquímica, produzindo cada vez mais resíduos nas reações químicas (os tais dos radicais livres). Programar o organismo é mais fácil que reprogramar, primeiramente porque as primeiras programações são feitas quando o organismo é jovem e segundo porque já houve um desenvolvimento fisiológico que precisa ser revertido de alguma forma. Usando uma analogia como exemplo, perder massa muscular é bem mais difícil do que os músculos ficarem flácidos, ou seja, o desenvolvimento fisiológico deixa seqüelas que na maioria das vezes são difíceis de reverter.

Até agora, falamos de aspectos bem materiais do tema, mas tanto as substâncias bioquímicas quanto os neurônios influenciam enormemente nossos comportamentos e emoções. De fato, a ciência materialista diria o que o termo “influenciam” deveria ser trocado por “determinam”, mas a física quântica já colocou uma pulga atrás da orelha desse conceito, dado que existe um paradoxo na origem da consciência quando analisada pelos axiomas da ciência materialista; paradoxo esse que pode ser resolvido pelos novos axiomas quânticos, transcendentes por natureza; mas isso é assunto para outro artigo. Voltando ao aspecto subjetivo do tema, a conclusão para qual estamos nos encaminhando é que nossa personalidade, emoções, opiniões, comportamentos e etc. provocam alterações fisiológicas que realimentam a perpetuação deles mesmos, o que leva as pessoas a se chafurdarem em armadilhas psicológicas que são difíceis de serem modificadas, por conta do que eu chamo de Inércia Orgânica, ou seja, essa tendência do organismo de se programar bioquimicamente, desenvolvendo caminhos fisiológicos para perpetuar as mesmas reações eletrobioquímicas. Mudar a direção dessa programação exige um esforço muito maior do que o necessário para manter o “movimento”, ou seja, podemos dizer que temos aqui um comportamento similar ao inercial, onde nossos vícios e opiniões constroem meios para manterem-se no mesmo estado e, para mudá-los, precisamos ter a vontade mais forte do que a inércia orgânica, redefinindo os caminhos e as reações bioquímicas do nosso organismo.

Estão aí as bases para entender porque nós mesmos geramos as enfermidades que sofremos. Tomemos por base que nosso organismo se viciou em uma determinada reação bioquímica que gera um grupo de substâncias e resíduos prejudiciais a alguma parte de nosso corpo. Certamente, essa parte será sobrecarregada e, se esse vício não for revertido, provavelmente ela vai se desgastar ou exaurir e começar a falhar, deixar de funcionar como deveria e, muito provavelmente, gerará um efeito cascata em outras partes do organismo. Seria o envelhecimento o resultado dessas disfunções? A resposta é afirmativa para as doenças, mas, como eu disse no início que eu iria voltar à ciência formal, mesmo que haja fortes indícios, por ela ainda não dá para afirmar com certeza de que a resposta seria afirmativa para o envelhecimento em geral, muito embora, certamente seria para o envelhecimento precoce. E o que controla nosso funcionamento eletrobioquímico? Nosso sistema de consciência holístico, seja ela o consciente objetivo, ou o subjetivo e inconsciente. Tomando por base as teorias atuais da física quântica, a consciência é alguma coisa desconhecida, mas que existe antes da manifestação da matéria, ou seja, seria precursora da matéria ou a causa dela e, de alguma forma, a controla. Em suma, nossa saúde estaria totalmente à mercê de nossos pensamentos, emoções, comportamentos, hábitos, instintos, vícios, virtudes, personalidade, etc. e, principalmente, da nossa vontade.

Na minha opinião, se conseguirmos criar aspectos consciencionais que alimentem um organismo harmônico, regenerador e equilibrado, controlaríamos nossa saúde, longevidade e vigor, sendo necessário pouco esforço para mantê-lo nessas condições devido a tal da inércia orgânica. Tudo dependeria de nossa vontade, porém isso é um pouco mais complexo do que parece, pois ninguém vive isolado no mundo e estamos sujeitos e imersos nos vícios sociais, tendo em vista que a própria humanidade, enquanto organismo global, tem sua inércia orgânica que tende a realimentar suas próprias crenças e vícios, portanto, a força que mantém nossa inércia pode ser muito maior do que pensamos, sendo que mudar o destino de nosso organismo pode exigir um movimento de vontade não só nosso, mas de toda uma comunidade. Isso justificaria comportamentos ou doenças endêmicas? Deixo para o leitor refletir sobre o tema, pois, se eu continuar seguindo por essa linha de pensamento, esse artigo vai acabar virando um livro, afinal, ciência e filosofia geram mais perguntas que respostas, sendo que as respostas viram tecnologia.

Pense nisso e entenda que exercitar virtudes é uma tarefa árdua, mas recompensadora.

Deus abençoe a todos.