"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


sexta-feira, março 22, 2002

Potencial Genético Divino

Comunicar-se é um recurso muito instigante e impreciso dos seres humanos, especialmente quando se trata de textos escritos. Acho que por isso é considerado arte, pois há muitas interpretações para um mesmo conceito e muitas delas se afastam bastante da idéia original. Estou falando isso por conta de alguns comentários que recebi acerca de assuntos abordados aqui no Blugo. Algumas pessoas dizem que aceitar as coisas como elas são é um conformismo. O interessante é que eu não digo aqui que as pessoas devem simplesmente aceitar as coisas, mas sim devem tentar mudá-las mudando a si próprio. Na realidade, as idéias aqui expostas são um tanto diferentes do que é corriqueiramente aceito por aí e, em geral, as pessoas tendem a acreditar na sua cultura como se fosse uma verdade absoluta. Já disse aqui que Einstein mudou completamente a visão do universo em que vivemos, mas nem tudo que ele descobriu é verdade. Outro ponto é que algumas verdades podem mudar, o que nos dá uma pista de que nossas crenças também devem ser flexíveis e precisam evoluir junto com essas verdades. Entretanto, não podemos esquecer de uma máxima da Teosofia, que diz que só há uma verdade absoluta, essa verdade é Deus e esteja certo de que nenhuma religião ou organização conhecida detém posse dessa verdade, mas pode, contudo, ajudar-nos a encontrá-la. São como caminhos que deixamos para trás, ou seja, não podemos ter apego a essa religião ou organização, pois quando estivermos próximos a Deus, devemos abandonada-la, pois já cumpriu seu papel. Jesus não era cristão, nem um judeu típico, nem queria fundar igreja alguma. O mesmo pode-se dizer de Buda. Nem por isso eles deixaram de seguir bons preceitos religiosos universais que existem há milênios.

Vou contar uma historinha antiga, mas que sempre é bom relembrar. Havia uma moça casada recentemente que gostava de fazer berinjelas cosidas. Antes de começar o preparo, ela tirava cerca de cinco centímetros das pontas do legume e jogava no lixo. O marido via isso e não se conformava com o desperdício, até que um dia perguntou porque ela fazia aquilo. A moça respondeu que era assim que ela tinha aprendido com a mãe. Ele não ficou muito satisfeito com a resposta e num dia em que a família estava reunida, ele perguntou para a mãe da moça para saber porque ela tinha ensinado daquela forma. Ela também respondeu que tinha aprendido com a mãe, ou seja, a avó da esposa dele. Então, o rapaz procurou a avó para perguntar o motivo de cortar as pontas da berinjela e ela respondeu que antigamente as caçarolas eram muito pequenas e não comportavam as berinjelas inteiras, era necessário cortar as pontas. Ela ainda disse que agora as coisas tinham mudado e que não precisava desperdiçar mais, pois as panelas haviam aumentado de tamanho. A moral da história é que a crença da anciã havia evoluído, mas a das gerações seguintes continuaram estagnadas, acreditavam em algo que não existia mais. O objetivo, entretanto, era o mesmo, fazer berinjelas.

Você só poderá saber a verdade absoluta quando se reencontrar com Deus. Ao contrário do que muitos pensam, Deus não é intocável, Ele é nosso Pai. Ele está tão próximo a nós quanto um pai pode estar de um filho. Nós nos afastamos Dele a cada vez que o consideramos grandioso e distante no céu. Melhor seria começar o tradicional Pai Nosso com “Pai nosso que estais em nosso coração”.

O que tem isso a ver com o conformismo? Vamos lá, se você é filho de Deus, você tem um potencial “genético” para ser tão deus quanto Deus. Como você prefere ajudar a resolver os problemas do mundo? Matando um, dois, dez ou cem bandidos ou despertando o deus de seu coração e trazendo à terra o reino Dele? Talvez seja mais fácil do que você pensa e com certeza isso não é conformismo, é o mais puro ato de amor.

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