"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quarta-feira, outubro 22, 2003

Fronteiras do Mundo Material

Você já teve a oportunidade de ver uma fronteira? Certamente que não e afirmo com toda a certeza que nenhum ser humano pode ver uma com os seus olhos, até porque ela é uma “linha imaginária” que divide países, estados, ou qualquer outra coisa que precise estar circunscrita dentro de algum limite. Se é imaginária, não existe materialmente. Será? Se você olhar para a ponta de seu dedo, dirá que existe uma fronteira bem definida entre sua pele e o ar que a circunda e que você quase pode ver uma linha ao redor de seu dedo.

Bertrand Russel (e algumas ordens iniciáticas) diria que o que você está vendo não tem nada a ver com a verdadeira natureza da fronteira entre seu dedo e o ar, pois é uma mera reflexão das ondas luminosas que incidem neles, depois atingem sua retina, são convertidas em impulsos elétricos, que são enviados para seu cérebro e interpretados por sua consciência. Em outras palavras, tudo aquilo que você vê, ouve ou sente é meramente uma interpretação da verdade, mas não é a verdade. Olhando minuciosamente, a nível atômico, não há fronteiras entre seu dedo e o ar. Até mesmo a nível celular é difícil encontrar esses limites, uma vez que sua pele troca ar e umidade com o ambiente. Podemos no máximo dizer que, considerando uma certa distância atômica, você conseguirá identificar duas regiões com características distintas. Uma delas, a da pele, terá uma concentração de átomos de carbono maior que a outra, além de ter uma densidade maior de átomos. Na outra, a do ar, haverá uma concentração maior de nitrogênio e a densidade de átomos será bem mais rarefeita (lembre-se que nossa atmosfera é composta predominantemente de nitrogênio, mais ou menos 77%). Entre as duas, haverá uma região onde esses átomos estarão misturados, mas, certamente, não haverá nenhuma linha definida que se possa denominar “fronteira”. Conforme mencionado em artigos anteriores, esses limites ficam ainda mais rarefeitos se olharmos a nível intra-atômico, onde há absurdamente muito mais espaço que partículas, se é que realmente existem partículas, coisa que a física quântica, desconcertantemente, ainda não conseguiu afirmar com certeza.

O universo é intrinsecamente analógico. Em outras palavras, para que algo passe de um estado qualquer a outro, haverá infinitas nuances entre os dois, muitas vezes imperceptíveis aos sentidos humanos. Em muitos casos, bastam alguns instrumentos de observação nem tão avançados para percebermos essas nuances. Um exemplo típico é o ato de acender-se uma luz. À primeira vista, parece que o escuro desapareceu instantaneamente, mas se filmarmos de forma acelerada, veremos que a luz foi pouco a pouco aumentando sua intensidade, do mais escuro para o mais claro, em um movimento suave. Para aqueles que conhecem um pouco de eletrônica, nem o sinal digital passa de 0 a 1 instantaneamente. Um osciloscópio simples poderá mostrar que há uma subida do estado 0 para o estado 1, ou seja, infinitos valores entre 0 e 1 foram transitados até que a mudança total de estado tenha sido completada. Isso acontece muito rápido, mas acontece.

De fato, as fronteiras observadas pelos 5 sentidos físicos são meras ilusões causadas pelas limitações e pela parcialidade do ponto de vista desses sentidos. Quero dizer com isso que dependendo dos recursos que você usa para analisar um fenômeno, a ilusão muda, pois você vê apenas uma estreita faixa de vibrações luminosas, escuta apenas uma estreita faixa de vibrações sonoras, sente apenas aquilo que está em contato com sua pele, sua língua ou suas narinas, ou seja, um aparelho, remédio, ou condição física pode alterar essa percepção. Se houver qualquer coisa que esteja fora desses limites da percepção, não existirá para nossa consciência objetiva. Contudo, somos obrigados a aceitar que o universo é muito mais do que nossos limitados sentidos podem captar e isso atinge em cheio nossa ilusão de estar no controle das situações. Em função disso, ninguém pode nos garantir que o mundo espiritual não esteja manifesto entre nós como apregoam tantas linhas de pensamento, nem que seja algo tão sobrenatural e distante do plano material. Tendo a afirmar com um bom grau de certeza que, assim como não existem fronteiras reais na matéria, também não existem fronteiras entre o mundo material e o espiritual, é apenas uma questão de percepção e do desenvolvimento de instrumentos necessários para que nossos sentidos possam entrar em contato com esse plano tão discutido. Isso se realmente não temos sentidos preparados para tal, uma vez que, e é bem sabido, aquilo que não se usa, atrofia, especialmente no que tange a capacidades físicas e mentais de organismos vivos, fato que Darwin já demonstrou no passado e a genética está confirmando hoje, quando encontram no DNA alguns genes ativados e outros que parecem estar adormecidos.

Por estamos imersos em um ambiente muito mais complexo do que nossa consciência objetiva percebe, não vale a pena dar tanto crédito aos nossos sentidos físicos, eles captam apenas reflexos do que realmente existe. Como no mito da caverna, estamos acostumados a ver apenas as sombras. A verdadeira luz está exatamente do lado oposto desses reflexos, tão apreciados e desejados por nós, ou seja, está dentro de nossos olhos, de nossa mente, de nosso coração, de nossa consciência. Mais até, está além de tudo isso.

Se você quer conhecer a essência do universo, procure dentro de você.

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