"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


segunda-feira, novembro 14, 2011


A Física Quântica e a Derrocada do Realismo Materialista (parte 3)

Em um dos artigos anteriores aqui deste site, eu mencionei que o infinito contém o finito. É uma afirmação lógica, afinal, o finito tem limites e o infinito não, portanto, pela lógica, o infinito contém tanto aquilo que tem limites quanto o que não tem, senão não seria infinito, pois estaria limitado pelo finito. A física quântica parece reforçar essa tese, pois, pelo princípio da correspondência, não se nega o que já é ciência, apenas incorpora os conhecimentos dentro de uma abordagem mais ampla. Usando esse mesmo conceito, podemos dizer que o realismo materialista não está errado em si, mas sim, é uma visão particular de alguns aspectos da criação; um ponto de vista específico e limitado da verdade universal. Aqueles que se apóiam no realismo materialista para determinar uma verdade absoluta precisariam refletir um pouco sobre a virtude “humildade” para entender que não existe verdade absoluta que possa ser resumida em conceitos quaisquer, sejam eles científicos, filosóficos ou religiosos, pois isso limitaria algo que seria perfeito e infinito em si em alguma definição limitada, ou seja, finita, portanto, menor que alguma coisa infinita que a contém. Isso vale também para os ateus, pois ateísmo não passa de um conceito e um tipo de religião que, em vez de afirmar a existência de alguma coisa maior, simplesmente nega. Interessante é que o realismo materialista não consegue nem mesmo sustentar uma simples formulação filosófica básica, derivada de seus próprios princípios: se tudo provém da matéria, o infinito também seria resultado da matéria mesmo a matéria sendo finita? Lembrando que o conceito de infinito é parte dos estudos matemáticos e tem neles sustentação acadêmica teórica. De qualquer forma, o interessante desse tipo de pensamento aberto proposto pelos físicos é que, ainda usando o princípio da correspondência, não considero haver nada de essencialmente errado nos pontos de vista científicos, filosóficos e religiosos, aliás, acredito mesmo que todos devem ser estimulados e são muito válidos, só precisam ser colocados no lugar que realmente estão, ou seja, são visões parciais, baseadas em definições e que são instrumentos excelentes para buscar e desenvolver o conhecimento, mas apenas isso, não podem ser confundidos com uma experiência de verdade absoluta infinita, pois esta não pode ser descrita por meios limitados. Racionalismo é só uma parte, não o todo, parte importante, porém, limitada.

Voltando ao nosso tema, vamos ver agora como a física quântica absorveu o realismo materialista e expandiu os horizontes do conhecimento científico, criando novos desafios à nossa consciência. Comparando os postulados da física quântica com os do realismo materialista, vemos que esses últimos perdem sustentação teórica por conta da oposição contundente dos primeiros. Vamos lá:

1- Princípio da Objetividade Forte: se os objetos materiais são realmente separados da mente ou consciência, como podemos determinar, através de nossa consciência e seguindo o princípio da complementaridade, a forma como uma partícula se apresentará no mundo físico? De fato, o princípio da complementaridade é frontalmente oposto ao da objetividade forte e, não fosse as provas experimentais de que a complementaridade é real, hoje estaríamos em uma discussão científica sem fim.

2- Princípio do Determinismo Causal: também claramente oposto ao princípio da incerteza de Heisenberg, não só postulado matematicamente, como também experimentalmente provado. Não temos como determinar a velocidade e posição iniciais de uma partícula, portanto, não conseguimos prever com precisão onde ela estará no próximo instante, portanto, o universo quântico é estatístico e não determinístico.

3- Princípio da Localidade: um aspecto interessante que eu não detalhei muito nos artigos anteriores, relativo ao princípio da incerteza de Heisenberg, é uma característica da partícula de se espalhar por enormes distâncias e se colapsar quando sofre medições. As fórmulas que regem esse princípio determinam que uma partícula que não está sendo observada está espalhada por distâncias inimagináveis, se é que podemos usar o termo distância. Há também outro fenômeno identificado nas experimentações chamado de “entrelaçamento quântico”, onde, de alguma forma, uma partícula permanece ligada a outra independentemente do tempo e do espaço, ou seja, ao se perturbar uma partícula, a outra que está entrelaçada reage da mesma forma, absolutamente no exato instante, independentemente da distância que estiverem separadas. As experimentações constataram o fenômeno mesmo estando as minúsculas partículas subatômicas separadas por centenas de quilômetros. Esse fenômeno derruba o princípio da localidade, pois não existe nada que materialmente possa justificar essa influência remota, mesmo que teoricamente formulado, ou seja, só a física quântica explica.

4- Princípio do Monismo Materialista: se todas as coisas são feitas de matéria, seria então a consciência um produto da matéria? Se for, temos que nos pautar que a matéria vem antes da consciência e que, portanto, a matéria determinaria os comportamentos da consciência. Se, pelo princípio da complementaridade, nossa decisão que determina a forma como a matéria se apresenta para nós, então é exatamente o contrário que acontece, ou seja, é a consciência quem determina os comportamentos da matéria, ou seja, a consciência teria então precedência sobre a matéria. De fato, não há estrutura de conhecimento no realismo materialista que explique esse fenômeno, ao contrário do que foi constatado pelos estudos quânticos, portanto, esse princípio também foi derrubado.

5- Princípio do Epifenomenalismo: esse princípio tenta reforçar a tese de que a consciência vem depois da matéria, mas, como vimos acima, pelos mesmos experimentos ficou demonstrado que é exatamente o contrário. De fato, esse princípio caiu junto com o do monismo materialista, pois, de certa forma, um estava ligado ao outro.

Se o realismo materialista não tem mais sustentação axiomática e falha na explicação dos objetos quânticos, como ficam todas as filosofias, crenças e teses baseadas nessa estrutura de conhecimento? Pelo princípio da correspondência, a física quântica não nega sua manifestação, porém, fica claro que precisarão sofrer uma reavaliação importante em seus princípios, pois há sim uma crise de credibilidade que muitos parecem querer ocultar. Mais que isso, podemos até mesmo dizer que os conceitos quânticos parecem meio que “sobrenaturais” a ponto de reforçar conceitos teosóficos ou místicos, ou seja, não só criou-se um problema estrutural nas teorias materialistas, como também apareceu uma estrutura de sustentação para todos os estudos não materialistas, antes relegados a devaneios de pessoas crédulas ou que precisam de algum tipo de conforto sentimental para suportarem o mundo material. De fato, para mim, todas essas discussões não passam de efeitos de uma lei simples: ação e reação ou, em outras palavras, Kharma. O clero, que abusou e vilipendiou os estudos científicos, agora é vítima de sua própria atrocidade; por sorte, a consciência hoje é mais evoluída, então, aqueles que aceitam as ciências ocultas ou atuam junto às religiões não foram mortos pelos realistas materialistas (pelo menos, não que eu saiba...).

Olhando um pouco para o futuro, não seria muito melhor e mais incentivador projetarmos um mundo onde a ciência, a filosofia e a religião voltassem a se unir para estudar profundamente a existência em todos os seus aspectos? Essa proposta está sendo defendida por diversos pesquisadores e, de fato, já temos algumas organizações trabalhando nesse sentido, mesmo que ainda consideradas “alternativas”, ou seja, arrumaram um termo para identificar estudos não ortodoxos que não podem mais ser sufocados por conta do “politicamente correto” e do respeito à diversidade. Logicamente, há muita resistência, mas a obviedade acachapante dos resultados das pesquisas cosmológicas e microcosmológicas não deixam dúvidas de que todos esses esforços do pensamento humano estão se dirigindo para um ambiente de cooperação, uma mesma estrada de conhecimento com diversas faixas paralelas, dado que, inquestionavelmente, parecem falar as mesmas coisas, apenas com métodos e palavras diferentes. Não fossem os interesses de estruturas de poder tão bem instaladas hoje na nossa sociedade, já estaríamos construindo um mundo de harmonia e respeito mútuo; porém, como a história demonstra, os administradores e executivos têm seu pensamento sempre algumas centenas de anos atrás dos artistas, filósofos e cientistas. Mas o tempo segue seu curso dentro da nossa consciência material, os séculos passam, e os pensamentos são difundidos aos poucos como conhecimento escolar na nossa humanidade. É um processo longo, envolve gerações, mas acontece, seja por bem ou por mal, através da conseqüência de nossos atos. É por isso que temos que plantar cada semente com zelo e amor, acreditando no futuro e vibrando positivamente.

Com esse artigo, o tema parece ter se encerrado, porém, fechei apenas a parte formal e científica. No próximo, falarei um pouco das possibilidades que essa nova visão encerra, sem preocupação de ser “cientificamente provado...”

Deus nos acompanhe nessa nova era do pensamento!