"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


sexta-feira, abril 03, 2020

O Novo Normal

Fazia um tempo que eu não escrevia aqui para o Blog. Talvez porque esse tipo de mídia perdeu seu glamour e o novo normal são os Vlogs, então, eu deveria tentar me atualizar. De qualquer forma, eu nunca tive muitos seguidores mesmo, então, no fundo, tanto faz. Meus textos são longos e, hoje em dia, isso é considerado chato, pois a preferência é por conteúdos mastigados e rasos, os fast reads. Será que isso vai continuar assim? Será que as pessoas terão mais tempo agora para ler um pouco mais, dado que estão infurnadas em casa por conta de uma epidemia? Mas tudo bem, vou escrever para os dois leitores que esse blog talvez tenha.

Essas linhas foram traçadas em abril de 2020, em plena vigência do isolamento social causado pelo novo coronavírus, quando, de uma hora para outra, em um daqueles momentos de ruptura que aparecem nos filmes, mas que raramente ocorrem em uma sociedade planetária, fomos obrigados a nos recolher em nossa insignificância e nos defrontar com o medo mais visceral que temos, o medo da morte. Aliás, eventos planetários dessa natureza até que foram relativamente comuns nos últimos 100 anos, mas antes disso, por mais que fossem eventos importantes e em larga escala, não tinham essa abrangência planetária como estamos vendo. Aliás, isso que estamos vendo agora seria novidade desde a suposta Atlântida, mas, mesmo assim, ainda não atingiu um ápice comparável ao daquele povo. O mais interessante é que tudo isso ocorreu em 3 meses e no ano seguinte da suposta Data Limite informada por Chico Xavier em um programa de televisão de 1971. Tem gente que vai dizer que é apenas coincidência.

Porém, mais do que tentar explicar o que está acontecendo, que ninguém sabe o que é realmente, meu objetivo é especular, filosofar e imaginar um cenário interessante que me ocorreu por esses dias. De fato, há uma dispersão entre as informações que recebemos de vários médicos e o que está sendo apresentado pelos governos e autoridades de saúde (nem falo do jornalismo, pois seria perda de tempo, dado que não existe mais jornalismo hoje; infelizmente, nessa área existe algumas pessoas querendo interferir no comportamento social através de manipulação de informações). De qualquer forma, uma informação que parece mais ou menos disseminada é que esse vírus não ataca efetivamente as pessoas, mas ataca diretamente os sistemas de saúde, dada a quantidade de enfermos que são produzidos em pouquíssimo tempo, gerando sobrecarga. Porém, impressiona a quantidade de mortos e a potência da enfermidade quando ela se manifesta em alguém. Há quem diga que não é tão inócua quanto algumas pessoas querem crer, uma vez que, quando há complicações, infelizmente, elas parecem pedir internação hospitalar, além de causar bastante mal estar, então, o negócio assusta.

Novamente, meu objetivo aqui é filosofar sobre o desenrolar do cenário. O que estou vendo por conta das minhas atividades é que as pessoas e instituições estão tendo que rever a forma como fazem as coisas. Muitas empresas estão descobrindo forçadamente os benefícios e dificuldades do teletrabalho (home office). O próprio planeta está reagindo magnificamente à toda essa desaceleração no que tange a sua natureza. A economia está tendo que se adaptar a uma queda acentuada e repentina da atividade e, principalmente, a questão de que cidades remotas estão menos sujeitas ao problema do que os grandes centros apresenta uma nova realidade que nunca teve a devida atenção antes. A criação rápida de recursos destinados a uma atividade específica (insumos de saúde, maquinários e hospitais de campanha) é também uma realidade que estava esquecida por quase um século. Mais do que uma novidade local, é uma novidade mundial e, de forma muito curiosa e nem tão esperada, está causando uma mudança de consciência e da organização social, algumas empresas já estão se movimentando para que, quando sairmos dessa situação, a forma de relacionamento profissional e de organização de locais de trabalho seja muito diferente do que é hoje, pois viram que há muitas vantagens econômicas no teletrabalho. Logicamente, não estão olhando as dificuldades de que muitos têm para trabalhar em casa, pois os filhos também estão lá e isso não representa nenhuma facilidade para quem está tentando trabalhar.

Ingenuamente, muitos estão partindo do pressuposto de que, em algum momento, a vida vai voltar ao “normal”, como se o que tínhamos antes fosse normal. O fato é que, depois de uma situação como essa, não vai haver voltar ao que era antes, pois a consciência planetária não será mais como era antes. Entretanto, não sei se estão imaginando cenários onde a epidemia não se resolva, então, vamos imaginar. Veja que todos esperam que a vacina resolverá o problema e, de acordo com os prognósticos, essa vacina deveria estar disponível em, pelo menos, um ano, muito embora, há notícias de países que estariam muito próximos dela. Partindo do pressuposto de que a vacina estará pronta apenas em 2021, temos um ano inteiro pela frente para tentar lidar com as consequências de uma imunização natural, através da disseminação supostamente controlada do vírus. Durante esse ano, muitos governos esvaziarão seus caixas para dar conta do enfrentamento ao vírus, muitos negócios considerados não essenciais vão falir e muita gente terá se movido para a margem do sistema econômico vigente. Aliás, isso já começa a acontecer com apenas um mês de crise. Na distorção da existência de um “normal”, ou seja, na situação antes considerada normal, muita coisa poderia existir, mas no novo normal, elas deixam de fazer sentido. Vamos pensar, por exemplo, em algumas empresas bastante disruptivas no antigo normal, como Uber e Airbnb. Veja que, em um mundo onde a mobilidade é líquida, esse tipo de negócio é muito necessário, mas quando a mobilidade é reduzida, como é que essas empresas vão ficar e, principalmente, como é que as pessoas que prestavam serviços através dessas empresas vão ficar? Onde moro vejo pessoas com dificuldades para ligar seus veículos, pois estão parados por muito tempo, gente com dois ou mais veículos na garagem. Qual a necessidade e função desses veículos parados hoje? Uma outra coisa até mais morbidamente curiosa, como será que estão vivendo os assaltantes hoje? Por incrível que pareça, tem gente que acha que isso é profissão. De qualquer forma, os “clientes” deles desapareceram das ruas. Isso só para citar alguns exemplos, há inúmeros outros, mas não vou me estender aqui, vou deixar isso para sua imaginação.

E se esse vírus começar a sofrer mutações tão rápidas quanto a sua capacidade de disseminação? Ou até, nem tão drástico, se ele sofrer mutações na mesma velocidade que o influenza? Isso significa que a vacina tem que mudar todos os anos e que, a partir de agora, sempre estaremos vivendo sob a sombra dessa sobrecarga no sistema de saúde. Nesse caso, a mobilidade e interação social vai ficar prejudicada por anos e anos e vamos ter que remodelar muitas coisas em termos de aglomerações de pessoas, serviços de abastecimento, lazer, higiene, uso de meios de comunicação, só para citar alguns setores. O que aconteceria com a economia nesse caso? Além disso, a expectativa de vida vai mudar drasticamente, especialmente para aqueles que têm comorbidades, ou seja, a perspectiva de uma empresa farmacêutica em escravizar as pessoas através de medicamentos que viciam teria que mudar para que a humanidade pudesse continuar tendo uma vida minimamente normal, afinal, eles precisariam criar medicamentos que curam e agir de forma preventiva, o que vai mudar seu negócio. Teríamos impacto também nos sistemas de previdência, dado que a expectativa de vida começaria a cair em vez de subir. Também haveria impactos no mercado de seguros de vida.

O fato é que, em um ano apenas, se a vacina resolver, teremos uma mudança significativa em toda consciência social mundial, pois o desastre econômico já é inevitável, mas se essa condição for o novo normal, ou seja, se, por alguma condição natural não prevista, o que estamos vivendo se estender por, por exemplo, cinco anos ou até uma década, o mundo terá que mudar drasticamente para que o modelo socioeconômico possa ser viável, de forma a garantir a existência equilibrada e pacífica desta frágil humanidade. De alguma forma, a desigualdade e a inserção dos indivíduos no sistema terá que sofrer uma enorme mudança, sem isso, haverá convulsão social e desordem civil, pois as pessoas precisarão comer e vão tentar retornar ao seu antigo normal, o que não será mais possível.

Estamos diante de um evento impressionante para a humanidade e ele está acontecendo enquanto todo o conhecimento produzido no mundo é capaz de dobrar a cada 12 horas, segundo alguns pesquisadores. A sociedade que teremos ao final desta década será absurdamente diferente do que temos hoje e não temos a menor ideia de como ela vai seguir. É um evento único e um privilégio estar vivo para ajudar nesta mudança. O que você pretende fazer frente a isso? Qual o seu papel neste mundo? Mais do que fazer a sua parte é hora de você refletir para buscar qual será realmente a sua parte nesse novo normal. Boa viagem para todos nós, vagando por esse espaço infinito nesse insignificante planetinha, junto a sua não menos insignificante humanidade!