"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


terça-feira, março 22, 2016

Consciências Múltiplas Autônomas Integradas

Falar sobre consciência é sempre muito complexo, pois é um tema muito falado, mas pouco conhecido da humanidade, mesmo considerando os séculos de estudo já percorridos até aqui. O fato de haver vastos volumes de informação sobre o tema, não significa que estejamos próximos de alguma conclusão acerca de sua natureza essencial. De fato, o que vemos acontecer é que, a cada nova incursão da ciência, seja a área que for, novas nuances sobre a consciência vão sendo descortinadas. Várias áreas tratam da consciência, desde a filosofia até a física, passando pela medicina e teosofia. Eu diria que o conceito de consciência hoje se mistura com o do cósmico, de tão vastas as possibilidades que estamos alcançando. Como é difícil tentar entender porque eu me sinto eu mesmo e você se sente você mesmo, um verdadeiro assunto sem fim. Mais do que isso, trata-se de algo absolutamente impalpável, mas que interage e cria tudo o que se pode ver à nossa volta, que sob certos aspectos pode ser localizada e sob outros não pode e, mesmo quando pode, não pode ser medida. É o próprio paradoxo da criação. É por isso que comecei esse artigo de uma forma um tanto poética, mas, de fato, meu objetivo aqui é um pouco menos subjetivo, vou expor um conceito não muito explicado, mas muito implicitamente citado em estudos teosóficos ou parapsíquicos sempre que se fala sobre projeção astral, eu interior, personalidade alma, corpos psíquicos, estado alterado de consciência, etc., que é o fenômeno das Consciências Múltiplas Autônomas Integradas.

Alguns autores colocam a consciência como um atributo da mente, mas quando tentam explicar a mente, recorrem a uma mistura de consciência com cérebro e acabam dando voltas no mesmo lugar. Normalmente, são aqueles que querem dar um perfil epifenomenalístico para consciência, mas a física quântica já colocou faz tempo esse princípio em cheque, tendo como uma das suas principais teses o fato da consciência poder causar a materialização das partículas quânticas, ou seja, a consciência seria precursora da matéria e, de uma certa forma, a teria criado, ao invés da consciência ser resultado do funcionamento do cérebro. Eu prefiro a vertente mais filosófica, onde a consciência seria um atributo do Ser, pois é possível tratar do Ser sem haver mistura direta com a própria consciência. O Ser até seria o precursor da consciência e esta estaria certamente indelevelmente ligada ao Ser, mas quando se coloca a consciência como atributo, ela se torna um instrumento de atuação do Ser. Em outras palavras, um instrumento é um dispositivo utilizado por alguém para atuar em alguma coisa, claramente destacável do Ser como sendo algo que Ele se utiliza para algum fim.

A definição corrente da consciência, independente das discussões sobre sua etimologia, basicamente nos leva a entendê-la como uma condição de estar ciente de algo, independentemente de como essa ciência se produza, seja por estudo, seja por percepção, seja por experiência, seja por intuição. Já o termo ciente significa saber, conhecer, estar informado. Porém, a consciência como entendemos é mais do que isso, pois ela também tem a capacidade de atuar em alguma coisa, ou seja, com base no seu saber, ela toma decisões e, com isso, atua sobre algo. Note que há uma sutileza bastante interessante na interpretação humana sobre consciência, pois decidir e atuar são verbos, pressupõe movimento e também um encaminhamento entre eles, ou seja, a decisão ocorre antes da atuação, portanto, está implícita aí a existência do tempo. E o que é o tempo senão um imenso paradoxo de consciência? De fato, todos acham que sabem o que é o tempo, pois todos nós temos a vivência de estarmos indo do passado para o futuro, mas quem realmente vai do passado para o futuro senão a própria consciência? Já tentou definir o que seria verdadeiramente o presente? Procure no dicionário e você vai ver como as definições são divertidas e inconclusivas. Quem cria o tempo como conhecemos e experienciamos é a própria consciência, que dá ao presente toda a atenção possível, mas o presente é algo tão imensurável e indefinível que parece uma brincadeira que nos impingimos a nós mesmos. Afora esta interpretação humana, há teses místicas sobre a existência de um lugar onde a consciência pode ser absoluta e, nesse caso, independe do tempo, dado que no plano absoluto o tempo é integral, ou seja, colapsado, tudo estando no presente. Isso pode parecer muito difícil de se imaginar e certamente o é para nós que estamos aprisionados na percepção de apenas um presente mutável, que parece se deslocar do passado para o futuro, mas tente imaginar o tempo como uma dimensão do espaço, a largura, por exemplo. Quando você coloca o foco da sua percepção da largura da sala em que está nesse momento, você perceberá toda a largura de uma vez só, e não estará transitando por ela milímetro a milímetro para conseguir percebê-la por completo. Uma consciência que puder perceber o tempo integral da mesma forma que percebemos o espaço, certamente terá uma visão absoluta do tempo. Nós temos apenas uma visão unidimensional dele, segundo a segundo que, de uma certa forma, é um paralelo da percepção milímetro a milímetro de uma linha ou plano.

Veja que, nos exemplos acima, tangemos dois tipos de consciências, aquela que está aprisionada em uma dimensão do tempo e aquela que consegue experienciar o tempo absoluto. As teses místicas indicam que vários desses tipos atuam no nosso ser e o próprio conceito do Monismo Idealista da física quântica aponta para a existência de uma consciência única, que poderíamos associar à consciência absoluta. Se nos debruçarmos em Freud, vamos ver que os conceitos de ego, superego e id nada mais são que tipos de consciências autônomas e integradas, sendo que uma influencia na outra. O sistema nervoso simpático tem um tipo de consciência vital que independe de certa forma do ego, mas influencia e é influenciado por ele. Veja que, os exemplos citados são bastante palpáveis e materialistas. Entretanto, as filosofias ocultistas fazem menção a consciências bem menos palpáveis, como por exemplo, a alma, o espírito, os corpos sutis, etc. Conforme compilado pela Teosofia, a natureza do homem é setenária, possuindo ele sete corpos (veículos) para manifestar-se nos diversos planos existenciais. E o que seriam esses planos? Eu os associo com focos de consciência, onde um elemento consciencial vai absorver experiências e percepções de um determinado plano, vai tomar decisões e atuar nele, fazendo isso de forma autônoma, porém integrada, dado que a experiência do ser é holística por princípio. Porém, como cada plano tem suas características e vivências, cada consciência tem uma faixa de percepção, similar ao que acontece no plano físico, a saber, podemos ouvir uma faixa de frequências, observar uma faixa de vibrações luminosas e assim por diante. Quanto mais elevado for o foco da consciência, mais próximo da consciência absoluta estará, portanto, maior será o campo de “visão”, ou seja, maior será sua faixa de percepções e compreensão do todo. Isso faz com que os focos de consciência superiores do ser possam compreender o que acontece nos focos inferiores, mas não o contrário, pois um foco inferior é mais limitado em relação às percepções e experiências. Isso é facilmente compreensível analisando o exemplo usado acima quanto à percepção do tempo. A consciência física (egóica), não consegue compreender uma consciência que perceba o tempo absoluto, onde tudo é presente, apenas pode tentar imaginar, mas mesmo assim, se depara com dualidades comuns, como destino e livre arbítrio, ou seja, se tudo acontece ao mesmo tempo, o futuro não estaria determinado? Nesse caso, como fica o livre arbítrio? Para responder isso, tem que abstrair, concebendo um presente integral mutável, que parece ilógico aos nossos olhos, aprisionados às relações de causa e efeito, tão evidentes no plano temporal. Esse tipo de hipótese está sendo analisado no meio científico como o fenômeno dos universos paralelos, muito embora, esse fenômeno esteja mais focado nas consciências físicas, onde as vivências temporais dependem de decisões que representam bifurcações desses universos ao longo da existência, então, se referem à mesma pessoa que tem vidas diferentes em universos paralelos, pois houve decisões diferentes em cada um desses universos e o número de universos é tão grande quanto as decisões que cada um de nós tomou. De qualquer forma, cada plano de consciência, ou foco, tem suas percepções, necessidades, experiências, decisões e atuações. Em geral, os planos superiores guiam os planos inferiores para que o planejamento existencial integral, ou holístico, seja cumprido. Desta forma, o chamado eu interior ou personalidade-alma, tem um planejamento para o foco de existência físico, ou ego, que, por limitações diversas do seu foco, não consegue compreender, muito embora, tudo faz parte do mesmo ser, dado que nosso ego é apenas um foco da nossa consciência integral, estando ele subordinado à nossa personalidade-alma, um outro foco da consciência integral. É importante notar que, do ponto de vista do ego, somos um corpo que tem uma alma, mas, na verdade, somos uma alma encarnada e vivendo uma experiência material, ou seja, considerando que a matéria é um tipo de faixa vibratória de manifestação (algo bastante citado nas filosofias místicas), ela não é diferente do espírito, apenas uma zona de vibrações, portanto, é tudo a mesma coisa, todos os corpos são formados essencialmente pela mesma energia, então, é tudo espírito, não existindo corpo e alma, mas fases de ressonância da consciência integral.

Em termos de informação, até agora eu não trouxe nenhuma novidade, apenas em termos de enfoque. Nossa tendência egóica é separar tudo e tentar explicar tudo do ponto de vista material, então, nossa alma nos parece algo destacável de nós, algo que nos abandona depois da morte. Porém, de fato, somos nós que abandonamos o plano egóico depois da morte, após concluídos os trabalhos do ego nesse plano de manifestação da consciência integral, que é o físico. O ego não consegue saber o que ele tem que fazer aqui, mas os nossos focos de consciência superiores sabem, por isso que são referenciados como mestres interiores em diversas filosofias. Para aquele que vê a linha milímetro a milímetro, ou o tempo segundo a segundo, não há como entender o que é a largura da sala, pois não consegue ver a largura, apenas o milímetro, que seria o presente. Se nosso foco de consciência superior nos diz para ir um pouco mais para a direita para evitar esbarrar em um armário, o pobre do ego não tem sequer como saber que há um armário. De qualquer forma, todos os focos de consciência operam juntos, pois aquele ego está lá como instrumento de um foco de consciência superior, mas cada um desses focos de consciência tem sua própria vivência e experiência, porém, têm limites para transmitir seu saber para os planos inferiores pelas limitações que esses planos encerram. De qualquer forma, todas elas funcionam integradas, portanto, cada um de nós é um conjunto de consciências atuando em diversos planos de forma independente, porém intimamente integradas, compondo um único ser que se esparrama por todos esses planos, sendo todos guiados pela consciência cuja visão é a mais ampla e que tem total compreensão do nosso propósito existencial. Para melhorar nossa compreensão com uma analogia, podemos ver esse processo de forma similar no nosso corpo biológico. Cara célula do nosso corpo atua de uma forma independente, porém, totalmente integrada ao todo corporal. Cada célula tem seu quinhão de consciência, cumprindo sua função, porém, todas são comandadas materialmente pelo sistema nervoso central e seus meios de interação, sejam eles elétricos, químicos ou mais exotéricos, sendo que nosso sistema nervoso central está subordinado às nossas consciências múltiplas autônomas integradas.

E será que podemos acessar nossas consciências superiores? Os mestres e gurus dizem que sim, mas não conseguem explicar como e o motivo é muito óbvio, dado que, certamente, acessar essas consciências traz uma compreensão que não é possível de se traduzir por meio das estruturas de linguagem que temos, uma vez que a imensa maioria delas é baseada na nossa percepção física, ou seja, nossa comunicação se baseia em um conjunto de signos fortemente baseados nas experiências que temos nesse plano material, portanto, sempre que tentamos explicar algo que foge a essa objetividade, precisamos escrever artigos como esse e, mesmo assim, a compreensão de quem lê é bem particular, até porque, para cada um entender, vai recorrer às experiências que teve e o entendimento que tem das palavras que foram usadas. Se a experiência é corriqueira e objetiva, como uma cadeira, por exemplo, todos que já usaram uma cadeira saberão o que é, mas se a experiência for muito particular, como a que os mestres têm durante uma iluminação, como fazer para transmitir esse conhecimento? Em tese, da mesma forma como nós fazemos para alguém entender o que é uma cadeira, nós simplesmente tentamos levar a pessoa até uma e a fazemos sentar nela. Portanto, é isso que um mestre iluminado tenta fazer quando ajuda seus discípulos a atingir a compreensão dessa vivência das consciências superiores.

Poucos de nós tem acesso a mestres iluminados, então, o que podemos fazer é trocar ideias entre nós, cada um tentando, através do seu laboratório mental, refletir, meditar e experienciar o que seriam essas interações com nossas consciências superiores, que são partes de nós mesmos. Uma das formas é imaginar como seria o tempo integral, os outros planos de manifestação da consciência, as próprias consciências superiores, a matéria como energia e tudo mais. Também podemos ler os escritos deixados pelos sábios da humanidade, ou seus discípulos, e desejar fortemente nos aventurarmos pelas terras inexploradas do nosso ser. Pelo menos é isso que nossas consciências superiores parecem nos dizer para fazer.

Paz a Luz para todos.