"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quarta-feira, dezembro 07, 2011



A Física Quântica e a Derrocada do Realismo Materialista (final)

Recentemente, li um artigo que falava sobre experimentos que estão sendo feitos no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear e no laboratório subterrâneo Gran Sasso, visando detectar partículas que teriam velocidade superior à da luz, os neutrinos. Detectar esse tipo de partícula com a tecnologia baseada no nosso espaço-tempo é realmente um desafio, pois, em tese, o instante em que se pode encontrar tais objetos é tão ínfimo que o mínimo deslize na medição poderia invalidar o experimento e, aliás, é isso mesmo que a comunidade científica está questionando, ou seja, não aceitaram os resultados obtidos até agora por conta dos parâmetros das medidas. Mas o ponto que me chamou a atenção foi a forma como o artigo foi apresentado, pois dizia que a Teoria da Relatividade de Einstein seria derrubada por conta dessa descoberta, em suma, uma tremenda bobagem. Infelizmente, a ânsia em vender jornais e notícias tem sido muito maior que o compromisso com a informação. No artigo anterior, eu mencionei que Einstein foi um dos últimos expoentes da escola mecanicista, porém, de uma certa forma, ele até mesmo começa a desmontar essa escola com a inserção do observador no processo de medição. Partindo desse pressuposto, e como a base dele é mecanicista, ele desenvolveu seus postulados sobre um conjunto de axiomas limitados e que, em pouco tempo, se tornariam obsoletos, até mesmo por conta de suas teorias. Porém, conforme o princípio da correspondência da Física Quântica, o que foi criado durante o período do Realismo Materialista é incorporado e expandido pela Física Quântica, portanto, o fato dos postulados terem se tornados obsoletos não invalida de forma alguma as teorias einsteinianas, apenas alguns aspectos delas estarão limitadas a uma estrutura específica de conhecimento, hoje obsoleta. Kepler não “desautorizou” Copérnico, apenas o expandiu, ou seja, as teorias de Einstein precisarão ser expandidas a luz dessa nova descoberta. O simples interesse pelo conhecimento básico dos estudos nem tão atuais da Física pela agência jornalística que divulgou a notícia seria suficiente para não dizer aquela insensatez. Pelo que eu estudei de Einstein, ele nunca disse que não poderiam haver objetos em velocidade superior a da luz, mas sim que, para objetos que acelerassem dentro da nossa dimensão espaço-temporal, a velocidade da luz seria uma barreira teórica, pois no momento em que se atingisse essa velocidade, o tempo para aquele objeto pararia e sua velocidade relativa seria estagnada, além de acabar o processo de aceleração, pois aceleração acontece em relação ao espaço-tempo. Ele inclusive chega a mencionar a dificuldade em se conseguir alguma detecção de objetos que estariam acima da velocidade da luz e que, por conseguinte, estariam voltando no tempo. Apesar de utópica, minha intenção com esse blog é justamente tentar trazer um pouco de instrução científica, filosófica e mística, de uma forma mais ou menos palatável, para ver se esse tipo de bobagem difundida pela mídia diminua um pouquinho que seja.

Mas vamos continuar a desenvolver um pouco mais o assunto dessa série de artigos. Comecei com Einstein, pois, como disse acima, ele praticamente deflagrou o processo de desmantelamento do realismo materialista. Antes de Einstein, tempo era considerado um elemento absoluto e muito importante para tudo que se relacionava à cosmologia e física. Einstein dá o primeiro golpe quando afirma que o tempo não é absoluto, muito embora, ele ainda tentou procurar alguma coisa absoluta e essa coisa era a velocidade da luz no espaço-tempo, sendo que, o tempo estaria subjugado ao momentum dos objetos, ou seja, estava relacionado ao movimento e a massa deles. O segundo golpe é dado quando ele relaciona matéria e energia, uma podendo ser transformada na outra, ou seja, acabou com a solidez do átomo proposta havia séculos pelos gregos. O terceiro golpe, derivado da teoria da relatividade, vem junto com o tal do observador, cuja posição e movimento interferem no resultado das medições, impactando drasticamente no método científico da época. Além dos golpes no materialismo, ele também cria constrangimento no clero quando trata da criação do universo e do big bang. Definitivamente, deveria ter muita gente que considerava o gênio como um grandessíssimo chato, incomodando muitas coisas tão bem estabelecidas. Porém, a contribuição mais intrigante para a mente comum é o fato do espaço e do tempo serem elementos variáveis e plásticos, ou seja, podem ser moldados, muito embora isso fosse constrangedor para ciência também, pois o que se utilizava para medir as coisas e gerar conhecimento científico até então era justamente uma régua (espaço) e um relógio (tempo). Ainda sobre o artigo que mencionei no início, Einstein viveu em um tempo onde a Física Quântica estava nascendo, portanto, o mundo dele ainda estava constituído por elementos analógicos, ou seja, aqueles que, para irem de um estado a outro, precisavam passar por todas as etapas intermediárias, sem rupturas, portanto, superar a velocidade da luz era sim uma barreira e, de certo modo, mesmo ele tinha dificuldades para imaginar que isso seria possível. Há experiências com luz feitas nas últimas décadas que comprovam essa possibilidade e, além disso, o princípio da incerteza de Heisemberg insere a ruptura no mundo analógico, mostrando que as partículas vão de um estado a outro sem passar por estados intermediários, ou seja, a luz deixa de ser uma barreira, pois a partícula pode sim sair de, por exemplo, 280.000 Km/s e aparecer a 350.000 Km/s sem passar pelos 300.000 Km/s (velocidade da luz), a tal barreira teórica formulada por Einstein. O bizarro disso é que essa mesma partícula vai sair do movimento temporal que vai do passado para o futuro e, instantaneamente, vai ter seu movimento indo do futuro para o passado. Isso tudo é ciência, meus amigos, não é loucura de uma mente perturbada... bizarro mesmo é nosso ego, que tem mania de acreditar naquilo que vê com os olhos. A ciência atual faz São Tomé parecer o apostolo com a fé mais cega de todos, pois se ele precisava ver para crer, então, ele era o que mais acreditava em ilusões.

Os constrangimentos continuaram de vento em popa com o desenvolvimento dos postulados da Física Quântica, agora não mais por Einstein. As implicações são muitas, especialmente no mundo das nossas crenças, sejam elas místicas, filosóficas ou religiosas. Dentre os mais significativos está a questão da consciência ser precursora da matéria e o fato dela interferir na forma como a matéria se manifesta. A primeira e antiqüíssima pergunta que fazemos aqui é: o que é a consciência? Para um materialista, ela era o resultado de fenômenos materiais, mas essa tese já caiu por terra, dado que o princípio da complementaridade aponta exatamente para o contrário. Se o materialista está errado, então a consciência não é material e aquilo que não é material é o quê? A ciência atual não tem resposta para isso; ela simplesmente não sabe o que é a consciência, portanto, a partir deste instante, qualquer estudo tem que transcender a ciência formal para buscar respostas. Diversas linhas de pensamento esotérico e filosófico definem de alguma forma a consciência, sendo que a grande maioria delas sugere a ligação intrínseca da consciência com Deus, fazendo com que ela tenha uma essência unificada, identificando essa unicidade com alguma denominação específica. As que não fazem isso associam alguma outra “entidade” presente em nossa psique com Deus, ou seja, podem estar dando outro nome para a mesma consciência, o que não faz a menor diferença no fundo. Verdadeiro Eu, Divina Essência, Mônada, Mestre Interior, Deus do Meu Coração, Cristo, Cristo Cósmico, etc., são os diversos nomes associados a esse conceito de unicidade, filiação divina ou consciência universal. Basicamente, o conceito diz que a mesma consciência essencial que habita em mim, habita em você, no mendigo da esquina, no corrupto, no santo, no ladrão, no bom samaritano, em Jesus Cristo, no deficiente mental, no louco, no homossexual, no negro, no branco, no oriental, no lindo, no feio, isso para falar de seres humanos, pois, muitas linhas de pensamento também dizem que habita no animal, no inseto, no peixe, na vaca, na planta, nas pedras, etc. Para qualquer um que não for ateu, esse conceito é até bem difundido. Para os ateus, eles têm um problema existencial agora, pois, se Deus não existe e a consciência não vem da matéria, o que é consciência então? Essa discussão existe também nas teorias quânticas, tem até um paradoxo chamado de “Gato de Schrödinger”. Prefiro não detalhar esse paradoxo aqui, até porque, ele pode facilmente ser encontrado na internet. A tese diz que se a consciência determina a forma como a matéria se apresenta, se, por exemplo, a minha consciência quer que o gato morra envenenado e a sua não quer, então, o gato se apresentaria 50% morto e 50% vivo, dado que haveria um “conflito de vontades conciencionais”. Além disso parecer absurdo, pois acredito que a grande maioria que está lendo isso nunca viu um ser qualquer 50% morto e 50% vivo, também não é observado nos experimentos de laboratório, ou seja, sem comprovação científica, mesmo nas mais bizonhas teorias quânticas. Sabem como muitos físicos resolvem esse paradoxo em termos de pensamento científico? Eles dizem que: se a consciência for uma entidade unificada, nunca haverá um gato 50% morto e 50% vivo, pois a decisão da consciência seria única, sem conflitos, dado que é uma só consciência. Não posso deixar de dizer que eu fiquei emocionado quando estudei isso pela primeira vez e, de certa forma, fico até hoje, pois é fantástico como teorias filosóficas tão antigas encontram forte ressonância nos mais modernos pensamentos científicos. Isso para mim é obra do divino.

Ainda não dá para dizer que a ciência encontrou Deus, até porque, enquanto a ciência tiver um forte comprometimento com medições feitas no mundo limitado do espaço-tempo, não vai ser possível encontrar o que está no mundo ilimitado do absoluto. Também não acho que esse seja o papel dela. Para mim, a ciência é precursora de tecnologia, portanto, preocupar-se com encontrar Deus não deveria ser objeto do seu estudo, mas sim da filosofia ou teosofia, mais até para a última. Mas a era que estamos entrando será uma das mais frutíferas de todos os tempos se a ciência aceitar a existência de Deus e de influências absolutamente não conhecidas ou controláveis para desenvolver seus estudos, sem preconceitos de não se submeter ao método científico. Se alguém foca sua atenção através de um tubo para um único lugar, a possibilidade de realmente descobrir o que é e como usar os recursos daquele lugar de forma construtiva fica bem limitada. Precisamos tirar nossas observações dos tubos e olhar ao redor, entregando-se às possibilidades desse derredor. Não digo que devamos abandonar os métodos, mas não é conveniente fazer dos métodos os novos dogmas. As coisas podem funcionar como os dogmas ditam, mas também como os dogmas sequer sonham que funcionam; se não houver experimentação, não há como saber. Toda intenção construtiva e boa vai gerar um resultado construtivo, mesmo que seja para nos mostrar que é melhor não ir por aquele caminho; é a chamada sincronicidade, que também encontra eco nas teorias quânticas. Nossa mente, por hora, está limitada a impressão de que existe tempo e que o tempo vai em uma determinada direção, porém, os estudos sugerem que podem haver seres no futuro construindo nosso passado, portanto, até o passado pode ser moldável, ao contrário do que o senso comum diz. Isso não é bizarro nem assustador, é surpreendente.

Todos os esforços de pensamento empreendidos até hoje são construtivos, deveriam ser respeitados e não criticados. Se em vez de haver embate entre ciência, filosofia, misticismo e religião houvesse bom senso e cooperação, mente aberta e verdadeiro interesse na busca da verdade, nosso mundo já estaria muito mais avançado não só no âmbito tecnológico, mas também no âmbito moral, social e político. O primeiro dogma de um pesquisador deveria ser: todas as formas de pensamento, idéias, teorias devem ser respeitadas, por mais estranhas e improváveis que sejam. Pode-se até não querer empreender pesquisas sobre um determinado tema em um determinado momento, mas se ele não puder ser validado positiva ou negativamente, então ele deveria ser arquivado até que houvesse elementos novos que pudessem resgatá-lo para uma nova avaliação. Os véus do conhecimento vão sendo rasgados aos poucos e, por vezes, o rasgar de um véu oferece um pequeno lampejo de um outro conhecimento ainda oculto por idéias imaturas ou veladas. Tudo tem seu tempo certo para se manifestar; aceitar isso é o dilema do ego, tão ansioso pelo amor de Deus, mas sem aceitar a presença Dele no seu coração. Se a consciência é realmente unificada, nós somos os corpos dessa consciência e ela dispõe desses corpos de acordo com suas escolhas. Essa até parece uma frase com um certo tom científico, mas se a mudarmos um pouco, veremos que é profundamente mística: se Deus é o criador único, nós somos seus filhos e servos, e ele dispõe de nós de acordo com sua vontade.

Sua consciência é a mesma de Deus, portanto, não fuja Dele. Deus é conosco.