"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quinta-feira, maio 29, 2003

Finito e Infinito

Muito temos falado sobre finito e infinito, mas qual sua concepção sobre o infinito? Mesmo o finito é algo suficientemente abstrato, de forma que compreendê-lo em sua totalidade é difícil, especialmente quando falamos no finito que está distante de nós. Para tentar entendê-lo, podemos adotar o conceito de que tudo que pode ser medido de alguma forma é finito. Apesar dessa proposição ser bastante simplista e nos limitar ao conhecimento atual da ciência, é razoavelmente abrangente para chegarmos a uma conclusão interessante acerca do universo, que comumente é tipo pelas pessoas como infinito. De fato, ele não deve ser, pois os cientistas conseguem calcular a idade do universo em 13,5 bilhões de anos, ou seja, o universo pode de alguma forma ser medido, o que sugere que ele é finito.

Se o universo é finito, o que é infinito? Também é simplista dizer, por oposição, que tudo que não pode ser medido é infinito. Talvez seja melhor ir um pouco além e dizer que tudo que não está de alguma forma limitado é infinito e, com isso, ficaremos expostos a um universo bem diferente daquele que estamos acostumados a crer e experimentar. O infinito não está limitado ao espaço-tempo, apesar de poder contê-lo, e isso quer dizer também que ele está além dos limites do universo mensurável, ou seja, é infinitamente imenso. Por outro lado, o infinito também está além da menor partícula subatômica, o que é infinitamente minúsculo. O infinito não está limitado às leis da física, portanto, considerando uma das formulações básicas desta, dois corpos podem ocupar um mesmo lugar no infinito. Aliás, o infinito não está limitado a algum lugar, pois contém todos os lugares. O infinito contém e está além de todas as dimensões, além da maior e da menor dimensão. Não pode ser determinada a dualidade no infinito (positivo e negativo, bem e mal, etc.), pois ele as contém e está além delas. O infinito contém toda a energia conhecida e desconhecida e não está limitado a ela. O infinito é um paradoxo perfeito, pois não está limitado a ser ou não ser algo, está além disso. O infinito é eterno e indefinível. O infinito se confunde com Deus, mas não é Deus, e sim, onde Deus atua.

Considerando essa proposição de infinito, chegamos a conclusão de que é profundamente intrigante tentar visualizá-lo. Talvez possamos concebê-lo como o insumo para a criação divina, onde tudo é possível e tudo está disponível, pois como disse acima “O infinito se confunde com Deus, mas não é Deus, e sim, onde Deus atua”. O infinito pode não ter limites, mas serve a Deus. O mais interessante é que vivemos em meio a esse infinito e dependemos dele. Também contemos o infinito, pois ele é menor que a menor partícula. Além disso, o finito faz parte do infinito, pois ele está entre a imensidão e a miudeza do infinito.

O infinito pode ser um dos caminhos para alcançar Deus. A ciência tem mostrado isso quando não encontra limites tanto no universo exterior quanto no interior, quando encontra intenção criativa nesse universo e mesmo quando encontra os limites do finito. O mais fantástico é que quanto mais o homem busca o infinito para tentar negar a Deus, mais ele se dirige em Sua direção, pois tanto a fé exacerbada quanto o ceticismo intransigente caminha para as fronteiras do infinito e Deus é tão misericordioso que colocou pontes para chegarmos até Ele, mesmo nesses caminhos mais extremados.

De qualquer forma, esteja certo de que o infinito pode ser compreendido em sua totalidade e esse entendimento dará sentido a todo o universo. Entretanto, ele não pode ser compreendido com recursos finitos, ou seja, seu pensamento não é a ferramenta adequada, pois está limitado ao espaço-tempo, portanto, é finito. Você deve ir além do seu pensamento e suas emoções, deve procurar o infinito que há dentro de cada um de nós, pois se vivemos no infinito, temos uma amostra dele em nossa constituição. Chegar ao infinito é adentrar na casa celestial de Deus.

sexta-feira, maio 16, 2003

Onde Estará Deus?

Pergunta intrigante! Mais ainda, essa é uma pergunta que todas as pessoas fazem, dos mais céticos ateus aos mais iluminados profetas. Para os céticos, haverá ironia na questão, para os profetas, haverá o caminho. Procuram nos lugares mais bizarros, e quanto mais vagueiam em busca de Deus, mais distantes ficam.

Desculpem-me a falta de modéstia, mas, com a ajuda dos textos e palavras de alguns sábios que tive a graça de conhecer, eu já encontrei-O, muito embora ainda não consegui alcançá-Lo. Se você ainda não O encontrou, vou dar algumas dicas, se você já O alcançou, por favor, dê dicas para mim! Em primeiro lugar, você tem que acreditar Nele, ou na existência Dele, isso é imprescindível. Infelizmente, não dá para encontrá-Lo sem acreditar que Ele existe, pois aquele que tentar, fatalmente procurará no lugar errado. Segundo: é de grande ajuda estudar um pouco sobre ciência, filosofia e religião (pode ser pouco, mas tem que ser profundo). De qualquer forma, não pode se prender ao conhecimento, pois isso faz parte do plano finito e limitado. Deve-se considerar o conhecimento como o mapa que tem as indicações para encontrar Deus. À partir dessas indicações, você poderá empreender o caminho que levará você a alcançá-Lo. Terceiro: você deve saber que Ele tem um amor indescritível por você e tudo mais. Ele se propõe a fazer tudo que for necessário para que você não sofra, desde que você decida que não quer sofrer e entregue toda sua existência e seu ser para que Ele tome conta. Aí que está nossa ruína, pois nossa falta de confiança Nele nos impede de nos entregar completamente. Mas não se preocupe, Ele perdoa e está na espera de nossa decisão de alcançá-Lo.

Mas onde Ele está? Muitíssimo próximo de você, de mim, de todos nós. Através de Seu amor, Ele estende Sua pele para que nós possamos caminhar sobre ela, Ele oferece Seu sopro para que possamos respirar, Ele oferece Sua carne para que possamos nos alimentar, Ele oferece Sua mente para que possamos pensar, Ele oferece Sua vida para que possamos viver, Ele oferece Sua luz para que os átomos sejam formados, Ele está a nossa frente em todos os instantes do dia ou da noite para que possamos encontrá-Lo, pois Ele preenche o infinito e o finito, Ele fica esperando dentro de nosso coração para que possamos alcançá-Lo e já nos mostrou o esse caminho diversas vezes. O caminho é “amar a Deus sobre todas as coisas”, ou seja, sobre tudo que você acredita, sobre todos que você ama, sobre tudo o que você acha que tem, sobre seu próprio corpo e sobre sua própria vida. Fazendo isso, você estará amando todos que você conhece, toda matéria que você pode ver e sentir, toda energia que você pode intuir, tudo que você pode pensar, sua própria vida e seu próprio ser.

Como disse Krishna a Arjuna: “Eu sou o Supremo Senhor de tudo, residindo no coração de cada ser. Eu sou o pai deste mundo, e também a mãe, e o sustentador. Eu sou o começo, o meio e o fim. Tudo é produzido por Mim. Tudo é permeado por Mim. Nenhuma criatura pode existir sem Mim. Seja qual for o trajeto que a humanidade trilhe, trata-se de Meu caminho. Seja qual for o caminho que sigam, eles irão Me alcançar.” [...] “Com todo o seu ser, refugie-se apenas em Mim e, por Minha graça, você alcançará a paz suprema. Deste momento em diante, fixe sua mente firmemente em Mim como o residente de seu coração. Devote-se a Mim, reverencie-Me, adore-Me. Saiba que estou sempre dentro de você e, brevemente, você irá se tornar um comigo. Sim, com certeza, Eu lhe prometo isto, Arjuna; pois você Me é muito querido.” [...] “Arjuna, quem quer que trabalhe para Mim e Me tenha como seu objetivo supremo; quem quer que Me seja devotado, sendo desapegado, não possuindo malícia alguma em relação a qualquer criatura; rapidamente, essa pessoa virá a Mim. Tal ser Me vê em toda a parte, residindo em todos os seres, como o imperecível no meio do perecível. Para estes, que Me têm sempre presente em seus olhos mentais e Me servem constantemente com afeição, Eu carregarei seus fardos e dar-lhes-ei aquilo de que necessitam. Falando sobre Mim entre si, essas pessoas estão sempre satisfeitas e cheias de deleite. Devido a Minha compaixão por elas, Eu fortifico seus poderes de discriminação e destruo as trevas da ignorância que encobrem suas vistas. Mantendo seus sentidos sob controle, elas transcendem o mundo da morte e deterioração, e alcançam a imortalidade.” [...] “Arjuna, entregue todas as ações a Mim. Fixe a sua mente em Mim de maneira firme. Eu executarei todas as suas ações por seu intermédio e irei libertá-lo de todos os pecados. Não tema. Por Minha graça, você superará todos os obstáculos.”

A beleza desse discurso não pode ser interpretada apenas em uma leitura simples. De qualquer forma, os livros sagrados de diversas filosofias e religiões contém textos muito similares e belos (veja o novo testamento cristão, por exemplo). A entrega é a negação do Ego. Isso é muito profundo e, para nós, difícil. Mas Ele está lá e, se quisermos e permitirmos, ajudará na caminhada.

quarta-feira, maio 07, 2003

Einstein e o Templo de Delfos

Quando falamos de Einstein, todos se lembram da célebre afirmação de que “tudo é relativo”. Como virou jargão, nem sempre se dá o devido valor a essa idéia, que pode ser muito profunda. Primeiramente, podemos dizer que a frase também é relativa, senão paradoxal, pois se tudo é relativo, então ser relativo é, de algum modo, absoluto, afinal, o termo “tudo” evoca o absoluto. Aí está o paradoxo, pois se existe alguma coisa absoluta, então nem tudo é relativo.

Obviamente, o que estou escrevendo é mera retórica. Nem Einstein disse isso dessa forma, nem a frase está relacionada com o todo universal. Segundo Nigel Calder, o que Einstein buscava em sua teoria da relatividade era estabelecer algo absoluto. No caminho, ele encontrou muitas coisas desconcertantes, mas não dá para afirmar se alguma delas é absoluta. Não encontrou nem mesmo a relatividade perfeita, democrática, em que todas as manifestações desse plano tetradimensional (espaço-tempo) seriam relativas entre si. Ao invés disso, ele encontrou algumas coisas mais relativas que outras, onde o centro do universo tetradimensional, aquele ponto ínfimo de onde se acredita ter sido a origem do Big Bang, tem um papel de destaque, sendo uma referência diferenciada para o espaço-tempo. Ele também constatou que a luz tem velocidade constante no vácuo, mas como ninguém encontrou o vácuo perfeito, podemos dizer apenas que a velocidade da luz tende a ser constante no vácuo, se mostrando também uma referência apenas teórica.

Se a afirmação de que tudo é relativo é algo paradoxal, então não haveria o absoluto? O fato é que essa é uma frase popular e está conceitualmente incorreta, pois o “tudo” precisa ser definido. Pode-se dizer que as manifestações do plano finito são relativas e isso é consistente com a filosofia. A teoria do Tao identificou essa realidade relativa muitos séculos antes de Einstein, colocando a relatividade dentro do plano das manifestações finitas. Mas vai muito além, pois identifica o absoluto, que contém e está contido no relativo, que é tão infinito que transcende o paradoxo. O absoluto contém e está contido no infinito, mas também contém e está contido no finito. Foi por isso mesmo que Einstein não conseguiu encontrar o absoluto, pois apesar de sua visão profundamente contundente do funcionamento do universo, mesmo sem querer ele estudava apenas o plano finito.

Mas o que isso tem a ver com você? Se o absoluto contém e está contido também no finito, então o absoluto contém e está contido no seu próprio ser. Com essa compreensão, fica mais fácil entender o sentido da afirmação “conhece-te a ti mesmo”, inscrita no portal do templo de Delfos, na Grécia. Se o absoluto está contido em você, então você tudo sabe, mas o maravilhoso paradoxo da existência faz com que você não saiba que tudo sabe, pois o absoluto também contém você. De qualquer forma, há um portal dentro de você que pode ser aberto, mas para isso, você terá que criar um relacionamento de confiança entre você e o absoluto, confiar e ser confiado, amar e ser amado, conhecer e ser conhecido. Como diriam os sábios da antiguidade “Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses”.