"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quarta-feira, maio 07, 2003

Einstein e o Templo de Delfos

Quando falamos de Einstein, todos se lembram da célebre afirmação de que “tudo é relativo”. Como virou jargão, nem sempre se dá o devido valor a essa idéia, que pode ser muito profunda. Primeiramente, podemos dizer que a frase também é relativa, senão paradoxal, pois se tudo é relativo, então ser relativo é, de algum modo, absoluto, afinal, o termo “tudo” evoca o absoluto. Aí está o paradoxo, pois se existe alguma coisa absoluta, então nem tudo é relativo.

Obviamente, o que estou escrevendo é mera retórica. Nem Einstein disse isso dessa forma, nem a frase está relacionada com o todo universal. Segundo Nigel Calder, o que Einstein buscava em sua teoria da relatividade era estabelecer algo absoluto. No caminho, ele encontrou muitas coisas desconcertantes, mas não dá para afirmar se alguma delas é absoluta. Não encontrou nem mesmo a relatividade perfeita, democrática, em que todas as manifestações desse plano tetradimensional (espaço-tempo) seriam relativas entre si. Ao invés disso, ele encontrou algumas coisas mais relativas que outras, onde o centro do universo tetradimensional, aquele ponto ínfimo de onde se acredita ter sido a origem do Big Bang, tem um papel de destaque, sendo uma referência diferenciada para o espaço-tempo. Ele também constatou que a luz tem velocidade constante no vácuo, mas como ninguém encontrou o vácuo perfeito, podemos dizer apenas que a velocidade da luz tende a ser constante no vácuo, se mostrando também uma referência apenas teórica.

Se a afirmação de que tudo é relativo é algo paradoxal, então não haveria o absoluto? O fato é que essa é uma frase popular e está conceitualmente incorreta, pois o “tudo” precisa ser definido. Pode-se dizer que as manifestações do plano finito são relativas e isso é consistente com a filosofia. A teoria do Tao identificou essa realidade relativa muitos séculos antes de Einstein, colocando a relatividade dentro do plano das manifestações finitas. Mas vai muito além, pois identifica o absoluto, que contém e está contido no relativo, que é tão infinito que transcende o paradoxo. O absoluto contém e está contido no infinito, mas também contém e está contido no finito. Foi por isso mesmo que Einstein não conseguiu encontrar o absoluto, pois apesar de sua visão profundamente contundente do funcionamento do universo, mesmo sem querer ele estudava apenas o plano finito.

Mas o que isso tem a ver com você? Se o absoluto contém e está contido também no finito, então o absoluto contém e está contido no seu próprio ser. Com essa compreensão, fica mais fácil entender o sentido da afirmação “conhece-te a ti mesmo”, inscrita no portal do templo de Delfos, na Grécia. Se o absoluto está contido em você, então você tudo sabe, mas o maravilhoso paradoxo da existência faz com que você não saiba que tudo sabe, pois o absoluto também contém você. De qualquer forma, há um portal dentro de você que pode ser aberto, mas para isso, você terá que criar um relacionamento de confiança entre você e o absoluto, confiar e ser confiado, amar e ser amado, conhecer e ser conhecido. Como diriam os sábios da antiguidade “Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses”.

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