"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


segunda-feira, abril 28, 2003

Como Contribuir para a Paz

Recentemente, tivemos a oportunidade de ver o quanto ainda estamos despreparados para fazer a paz. Vimos isso de várias formas, através das agressões bélicas entre os países, do crime organizado, das discussões infrutíferas da ONU, das discussões políticas, das discussões de bar, etc. Mesmo aqueles que acreditavam estar imbuídos de intenções pacíficas, se mostraram bastante agressivos, tanto moral quanto fisicamente em suas manifestações. Vimos bandeiras sendo queimadas, enfrentamentos entre polícia e manifestantes, gente nua em nome da paz. Muito provavelmente, a maioria dos que lerão esta mensagem não contribuiu para paz durante esta última guerra no Iraque. Eu mesmo tenho que dar o braço a torcer por ter feito pouco para a paz. Não estou querendo ofender você, apenas levá-lo a uma reflexão. Pense bem, você realmente rezou ou fez algum tipo de meditação para que todos se entendessem, sejam eles americanos, iraquianos ou europeus, ou torceu para algum dos lados? Você ficou satisfeito quando os americanos foram retardados pelas tempestades de areia? Você se alegrou quando derrubaram a estátua de Saddam Hussein? Se você não fez ou sentiu nada similar, pelo menos você não contribuiu com a guerra. Se você orou pela paz, sem se preocupar com o que acontecia, meus sinceros e profundos parabéns, você ajudou mais do que imagina.

O pensamento é muito mais forte do que podemos medir ou verificar. Não sou eu que digo isso, mas diversos tipos de estudiosos de diversas linhas de pensamento. A parapsicologia, tem fortes indícios de que essa força e sua interferência no mundo material realmente existe. Mesmo as correntes mais materialistas reconhecem que os resultados de diversas experiências são muito intrigantes, pois os desvios estão razoavelmente acima do esperado. As ciências ocultas demonstram objetivamente a existência dessa força e afirmam que ela é multiplicada muitas vezes quando dirigida conjuntamente por várias pessoas. De fato, quando falamos da força do pensamento, normalmente pensamos apenas na nossa força e esquecemos daquele movimento energético gerado por todos os pensamentos de todos os seres humanos. É mais grave do que parece, pois quantas pessoas realmente equilibradas você conhece? Imagine quantos pensamentos destrutivos são gerados por toda inveja, todo ciúme, todo orgulho, ou mesmo quando você se opõe ou não aceita alguma coisa. Quantas guerras são criadas nas cabeças das pessoas com todos os filmes e jogos eletrônicos que são veiculados pelo mundo. Ainda assim, as pessoas acham que a violência está fora delas, que os culpados pela guerra foram Saddam, Bush ou ambos.

A boa notícia é que a natureza sempre tende para o equilíbrio. Olhe a sua volta, tudo que estiver parado, está equilibrado. Se não estiver, algo ocorrerá para levá-lo a uma nova situação de equilíbrio. Se você colocar um copo na ponta de uma pequena tábua e começar a levantar a outra ponta, vai ter um momento em que o copo perderá o equilíbrio e cairá no chão, quebrando-se, é fato, mas essa será a nova situação de equilíbrio do copo. É mais ou menos isso que aconteceu no Iraque e qualquer outro lugar onde esteja havendo guerras e violência. O conjunto dos pensamentos desequilibrados das pessoas terá que passar por alguma transformação para que encontrem sua nova situação de equilíbrio. Isso pode ocorrer através de guerras, cataclismos, epidemias e outras catástrofes ou através de seu verdadeiro e profundo esforço para um mundo de paz, pois a guerra está dentro de você. O que você prefere?

Você pode contribuir com a paz não julgando aquilo que você vê. Não tome partido, apenas ore ou vibre para que a harmonia divina possa penetrar em todos os corações de todos os envolvidos, dos agressores aos agredidos. Comece pelo seu coração, pois ele também está envolvido nisso. Evite pensamentos e ações extremadas, procure o equilíbrio lá no fundo das suas intenções. Cultive os bons pensamentos, as boas músicas, os bons livros, os bons filmes, enfim, inunde sua vida com harmonia e entenda harmonia como as coisas simples que o fazem sentir-se bem, como agradecer pelo maravilhoso copo de água que você toma quando está com sede, pelo ar fresco da manhã que você pode respirar, pelas árvores e flores que você pode cheirar e ver, por ter dificuldades em sua vida que o fazem amadurecer e ser uma pessoa mais ponderada e serena. Como diz o mestre ascencionado Saint Germain, não queira a paz, e sim seja a própria paz.

quinta-feira, abril 17, 2003

Histórias de Mestres e Xícaras

Duas grandes dificuldades do ser humano são transcender seus hábitos e compreender as diferenças. Isso acontece por questões naturais, uma vez que o cérebro humano funciona baseado nos hábitos das células neurais e na experiência pessoal do ser. Mesmo o aprendizado é feito através da repetição, ou seja, criando-se o hábito.

De qualquer forma, muitos dos métodos, doutrinas e linhas de pensamento que buscam a evolução espiritual citam essas dificuldades como passos do processo. Pode ser, afinal são conhecimentos bem experimentados pelos buscadores, mas temos que ter em mente que esse plano é mutável e mesmo as mais consolidadas descobertas do homem sofrem evolução. Nesse particular, algumas doutrinas muitas vezes parecem intransigentes, talvez por influência da tradição e da cultura. Tradição é algo importante e que deve ser preservado, mas não de forma inquestionável, pois como todos os sistemas materiais, está sujeita à evolução, transformação e mutação. Não quero dizer com isso que não devemos trabalhar na lapidação de nossos hábitos e conceitos, mas sim que pode ter aparecido outras formas de atingir o mesmo resultado e que devemos estar abertos para elas, em suma, transcender os limites do próprio conhecimento, mesmo daquele que sabidamente funciona.

Deixe-me contar uma história tradicional do oriente para aprofundarmos nesta questão:

“Um professor universitário foi visitar um mestre Taoísta para conhecer o Tao. O mestre gentilmente colocou uma xícara vazia a sua frente e serviu-lhe chá. A xícara encheu e o mestre continuou servindo chá, transbordando o recipiente e derramando o conteúdo. Vendo isso, o professor alertou ao mestre de que a xícara estava cheia. O mestre então disse – Você está como esta xícara, cheio de idéias e conceitos. Como posso eu mostrar-lhe o Tao sem que você esvazie primeiro a xícara que está em sua mente?”

Essa história mostra muito bem o quão apegados somos aos nossos conceitos e hábitos, além do quão difícil é para alguém apresentar seu ponto de vista ou ensinar alguma coisa em função disso. O mais interessante é que, ao contrário do que as linhas de pensamento que apresentam-na acreditam, esta parábola também mostra o apego do mestre às suas instruções, pois, se é mestre, espera-se que aceite as diferenças. Por que precisamos esvaziar a xícara da nossa mente para apreender o que o mestre tem a ensinar? Não poderíamos fazer isso de forma cumulativa, acrescentando o ponto de vista do mestre e desenvolvendo nosso próprio caminho à iluminação? O que precisamos é não ter apego ao chá que está em nossa xícara e estarmos preparados a transformá-lo em um chá melhor, ou descartá-lo caso ele realmente não prestar. Em vez de pedir para esvaziar a xícara, o mestre pode compreender essa diferença, encontrar onde está a manifestação divina nela e ajudar seu aluno a identificar essa manifestação para poder potencializá-la. É como se o professor fosse visitar o mestre carregando seu próprio chá e o mestre dissesse para ele:

“Caro amigo, sua mente e seus conceitos são como o chá que você trás, pode ser amargo ou doce, aromático ou não, bom ou ruim para você. Como qualquer chá, ele é feito com água pura e é ela que você precisa conhecer. De qualquer forma, para conhecer a água pura, você pode tentar encontrá-la nos diversos chás que você provar. Para isso, você precisará de várias xícaras onde serão colocados chás diferentes. Sugiro que você prove-os separadamente e depois tente compará-los. Não importa se você gosta ou não gosta, tente achar a água pura que compõe todos eles, pois ela está lá. Se você preferir, podemos fazer mais fácil. Conheço uma pequena nascente da água pura e, em vez usar os chás, você pode conhecê-la diretamente. Mas para isso, você terá que deixar todas as suas xícaras aqui, inclusive esta que estou servindo, pois sua preocupação com elas atrapalhará sua caminhada até lá.”

Não importa o caminho que você segue para encontrar Deus. Todos eles são parciais em sua manifestação material e por mais que sejam métodos eficazes, são apenas isso, métodos; meios para sair de um ponto e chegar a outro. Pratique-os, mas compreenda que há diversos caminhos que funcionam para diversos tipos de pessoa e todos eles têm em sua essência a intenção divina. Você pode até não querer conhecê-los, mas respeite-os e aceite-os como você deveria fazer com a própria consciência divina, pois ela estará lá. Se preferir, estude-os, mas não esqueça sua bagagem pessoal, pois é a sua tradição. Apenas esteja preparado para trazer evolução para ela. De qualquer forma, não dê tanta importância a tudo isso, pois o que realmente importa é estar na nascente, bebendo da água pura, junto a Deus. Depois que você chegar lá, tudo não passará de um livro com a história do seu ser, que habitará na biblioteca do nosso lar espiritual.

quinta-feira, abril 10, 2003

Uma Questão de Tempo (parte 3)

Tenho falado muito sobre a velocidade do tempo, propagação do tempo, mas qual realmente é a relação entre movimento e tempo? Para esclarecermos essa questão, teremos que invocar a luz, no sentido físico do termo, afinal, conforme dissemos no artigo anterior, movimento só existe em função do tempo e, segundo Einstein, a luz é uma barreira teórica para o movimento. Em outras palavras, nenhuma força mensurável pode se mover com velocidade igual ou maior que a da luz e isso é um tabu até hoje, pois as experiências ainda não encontraram nenhum vestígio de partículas ou forças que andem nessas velocidades. Note que eu citei tabu, pois o fato de não haver algo mensurável que se movimente nestas condições, não significa que não exista esse algo, mas pode ser que os instrumentos usados para mensurá-lo não sejam os mais adequados, ou seja, mais uma vez podemos estar nos defrontando com o infinito, que não pode ser medido.

Segundo Einstein e a ciência moderna, o andamento do tempo depende da velocidade. Quanto maior a velocidade, mais lentamente o tempo passa. Vamos exemplificar para facilitar a compreensão. Se tomarmos irmãos gêmeos, portanto, com a mesma idade, deixarmos um na Terra e colocarmos o outro em uma espaçonave que fará uma viagem de 6 meses a cerca de 95% da velocidade da luz (algo próximo a 283.000 Km/s), quando essa espaçonave voltar, o gêmeo que ficou na Terra estará alguns anos mais velho do que aquele que viajou na espaçonave. Mas qual tempo que vale aqui, 6 meses ou alguns anos? A resposta é surpreendente: os dois tempos valem. Para a pessoa que viajou na espaçonave terá passado apenas 6 meses, mas para a que ficou na Terra, terá passado alguns anos. Mais surpreendente ainda é que isso não é teoria, isso é uma verdade da ciência materialista, foi experimentado e comprovado na década de 1970. Não que alguma espaçonave tenha chegado a uma velocidade próxima da luz, pois ainda não temos tecnologia para isso, mas aviões carregando relógios atômicos, que medem ínfimas frações de segundo, conseguiram detectar esse efeito fazendo vôos ao redor do planeta Terra.

Voltando ao nosso experimento, se aumentarmos a velocidade da espaçonave acima, aumentará a diferença de idade entre os gêmeos. Contudo, na percepção individual de cada gêmeo, o tempo continua correndo da mesma forma, ou seja, o gêmeo da espaçonave não se sente vivendo como se estivesse em “câmera lenta”, nem o gêmeo da terra se sente se movendo mais rapidinho, para eles tudo está normal. Se a espaçonave viajar a 99,99% da velocidade da luz, o tempo dela praticamente pára e, na percepção do viajante espacial, o tempo continua exatamente igual. Entretanto, durante o tempo dessa viagem, a vida no planeta terra terá se extinguido, pois haveria passado muitas centenas de milhares de anos. Na teoria, se a espaçonave pudesse viajar mais rápido que a luz, o tempo dela retrocederia, de modo que do ponto de vista do gêmeo da Terra, a espaçonave chegaria do outro lado da galáxia antes de ter saído da Terra, ou até mesmo, dependendo da velocidade, antes da Terra ter se criado. Segundo Einstein, quanto mais próximo da velocidade da luz, acima ou abaixo, mais as aberrações temporais ficam pronunciadas. Entretanto, estando exatamente na velocidade da luz, o tempo da espaçonave pára completamente, sendo a velocidade da luz é uma barreira teórica.

De qualquer maneira, na minha interpretação (que pode estar equivocada), esse comportamento do tempo frente à velocidade da luz sugere que o tempo é algo que está em movimento com a velocidade igual a da luz. Se usarmos o exemplo do carro do artigo anterior, é como se o carro do tempo e o carro do gêmeo cosmonauta estivessem andando exatamente na mesma velocidade e lado a lado, ou seja, um está parado em relação ao outro. Sem considerar que, se a matéria puder ser considerada como luz condensada, se chegar à velocidade da luz, ela muito possivelmente deixará o estado de condensação, retornando a condição de luz, ou seja, se desmancha, muito embora, por conta do fenômeno da massa, há algumas outras considerações aqui para se afirmar que a matéria possa ser considerada luz condensada.

Como disse acima, ainda não temos tecnologia para comprovar se esses fenômenos temporais realmente ocorrem, pois para isso teríamos que conseguir viajar em altíssima velocidade. É fato que a imensa maioria de experiências que visavam comprovar as teses propostas por Einstein encontraram poucas ou nenhuma discrepância entre a teoria e a prática, mas, logicamente, essas experiências estão restritas aos ambientes que temos capacidade de criar para os testes. Isso quer dizer que Einstein ainda está certo em suas idéias. De qualquer forma, não podemos saber se há algum efeito desconhecido que ocorreria em alguma situação especial. Por exemplo, o pessoal da ufologia diz que há relatos de contatos de terceiro grau, onde o suposto ET explica um fenômeno que ocorre próximo a 200.000 Km/s. Segundo ele, nesta velocidade há alguma coisa como uma transposição dimensional, onde a nave migraria para um universo paralelo completamente diverso do nosso. Lá, haveria outra civilização vivendo nas mesmas coordenadas, mas em um mundo completamente diferente e sem nenhuma outra possibilidade de contato além desse efeito da transposição dimensional. Bem... Se Einstein que é do nosso tempo é difícil de compreender, não tem nem como supor se e como essa tal transposição ocorreria. Não quero dizer com isso que desacredito dessa versão ufológica, apenas que não tenho dados para acreditar ou deixar de acreditar, portanto, sem julgamentos, apenas existe uma informação de uma linha de pensamento menos convencional e que merece ser considerada.

O mais interessante de tudo isso é que nossa alma não está sujeita a esses fenômenos temporais, pois ela participa de um plano infinito que contém todos os tempos e todos os supostos universos paralelos. Isso pode não se refletir em nossa consciência objetiva, mas está lá, no âmago de nosso ser, no que seria a chamada essência divida, ou eu interior. Perdemos tanto tempo tentando superar os limites desse plano dimensional, que esquecemos de tentar cultivar essa infinita compreensão e nos enterramos cada vez mais nesse plano limitado, confinados no tempo e no espaço. Um paradoxo. Na busca pela liberdade, estamos nos encarcerando. Se buscarmos superar os bloqueios internos que nos impedem de chegar ao eu interior, aí sim, estaremos encontrando a verdadeira liberdade. Um segundo aí equivale a toda eternidade, liberto do tempo e do espaço.