"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


terça-feira, dezembro 28, 2004

Reflexões sobre o Maremoto

Hoje recebi um e-mail com a seguinte indagação:

"Oi Hugo,

Tudo bem?

Pois é, o mundo parece que não...

Fiquei realmente assustada com a tragédia na Ásia. Fico pensando, porquê tantos mortos? Porquê a Ásia? Você comentou algo sobre haver uma "limpeza" no mundo... Isto tem algum sentido? Quando se fala de 200 mortos, por exemplo, já é um número alto, mas foram mais de 30 mil....

Tem alguma explicação para esta tragédia?"


Aproveitei a oportunidade para fazer algumas reflexões que eu gostaria de compartilhar com vocês aqui. Basicamente, minha resposta foi essa (logicamente, houve alguma revisão para colocá-la aqui):

"30 mil pode não ser um número alto, muito embora possa parecer chocante para as pessoas. Veja que algumas linhas de pensamento falam em redução de 2/3 da população mundial, ou seja, algo em torno dos 4 bilhões. Logicamente, não deve acontecer de uma vez, mas ao longo de uns 30 ou 50 anos, ou seja, algo entre 80 e 134 milhões por ano (pouco mais de meio Brasil por ano). Também não há garantias de que alguma limpeza tenha que ocorrer, apenas profecias.

Nós costumamos separar a morte da vida, mas o fato é que a morte faz parte da vida. De fato, nós deveríamos viver a vida nos preparando para uma boa morte, o que significa que deveríamos nos preparar não apenas para o que vai acontecer nessa vida, mas também nas próximas, principalmente para a não necessidade de mais vidas materiais. Com esse ponto de vista, o esforço que se faz para acumulação pessoal de bens é inútil. Não o seria se o esforço fosse para criação de um patrimônio social, mesmo que contenha sua parte material, pois esse se perpetua inclusive para nossas próprias vidas materiais subseqüentes. Em outras palavras, não há o meu, mas há o nosso.

A limpeza do mundo pode acontecer de forma pesada ou leve, tudo depende da resistência das pessoas em aceitar as transformações que estão sendo propostas. Essas propostas estão sendo liberadas para todos através dos recursos da alma. Todos, sem exceção, estão tendo sua oportunidade para se conscientizar do que prometeram fazer antes de vir para cá e isso está acontecendo agora. Pode perceber que nos últimos dois anos, a grande maioria das pessoas foi testada naquilo que é mais difícil pessoalmente. Foi mostrado para cada um onde está seu apego ou delusão. Mesmo que a pessoa não tenha querido se conscientizar, acabou ficando mais forte em termos espirituais. A questão é: temos que estar prontos para nos adaptar a um novo modelo existencial que está sendo incutido nas consciências individuais de todos e que precisa florescer, bastando para isso que busquemos descobrir o que estamos fazendo aqui. Estou falando de esforço na busca, não precisa nem descobrir. Bata a porta que ela se abrirá. Tem que pedir e esperar verdadeiramente a resposta seja ela qual for. Se as pessoas aceitarem esse impulso da alma (de novo, basta aceitar e esforçar-se para ir na direção, mesmo que não consiga), então as transformações serão menos pesadas. Porém, se as pessoas recusarem esse impulso, isso representa uma resistência e a transformação vai acontecer apesar disso. Não é difícil imaginar o que pode acontecer se duas, três, dez ou vinte pessoas tentarem parar um trem ficando a sua frente. É mais ou menos o que vai acontecer. Não seria melhor pedir para o trem diminuir a marcha para que todos pudessem entrar? Isso é possível, mas tem que pedir e estar disposto a entrar, independentemente do que isso significa.

Toda a tragédia tem uma explicação, porém a explicação completa não está disponível para os não iniciados e mesmo para esses pode não estar (e falo aqui da verdadeira iniciação, não aquelas belíssimas peças de teatro que existem nas religiões ou ordens da matéria, sem querer denegri-las ou menosprezá-las, pois elas têm um papel importantíssimo no processo). Vários são os motivos individuais para o que ocorreu; alguns irmãos estão sendo liberados de sofrimento maior, pois já conseguiram cumprir o prometido aqui; outros precisavam viver a experiência cármica de uma morte desse tipo; os que ficaram devem refletir sobre o ocorrido e assim por diante. Cada um daqueles povos tem seu quinhão cármico. Cada um de nós também é responsável por aquilo e pode fazer alguma coisa, mesmo que seja uma prece. Tem gente que está indo como voluntário para ajudar, outros enviam dinheiro, outros ainda mantimentos. Qual a virtude que devemos trabalhar? Também pode ser o desapego, ou seja, por que isso é tão importante ou por que é tão ruim? As almas ficam mais fortes na adversidade. Não foi isso que aconteceu com todos nós nos últimos dois anos? Temos que nos esforçar na vida, procurando desenvolver a consciência de que aqui não é nossa casa, apenas nossa estrada. Uma viagem que vai nos levar para outro patamar conciencional. Precisamos desenvolver nossas potencialidades e isso só pode ser feito com esforço no desenvolvimento de nossas virtudes. No que essa tragédia fez você sofrer? É ali que precisa ser mexido e o significado da tragédia para você é isso, onde você precisa mexer no seu ser. Se a morte te choca, então talvez você esteja com medo de transitar pela estrada da vida, sendo escravizada pelas delusões, pois não está pronta para se despojar de tudo pela verdade. Se você fosse morrer hoje, você estaria preparada? E se fosse alguém da sua família, o quanto você estaria preparada para deixar que essa pessoa se liberte, tendo cumprido sua missão? Apego é uma semente difícil de identificar e é facilmente confundido com o amor. Apego é uma das bases do sofrimento, como disse Buda, e é causado pela ignorância da verdadeira essência do ser. É em direção a essa essência que os acontecimentos da vida nos levam, sempre, pois tudo é uma forma da divindade nos mostrar o caminho. É importante refletir sobre isso e identificar a origem do sofrimento, mesmo que esse sofrimento seja pequeno. Sempre há uma boa semente para ser colocada no lugar de uma semente ruim.

Seja feliz!"