"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quarta-feira, dezembro 19, 2001

E Agora, Sr. Preconceito?

Vampiro Brasileiro. Esse foi o apelido dado por José Simão ao José Serra no Monkey News. Aliás, Simão e Paulo Henrique Amorim estão impagáveis no último Monkey News do ano. Mais do que uma gozação, isso denota a “simpatia carismática fenomenal” do candidato do governo para presidência. Não adianta, tem gente que não nasceu para brilhar nem com curso de oratória (veja o exemplo do Suplicy). Serra deve fazer parte do espólio de Mário Covas, a maior perda do governo dos últimos tempos. E como a maioria dos herdeiros, não sabe como usar o que recebeu.

Mas isso não é o que acontece com a Roseana Sarney. Mesmo levando em conta o desastroso mandato de José Sarney, ela está se mostrando um fenômeno de mídia comparável ao Collor, se não for melhor. Ela tem preocupado até o Lula, eterno defunto de praia. Roseana foi a grande cartada do PFL sobre o PSDB. Muito embora ambas as forças políticas sejam farinha do mesmo saco, é óbvio que há a fogueira das vaidades entre elas para ver quem é a melhor.

Como Collor, Roseana representa o anseio popular da mudança, encarnada no papel da mãe. Presente até no nosso hino, a imagem da mãe gentil resgata o símbolo de proteção incrustado no inconsciente coletivo de nosso país, o país da Virgem Maria, da Iemanjá, da Mãe Menininha e tantas outras. Como competir com a mãe em um país onde as pessoas não sabem mais a quem recorrer, tamanha a injustiça social?

Não estou dizendo que ela vai ser boa ou má governante. De fato, não sei dizer, pois não conheço verdadeiramente as qualidades profissionais dela. Sou muito simpático a idéia de ter uma “presidenta”, mas para falar a verdade, eu preferiria alguém da região sul-sudeste, pois tenho péssimas lembranças dos últimos presidentes que vieram lá de cima. O pessoal de baixo tem mais experiência em lidar com economia, talvez porque tenha mais a perder. Mas isso pode ser preconceito, o mesmo preconceito que pode impedir Roseana de chegar ao cargo máximo. Como o tradicional machismo latino poderá permitir ser liderado por uma mulher? Será que o anseio de não perder o poder fará com que a situação supere seus limites? É uma escolha difícil para os donos do poder, suportar o barbudo que aprendeu a falar a pouco tempo ou se sujeitar a ser governado por uma mulher.

Duvido que eles suportem qualquer dos dois, é muita hipocrisia mesmo para um orgulho tão egoísta. Mais provável que eles dêem um jeito de aproveitar o fenômeno Roseana para eleger outra pessoa, colocando ela como vice-presidente, por exemplo. E então, o país continuará órfão de pai e mãe.

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