"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


sexta-feira, março 28, 2003

Uma Questão de Tempo (parte 2)

Um ponto interessante apontado no artigo anterior é que estaríamos nos movimentando sobre uma determinada linha de tempo. Contudo, isso é bastante controverso, pois movimento pressupõe tempo, pelo menos em sua definição formal, que mais ou menos diz o seguinte: “movimento é a variação da posição espacial de um corpo em relação a um dado referencial em função do tempo”. Se analisarmos com profundidade essa descrição, identificaremos diversos outros pontos intrigantes que precisariam ser definidos, como “variação”, “posição”, “relação” e “referencial”, dentre outros. Não vou entrar nesses detalhes de forma direta (pelo menos por enquanto), mas sim, sugerir que você reflita sobre o que eles significam para você. Como o título do artigo indica, meu objetivo é o tempo, portanto, vou continuar pela parte “em função do tempo”. Nesta definição, tempo está separado do espaço, afinal temos de um lado a “posição espacial” e do outro “em função do tempo”, ou seja, parece ser uma definição obsoleta dentro da visão de espaço-tempo de Einstein.

Mas como poderíamos definir movimento em função do espaço-tempo? Não me lembro de ter lido nada sobre isso até hoje, mas acredito que Einstein, ou algum outro pensador, deva ter formulado algo relativo a essa questão. De qualquer forma, fiquei pensando por um bom tempo durante a redação desse artigo e, na minha limitada compreensão do cosmos, cheguei à conclusão de que movimento é um dos fenômenos ligados ao aspecto finito do universo e deixa de existir conforme nos dirigimos ao aspecto infinito. Quando nos aprofundamos na questão espaço-tempo, transcendemos as amarras do tempo e, na minha opinião, estamos entrando num campo de estudo desta parte infinita, ou pelo menos, indo em direção a ela. Essa idéia me levou a outros lugares muito interessantes, como o questionamento sobre a consciência objetiva, aquela que temos quando fazemos algo, ou pensamos algo. Ela também parece estar subjugada ao tempo, ou seja, também está navegando, aprisionada a uma determinada linha de tempo, afinal, um pensamento sucede o outro, conferindo a sensação de movimento do passado para o futuro, muito embora, ela exista apenas no presente. Ficou a impressão de que ela também é um atributo do mundo finito e que tem um aspecto completamente diferente quando vista sob a égide do espaço-tempo. Sem entrar no contexto da consciência cósmica ou absoluta, mas baseando-se em algumas linhas de pensamento que defendem o conceito das múltiplas consciências (ou múltiplos níveis de consciência), uma destas teria abrangência atemporal, ou seja, não estando presa à linha do tempo, ela terá a compreensão da existência onde todos os fatos e acontecimentos existem no mesmo momento, pois ela transcenderia o próprio tempo. O ponto surpreendente aqui é que mesmo que a alma não existisse, essa consciência onitemporal existe, simplesmente porque vivemos em um universo de no mínimo 4 dimensões, ou seja, somos sim seres tetradimensionais. As implicações disso são interessantes, pois através da manifestação desta consciência onitemporal, podemos nos lembrar do futuro. A grande questão é: qual futuro? De acordo com o artigo anterior, poderíamos ter vários passados e vários futuros. De fato, não tenho resposta para esta dúvida, mas é um excelente ponto para reflexão.

Outro lugar interessante que cheguei com essas especulações foi na análise dos tipos de pensamentos que podemos ter. Há dois muito pertinentes a essa discussão, os baseados em raciocínio e os baseados em intuição. O primeiro está vinculado ao tempo, exigindo percorrer o caminho entre a origem da idéia e sua conclusão, que acontece após um intervalo de tempo. O segundo normalmente acontece de forma atemporal, ou seja, a origem e a conclusão aparecem ao mesmo tempo. Além dos domínios da intuição, estão os fenômenos paranormais de clarividência, premonição, etc., que também tendem a acontecer de forma atemporal. Na minha opinião, essas intervenções atemporais em nosso pensamento podem ser manifestações dessa consciência onitemporal.

Mas se essa consciência faz parte de nós, por que parece que não temos acesso a ela? Eu não afirmaria que não temos acesso a ela, mas sim que não fomos treinados para que ela estivesse presente em nosso dia-a-dia. Toda a nossa educação está focada à resolução de problemas objetivos, considerando apenas o ambiente tridimensional. Nessas condições, nunca procuramos encontrar a manifestação da consciência onitemporal e, quando ela acontece, somos treinados a não dar valor às idéias apresentadas por ela. Na matéria, o que não se exercita, atrofia. Isso não quer dizer que essa consciência atrofiou, mas os canais materiais que fazem ligação com ela certamente sim, portanto, se quisermos permitir sua manifestação, teremos que dedicar esforços nesse sentido. Quais esforços? Não posso afirmar claramente, porque não cheguei lá, mas posso sugerir alguma coisa:

• Primeiramente, questione tudo o que você acredita ou que fizeram você acreditar e esteja aberto para mudar de opinião. Isso não significa abandonar todas as suas crenças e princípios, apenas considerar que eles podem ser transformados frente a uma verdade maior;

• A ciência da matéria serve para entender a matéria. Isso não invalida de forma alguma suas conclusões, apenas indica que elas são limitadas. Se você quer entrar nos domínios do infinito, deve procurar recursos que o leve para lá. Se você é uma pessoa muito cética, comece por exemplo pela cosmologia ou filosofia tradicional, que também são ciências, mas menos materialistas;

• Considere as opiniões das correntes de pensamento metafísicas, filosófico-exotéricas, místicas, etc. Pode haver a possibilidade delas serem apenas especulações sobre aquilo que não se pode explicar, mas... e se não forem? Nesse caso, você estaria se privando de benefícios maravilhosos para si e para a humanidade. Isso não significa acreditar em qualquer coisa, mas sim, abrir-se para novas possibilidades e oportunidades;

• Esteja certo que você terá que dedicar algum tempo e esforço para isso, mas se você chegou até aqui, é porque está buscando algo. Toda busca tem seus desafios e recompensas. Você prefere continuar dizendo que não tem tempo, ou prefere transcender o tempo? A escolha é sua.

P.S.: Eu sei que eu falei no artigo anterior que estaria analisando a relação entre movimento e tempo. Farei isso ainda nesta linha de tempo, só que mais à frente.

Nenhum comentário: