"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


sexta-feira, fevereiro 08, 2002

Cuidado com o Vício do Trabalho

Em um artigo recente na Veja, Stephen Kanitz divulgou sua opinião quanto a férias e folgas em finais de semana. Dentre outros absurdos, ele diz que não faz sentido pagar para uma pessoa ficar em casa descansando, ou seja, ele acha que férias deveriam ser uma opção pessoal de cada um e que ninguém deveria receber por isso. Pessoalmente, acho que o intuito dele deve ter sido aparecer na mídia com uma opinião polêmica, ou então não soube se explicar.

De qualquer forma, esse tipo de opinião é bem característico do tipo de vida que estamos vivendo. As pessoas são induzidas a pensar como empresários, dedicando sua vida ao trabalho árduo de gerar dinheiro para alguém, esquecendo-se do bem estar geral de outrem. Em geral, essas pessoas esquecem-se da própria família também, gerando filhos deixados à sorte das drogas e outros vícios. Pior, tem gente que acha isso certo.

Trabalho também pode ser um vício e a maioria das empresas hoje patrocina esse tipo de disfunção social. Muitas tentam impingir aqui a cultura viciosa de outros lugares, onde as pessoas vivem para o trabalho e não trabalham para viver. Para os donos do poder, realmente férias e folgas são perigosas, pois o funcionário pode ter tempo para pensar e ver o quanto está sendo explorado, portanto, é melhor tratá-lo como um traficante trata seus viciados, ou seja, não perdê-lo de vista e alimentá-lo diuturnamente com um pouco da substância maléfica.

Não estou fazendo apologia ao não trabalho, mas apenas colocando as coisas nos devidos lugares. Se houvesse uma distribuição justa de renda e dos benefícios criados por nossa tecnologia, ninguém precisaria trabalhar tanto quanto alguns poucos trabalham, não haveria tanto desemprego e muitos outros benefícios poderiam ser criados, afinal as pessoas teriam tempo para o melhor do ser humano, que é pensar e criar. Muitas das grandes criações do passado nasceram de um pensamento criativo e diletante. Criar é uma arte, qualquer que seja a seu objeto. Arte não se cria sob pressão, mas sob divagações.

O rendimento da maioria dos sistemas criados pelo homem está abaixo dos 50%. Querer que o ser humano trabalhe tanto quanto uma máquina é desperdiçar o que essa máquina faz de melhor.

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