"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


sexta-feira, janeiro 17, 2003

O Que Esperar de um Mestre

Você já deve ter ouvido a frase “quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”. Se não ouviu, saiba que ela é muito comum nos meios esotéricos ou místicos, uma vez que todo estudioso desses assuntos (chamados de buscadores) espera encontrar mais cedo ou mais tarde o seu mestre (ou Guru). Em muitas tradições, a existência de um mestre é mandatória para que o discípulo alcance a Luz e, em muitas destas, o mestre deve estar vivendo em um corpo terreno, ou seja, encarnado na terra. Para os céticos, isso é tudo baboseira, mas confesso que mesmo não sendo cético, por muito tempo questionei profundamente essa necessidade. Para mim, o verdadeiro mestre é o chamado Mestre Interior, que todos têm acesso no âmago de seu próprio ser. Portanto, eu pensava que quando o buscador tivesse elevado sua consciência suficientemente, o Mestre se manifestaria através da consciência pessoal, levando o buscador à iluminação.

Tenho fortes motivos (e testemunhos) para acreditar que falta um detalhe nessa minha compreensão para que ela funcione. Na realidade, é muito difícil achar o Mestre Interior sozinho; não é impossível, mas é difícil. É aí que Deus interfere com Sua infinita bondade e misericórdia, reconhecendo os esforços envidados pelo buscador. Para a idéia acima ficar mais próxima da realidade, podemos dizer que quando o buscador eleva sua consciência suficientemente, o mestre aparece, indica o caminho e entrega a chave para o maravilhoso portal do Mestre Interior. Essa ajuda vai encurtar a jornada do discípulo para a iluminação, que ocorrerá quando todo o caminho for percorrido, em suma, quando o discípulo realizar toda a autopurificação necessária para que os portais do Mestre Interior possam ser definitivamente abertos e Este se manifeste em toda Sua magnificência. Ouspensky descreve de forma muito interessante essa etapa do caminho (o encontro com o mestre e o que vem depois) no seu livro “O Quarto Caminho”. Não sei se o que ele expõe ali é uma regra, uma média, ou apenas mais um dos caminhos, mas pelo que tenho visto, parece ser uma regra. Logicamente, todas as regras têm suas exceções, mas lembre-se que as regras identificam o que acontece na grande maioria das vezes, desta forma, sugiro que você não almeje ser uma exceção, mas se o for, não se orgulhe disso, até porque o orgulho é contrário à Luz.

Se considerarmos que um dia um mestre cruzará nosso caminho, o que devemos esperar desta figura? Se você espera que ele vá resolver todos os seus problemas e dirá tudo o que você deve fazer para alcançar a Luz, você está adentrando um caminho tortuoso que o levará fatalmente para algum usurpador ou charlatão. Na minha opinião, a melhor postura a ser adotada é não procurar e nem esperar que o mestre apareça, assuma a responsabilidade de sua vida e seus desígnios por você mesmo. Simplesmente, faça um esforço para ser uma pessoa melhor a cada dia, tente ouvir seu coração e superar suas provações. Faça isso com vontade, compromisso e intensamente. Não recuse ajuda, peça-a e aceite-a humildemente e de bom grado quando necessário. Confie profundamente em Deus e desconfie um pouco dos mestres que aparecerem na sua frente, essa desconfiança vai ajudar a você encontrar o verdadeiro mestre. Em suma, não devemos esperar muito do mestre, apenas que ele seja sábio e possa nos mostrar o caminho, menos pelas palavras e muito mais pelas ações. De qualquer forma, podemos ter a esperança madura de que ele dará a orientação que verdadeiramente precisamos, aquela orientação que mostra as alternativas que muitas vezes não vemos. Esteja consciente de que o carma que você criou, você deve resgatar a priori. Esperar que o mestre assumirá seu carma é o mesmo que esperar que alguém poderá se alimentar por você ou aprender por você. Não digo que isso é impossível, mas digo sim que isso não é a regra e que acontece em momentos de extrema necessidade, como quando Cristo esteve na terra. O maior mérito é você fazer a sua parte.

O mestre pode lhe dar a chave para atingir o Mestre Interior, sendo que ele provavelmente fará isso de uma vez só. Isso mesmo, de uma vez só, ou seja, não tentará prender você, pois ele sabe que você é livre. Provavelmente, haverá alguma preparação antes, mas, em geral, há um momento especial onde a instrução é passada por completo. Depois disso, não há mais métodos definidos para que você atinja a maestria, mas há diversas formas de fazer o que deve ser feito, mesmo sabendo que o que deve ser feito está muito claro: você tem que purificar seus pensamentos, atos, intenções, aceitar seu carma e se esforçar para não aumentá-lo mais. O mestre pode até estar próximo e ajudar nessa etapa com suas sábias orientações, mas ele não vai fazer por você, senão você não vai se elevar, pois o que ele tenta mostrar não pode ser explicado com palavras, tem que ser experimentado, vivenciado e compreendido por todas as suas mentes (objetiva, subjetiva, inconsciente, etc.). Não pode ser provado cientificamente, pois não pode ser medido ou reproduzido em laboratórios, apesar de que alguns de seus efeitos se manifestam objetivamente.

Parafraseando uma mensagem que li em um panfleto da AMORC, “o mestre não doutrina, apenas orienta”, ou seja, o mestre pode sugerir uma conduta ou algum exercício, pode até lhe puxar pela mão em algumas situações, mas quem tem que chegar ao final do caminho e abrir a porta é você.

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