"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quinta-feira, fevereiro 06, 2003

Ciência, A Religião do Mundo Material

Temos visto no último século e meio a dois séculos um grande desenvolvimento da ciência e do método científico. Muitos dos dogmas que nossa sociedade segue estão baseados em verdades científicas, sendo que as provas matemáticas e experimentais são tão inquestionáveis quanto os preceitos divinos das igrejas do passado. Uns dizem: “isso é cientificamente provado pela instituição X” e os outros abaixam a cabeça como em uma reverência aos santos e papas. Mas essas provas são tão confiáveis assim?

Não estou querendo desmerecer o conhecimento adquirido pela ciência, mas apenas colocar alguns pontos de ponderação. A questão aqui é desmistificar essa onipotência científica que parece ter se transformado em religião. Acredito que as coisas não são excludentes, mas sim complementares e acumulativas, ou seja, pode-se conciliar os conhecimentos filosóficos, científicos e religiosos, deste que haja boa vontade e bom senso.

À luz dessas alternativas, vamos olhar um pouco amiúde em que se baseou a ciência materialista que conhecemos hoje e encontrar seus limites. Primeiramente, essa ciência baseia-se em fatos que poderão ser experimentados e medidos em algum instante no presente ou no futuro. Muitas vezes, esses fatos estão nos domínios da matéria e se algo pode ser medido, é finito, portanto, limitado. A filosofia já sabia disso há muito tempo e sempre falou de dois reinos, o finito e o infinito. A ciência trata do finito, daquilo que se pode controlar, contudo o infinito não pode ser medido e muitas vezes nem experimentado pelas vias científicas, pois é ilimitado. Esse é um ponto importante, pois muitos consideram a parapsicologia, cosmologia e similares como ciências do infinito, mas não é verdade, pois elas tentam colocar o infinito no âmbito das coisas experimentáveis e explicáveis. Não há como explicar o infinito, mas pode-se analisar seus atributos e talvez o estudo do Tao, da filosofia pura, da metafísica e outros assuntos denegridos pela ciência sejam as melhores experiências dos seres humanos na busca da compreensão do infinito. A cosmologia até chega perto, pois aceita algumas possibilidades do infinito e do eterno, mas ainda é limitada em sua abrangência. Infinito é infinito e deve ser estudado com recursos infinitos, portanto, com recursos transcendentes à matéria e é isso que a ciência não aceita. Outro conceito importante é que apesar da filosofia considerar dois reinos, um está incluso no outro, pois o finito é uma parte do infinito, ou seja, não é o todo e, portanto, não é o mais importante.

Outro alicerce da ciência é o axioma. Quanto mais se busca a origem de um fenômeno, mais rarefeitos são os fatos experimentáveis. Como a ciência necessita de um princípio por ser finita, deve formular esse princípio, geralmente, através do raciocínio indutivo (para ser simplista, no raciocínio indutivo analisa-se os efeitos e tenta-se inferir qual a causa, exatamente o contrário do dedutivo, donde se parte das causas e deduz-se o efeito). Nesse ponto, começam a acontecer algumas distorções, pois são necessárias interpretações dos fenômenos. Assim foi na religião, assim é na ciência. Assim como interpretou-se de forma parcial as escrituras, muitas teorias introduzem interpretações pessoais como sendo axiomas, apenas porque através delas é mais cômodo justificar os interesses das partes envolvidas. Apesar de produzirem efeitos elogiáveis, infelizmente, algumas bases da ciência moderna são especulações irrealistas, algumas vezes até mesmo corruptas.

Através da ciência, muitas coisas boas puderam ser criadas para o homem, entretanto, assim como nas religiões, muitos outros benefícios também foram ocultados para manutenção das estruturas de poder. A ciência acredita no que pode manipular, mas tem medo de aceitar o que não pode. Dizer que o homem é só matéria é uma postura limitada, o mais cauteloso e honesto seria admitir que um dos componentes do homem é o corpo e que não se sabe o que há além disso, mas que algumas correntes de pensamento afirmam existir algo chamado alma e que seria um esforço saudável estudar a alma. Sem essa visão ponderada, a ciência acaba se tornando mais uma religião, cujos dogmas são criados nos laboratórios.

Muitos dos maiores nomes da ciência tinham essa visão ponderada e por isso puderam criar as grandes transformações de pensamento. A grande maioria deles, senão a totalidade, acreditava em uma mente universal que chamavam de Deus. Na época deles, isso em geral era desejável, aliás, em muitas destas épocas, isso fazia parte da ciência. É por isso que da próxima vez que você ouvir “isso é cientificamente comprovado”, eu sugiro que você vá mais além, mude em sua mente a frase para “essa é a visão da ciência”. E qual será a visão da filosofia, metafísica e religião? O que pode ser conciliado e faz sentido finito e infinito? Tire as conclusões por você mesmo, mas faça isso embasado, ou seja, estude as diversas linhas de pensamento. Formule suas teses e esteja aberto para questioná-las e levá-las à evolução. Compartilhe e aceite as divergências como itens que precisam de mais estudo no sentido da conciliação e harmonia. Sim, harmonia, essa é a chave para encontrar a grande verdade universal.

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