"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


segunda-feira, setembro 19, 2011

A Física Quântica e a Derrocada do Realismo Materialista (parte 1)

Quantas vezes você já ouviu: “isso é cientificamente comprovado”? Muitos usam essa frase para tentar validar uma crença pessoal, se utilizando de alguma coisa que alguém disse que reproduziu em laboratório. Por outro lado, há também os que dizem: “isso é a palavra de Deus”, sendo que usam essa frase da mesma forma que a turma do “cientificamente comprovado”. Agora eu pergunto: qual é a diferença? Não estou perguntando qual é a diferença entre ciência e religião (ainda), estou perguntando qual é a diferença de intenção e pensamento entre as duas afirmativas. Muito do que se acredita ser cientificamente comprovado é apenas a reprodução de um determinado comportamento de estruturas materiais mensuráveis dentro de laboratórios que estão na crosta terrestre ou, mais recentemente, em um espaço nem tão sideral assim, que está apenas há algumas centenas de quilômetros acima da crosta. Dito isso, cabe aqui mais uma pergunta: quem garante que o que acontece nos laboratórios da terra funciona da mesma forma em laboratórios de um planeta que gire em torno da estrela Sirius? Ou, até mesmo, em Júpiter? De fato, só se pode garantir que o “cientificamente comprovado” funcione aqui na terra, com os elementos da terra, com a psicosfera da terra e tudo mais. Portanto, o “cientificamente comprovado” não passa de um tipo de crença não muito diferente do que é a “palavra de Deus”, talvez apenas um trate do finito e o outro do infinito. Aliás, quando vamos mais a fundo nas bases da ciência formal, vemos que ela não consegue comprovar muitas de suas teorias, apenas formula idéias baseadas em um método científico e espera poder fazer alguma experiência em ambiente controlado para conseguir medir alguma coisa que possa dar validade à tese inicial.

Mas por que eu comecei um artigo que vai falar de física com um discurso que mais parece uma afronta ao método científico? Não é uma afronta, é uma reflexão. Ciência e religião estiveram juntas por muitos milênios e só se separaram no ocidente porque alguém queria direcionar e limitar o pensamento filosófico e científico por conta do seu poderio político. Porém, como esclarece muito bem Eliphas Lévi no clássico “Dogma e Ritual da Alta Magia”, ciência, filosofia e religião formam um tripé indissolúvel para a compreensão da existência em todos os níveis. Até se pode separá-las politicamente, como são separados os poderes de uma república, mas inexoravelmente elas se encontrarão em algum ponto do tempo-espaço, pois são feitas essencialmente da mesma “matéria”. De fato, para ser um tripé, precisam estar unidas no vértice, sendo que, há um grupo de ciências que trabalham com esses três elementos; são as chamadas Ciências Ocultas. E onde as ciências ocultas entram nisso? Apesar de muitos religiosos e cientistas bradarem contra elas, ou dizendo que são artes do demônio, ou que não tem embasamento científico, essas ciências se estruturam conservando a harmonia entre as três hastes do tripé e, certamente por serem conciliadoras, incomodam aqueles que querem manter o poder sobre o conhecimento ou sobre algum aspecto da existência político-social das massas.

A boa notícia é que a física quântica colocou a ciência formal em uma tremenda “saia justa”, pois está chegando à conclusões desconcertantes, que fazem a ciência se aproximar de diversos conceitos filosóficos e religiosos. Amit Goswami, eminente físico indiano, chega até a propor em seu livro “O Universo Autoconsciente” que, depois das proposições da física quântica, a ciência se encontra em um momento de ruptura de antigos paradigmas, que não tem mais como sustentar os postulados materialistas e que só pode encontrar soluções para seus dogmatismos se aceitar que a grande maioria dos preceitos filosóficos e esotéricos estão bem fundamentados. De fato, isso já é praticado pelas ciências ocultas e as escolas de mistério há milênios, portanto, eu não vou dizer que tendo a concordar com Amit porque eu já concordo com ele desde que iniciei meus estudos esotéricos e científicos na década de 1980.

Um detalhe que não posso deixar de informar é que não dá para discorrer sobre um assunto tão polêmico em um único artigo, portanto, da mesma forma que a série de artigos “Uma Questão de Tempo”, esse assunto vai ser quebrado em alguns posts. Vamos começar pelo básico e nesse primeiro artigo vou apresentar os postulados do Realismo Materialista. De fato, as bases da física antiga se deram por diversos pensadores, notadamente os gregos e depois os europeus, fazendo com que todos esses conhecimentos acabassem reforçando os fundamentos do período chamado de Iluminismo, sendo que, um nome em especial formulou os princípios do método científico ocidental. Essa personalidade, René Descartes, propôs a filosofia dualista, onde a parte subjetiva mental seria domínio da religião e a parte objetiva material seria domínio da ciência. Veja que a humanidade estava saindo das trevas da idade média e dos tribunais da inquisição, com suas atrocidades aplicadas a vários cientistas, tidos como servidores do demônio, portanto, era natural que, em um momento de retomada da racionalidade filosófica, os pensadores buscassem um meio político para acabar com o conflito entre eles e a igreja, de forma a poderem desenvolver suas teorias sem que tivessem que se exilar ou se contradizer para não serem mortos ou presos. Entretanto, essa noção de que a separação era mais diplomática que real se perdeu com o tempo e ambas as partes continuaram em conflito, menos sangrento, é fato, mas que propiciou que o tal do método científico virasse um tipo de lei para os cientistas da atualidade. Não posso deixar de perguntar aqui por que o método científico seria melhor ou mais verdadeiro que o método religioso? Não há fundamentação imparcial que possa afirmar que algum dos dois métodos seja melhor. Quando falo imparcial, quero dizer que não dá para usar nenhuma das formulações feitas em um desses métodos para julgar o outro, simplesmente porque essas formulações são feitas para reforçar seu próprio método original, portanto, extremamente parciais. Eliphas Lévi afirma que a filosofia seria a ponte para a conciliação entre ciência e religião, porém, cabe aqui lembrar que Eliphas era um taumaturgo, ou seja, um cientista das artes ocultas, então, precisamos nos questionar que tipo de filosofia ele estava falando, considerando suas práticas, sua formação e a época em que produziu seus escritos. Na minha opinião, ele falava das ciências ocultas e esotéricas e não da filosofia clássica ensinada nas nossas universidades, pois, no mundo ocidental, elas já estão por demais contaminadas pelo método científico.

Voltando aos postulados do Realismo Materialista, segue abaixo uma explicação simplória de cada um deles para referência. Estes 5 conceitos foram retirados do livro “O Universo Autoconsciente” de Amit Goswami. Não vou detalhar muito, pois mais informações podem ser obtidas na internet.

Postulados do Realismo Materialista:

1- Princípio da Objetividade Forte: segundo Goswami, Descartes teria se baseado em Aristóteles para formular esse conceito, mas, para mim, parece-me claro que era um postulado muito conveniente para o tácito “acordo político” entre os cientistas e o clero. Basicamente, esse axioma propõe que os “objetos são independentes e separados da mente (ou consciência)” - excerto do livro citado acima.

2- Princípio do Determinismo Causal: também do livro citado acima, temos o excerto que explica esse princípio como sendo “a idéia de que todo movimento pode ser exatamente previsto, dadas as leis do movimento e as condições iniciais em que se encontravam os objetos (onde estão e com que velocidade se deslocam).” Esse conceito, proposto inicialmente por Newton, está calcado na mecânica clássica, onde o mundo seria uma máquina composta por sistemas mecânicos que interagem entre si.

3- Princípio da Localidade: derivado da teoria da relatividade de Einstein, que formulou o conceito do espaço-tempo e o limite da velocidade da luz, esse postulado diz que “todas as influências entre objetos materiais que se fazem sentir no espaço-tempo devem ser locais: eles têm que viajar através do espaço um pouco de cada vez, com uma velocidade finita” - excerto do livro citado acima.

4- Princípio do Monismo Materialista: como resultado do esforço dos cientistas em gerar tecnologia através da ciência, ou seja, de conseguir controlar e prever efeitos materiais, a ciência materialista adquiriu aos poucos uma força política que a permitiu ir a forra da religião e novamente questioná-la, agora sem medo do cárcere ou da fogueira dos bruxos. Neste momento, eles questionaram o dualismo proposto por Descartes e postularam que “todas as coisas são feitas de matéria (e de generalizações da matéria, como energia e campos de força). Nosso mundo é material, de cima a baixo” - outro excerto do livro de Goswami.

5- Princípio do Epifenomenalismo: esse conceito já me parece uma “viagem na maionese” científica, pois, como não se sabe como conseguir usar a matéria para gerar consciência, então, para reforçar os propósitos da ciência materialista, era necessário seguir um norte (mesmo que seja para o sul) para direcionar as pesquisas e conseguir os recursos para tal. Esse princípio diz que “todos os fenômenos mentais podem ser explicados como sendo epifenômenos, ou seja, fenômenos secundários, da matéria, através de uma redução apropriada a condições físicas prévias. A idéia básica é que o que denominamos de consciência constitui simplesmente uma propriedade (ou grupo de propriedades) do cérebro” - por hora, último excerto do nosso amigo Goswami. Veja que esse princípio contradiz o primeiro, uma vez que ele não separa mais a consciência da matéria.

É notável que nossa educação esteja tão impregnada de Realismo Materialista que todos os cinco princípios acima nos pareçam muito familiares e lógicos. Certamente, muitos de vocês devem ter questionado meus comentários por vezes irônicos sobre eles. De fato, sou irônico em relação à idéia de que há alguma coisa mais certa que outra. Eu entendo a programação mental que nos faz achá-los familiares; foi feita com nossos pais, avós e praticamente todos os que nos ensinaram desde o jardim da infância, então, é lógico que se tornaram crenças que nem sabemos direito de onde vêm. Porém, são exatamente isso, apenas crenças. Digo isso, pois vamos ver mais adiante, nos próximos artigos, como a física quântica “detonou” cada um desses princípios, postulando outros que voltam a aproximar ciência da religião de forma irreversível, deixando os cientistas materialistas sem argumentos para sustentar suas teses. O curioso disso tudo é que esses mesmos cientistas que afrontaram a religião se viram tão perplexos que sua defesa à mecânica clássica ficou mais parecendo uma homilia eclesiástica impregnada de crenças, que agora são fundamentadas unicamente na história ocidental da ciência e não mais no resultado das experimentações laboratoriais, que hoje apontam para uma reconciliação filosófica entre ciência e religião. Por sorte, os maiores cientistas da história tinham grande fé em Deus e Sua criação, sendo que a quase totalidade deles foram integrados aos quadros das escolas de mistério e fraternidades secretas, mesmo que muitos teóricos da atualidade queiram obscurecer essa particularidade da vida das grandes mentes. Entretanto, várias citações desses grandes cientistas revelam sua devoção pelo Deus de seus corações, desta forma, gostaria de encerrar esse primeiro artigo com uma frase de Albert Einsten, muito pertinente ao tema em questão:

“Ciência sem religião é manca. Religião sem ciência é cega.”

Deus abençoe a todos!

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