Para entender a metáfora, temos que esclarecer o que cientificamente
significa o salto quântico. A explicação a seguir é para leigos, portanto, peço
“licença poética” para usar alguns termos ou exemplos menos precisos, porém
conceitualmente válidos e fáceis de entender, até porque, vou direcionar o
texto para se aproximar da metáfora. Vamos lá, primeiramente, imagino que a
grande maioria de vocês tem na mente aquela imagem tradicional do átomo, onde
vemos um conjunto de bolinhas coloridas no centro, rodeadas por bolinhas
menores orbitando à sua volta, com linhas circulares ou elípticas indicando a
trajetória delas. As bolinhas maiores no meio representam o núcleo e as menores
à sua volta representam os elétrons. De fato, a concepção que se tem do átomo
hoje é muito diferente disso, porém, para nossa explicação, peguemos essa
imagem comum. Cada bolinha dessas é uma partícula do átomo, ou seja, prótons,
nêutrons, elétrons, etc., e é nesse domínio de partículas que acontecem os tais
saltos, ou seja, as bolinhas são “saltitantes” (risos). Vamos agora expandir um
pouco a idéia da trajetória dos elétrons e, para isso, vamos usar o átomo mais
simples, que é o de hidrogênio, composto por um próton no núcleo e um elétron
ao seu redor, cuja trajetória representada no papel corresponde a um círculo.
Agora vamos nos aproximar bem desse círculo desenhado e vamos ver que ele é
composto por um disco de vários círculos concêntricos, como os anéis de
Saturno, sendo que, esses círculos não se tocam, estão separados por um espaço.
De fato, o elétron está aprisionado em apenas um desses círculos, dependendo da
energia contida no átomo. Não se esqueçam que esses círculos são imaginários,
eles não existem realmente, apenas são a representação da trajetória do
elétron. Com essa imagem em mente é fácil entender o salto quântico.
Basicamente, quando o átomo recebe energia, ou luz (fótons, que são o aspecto material
da luz), ele “armazena” essa energia fazendo com que o elétron salte para um
dos círculos mais externos da sua trajetória, sendo que esse salto ocorre de
acordo com a quantidade de fótons que ele recebe, ou seja, pacotes definidos de
energia. Quando o átomo perde energia, ele emite a quantidade de fótons
correspondente e o elétron “decai” para camadas internas da sua trajetória.
Continuando com essa imagem simples, vamos agora introduzir um pouco
da bizarrice quântica. Já aviso que não adianta tentar conjecturar explicações
para essas bizarrices, pois para fazer isso é preciso muita matemática, então,
você simplesmente tem que assumir que o universo é assim e que o que vemos é
uma interpretação de coisas que realmente estão muito distantes da nossa
compreensão. Não estou dizendo para ter fé, pois no caso aqui, isso tudo já foi
objeto de diversos experimentos de laboratório e daí chegou-se a essas
conclusões, ou seja, isso já é teoria na prática e já foi “visto” por várias
pessoas. Primeiramente, elétron não tem trajetória ou, pelo menos, não há como
determinar a trajetória dele, pois quando vemos o elétron como partícula, ele
não tem “movimento”, e quando determinamos o “movimento” dele, ele não é partícula,
é onda; de fato, as partículas têm essa propriedade, são as duas coisas ao
mesmo tempo, onda e partícula. Segundo é que o elétron não passa pelo espaço
que existe entre as trajetórias que representamos na imagem mental do disco
concêntrico, ele simplesmente desaparece de uma delas e “magicamente” aparece
na outra, daí o termo salto. Terceiro, ele só salta se tivermos a quantidade
exata de energia que chega ou sai de uma só vez e, como são fótons, você pode
contar a quantidade deles, porém, se pensarmos que fótons em movimento é uma
onda luminosa, praticamente podemos dizer que estamos “contando” a luz. Essa
quantidade exata de energia é chamada de quantum, daí o termo “quântico.”
Bem... chega de bizarrice, senão a imagem mental que formamos vai para o
espaço... se bem que ela já está no espaço, o espaço atômico (risos).
Com a explanação acima, podemos entender então que o salto quântico
é o desaparecimento do elétron de uma camada de energia (trajetória) e
aparecimento imediato em outra camada, como resultado da absorção ou emissão de
quanta (plural de quantum), ou energia, ou luz, ou fóton (que é tudo mais ou
menos a mesma coisa). Cientistas, por favor, respeitem minha “licença poética!”
Mas como isso se tornou metáfora? Aqui vamos ter que estudar mais algumas
coisinhas relacionadas com os processos de elevação da consciência, saindo da
ciência formal e indo para filosofia e teosofia. Há duas coisas que precisamos
tratar aqui e vamos começar com os insights, que é algo que a maioria de vocês
já deve ter experimentado. Insight é diferente de intuição, pois intuição
basicamente é um sentimento, uma tendência sem explicação racional para seguir
uma determinada idéia ou opinião. Insight é mais completo, ele aparece na mente
como uma idéia integral, racional, emocional e espiritual; é como se abrissem a
nossa cabeça e implantassem uma imagem de forma atemporal, ou seja, simplesmente
em um instante imensurável, a idéia que não estava lá aparece completamente,
uma descoberta, uma lâmpada que acende sobre sua cabeça, como se você tivesse
recebido alguns quanta de energia cognitiva. De fato, o que algumas tradições
esotéricas tentam fazer com as magníficas encenações místicas, chamadas de
iniciações, é justamente gerar um insight relacionado com a nova situação
consciencional representada pelo grau de estudo que o buscador está adentrando.
Aí começamos a entender a metáfora do salto quântico, uma iniciação mística
tenta produzir um salto quântico consciencional no discípulo, ou seja, tenta
fazer com que a consciência dele salte de um plano de compreensão para um outro
plano um pouco mais elevado, através de uma “carga energética” (quantum) ou uma
experiência espiritual ou mística, que se manifesta com um insight (um salto),
e que produz uma expansão da consciência (trajetória mais externa do elétron).
Mas não é só em relação à consciência individual que essa expressão
tem sido usada, mas também para a experiência de santificação do planeta que
várias tradições filosóficas têm trazido à baila atualmente para explicar o
estamos passando em termos de transformação planetária, sendo este o segundo
ponto a tratar que eu mencionei acima. Entenda por santificação o conhecido
apocalipse ou dia do juízo final. Mas por que eu chamo isso de santificação?
Porque várias tradições místicas identificam o processo que precede a ascensão
da consciência, ou ressurreição, ou santificação mesmo, como um processo
penoso, de martírio, de expiação e enfrentamento dos nossos medos e tentações.
Muitas delas a chamam inclusive de noite trevosa ou similar. Se estudarmos as
histórias dos messias (Mestres Ascensos), ou mesmo dos santos, vemos que antes
de se tornarem iluminados, eles foram martirizados de uma forma ou de outra. E
se o planeta estiver a caminho de ascensionar? Seguindo essas tradições, a
consciência planetária deveria passar por um processo de martírio planetário,
ou apocalipse, sendo que, após esse evento, o planeta estaria em uma nova “camada
energética” consciencional, ou seja, terá dado um salto quântico em sua
consciência e de todos aqueles que aqui habitam. Já vi algumas escolas usarem
também a expressão: “mudar a oitava vibratória”, usando aqui uma metáfora
musical, pois em música, uma oitava acima é a multiplicação por dois da
freqüência original da nota, portanto, a mesma nota com mais energia. Segundo
as profecias e tradições místicas, assim como o salto quântico, essa mudança na
consciência do planeta ocorre de uma vez, sem transitar por consciências
intermediárias, e o novo patamar de consciência é mais energético que o
anterior, o que sugere que pode haver alguma alteração na manifestação material,
DNA ou algo parecido; no mínimo, mais luz, dado que houve a “absorção de quanta”,
ou de energia, seja ela espiritual ou de qualquer natureza conhecida ou
desconhecida.
Pessoalmente, eu não me sinto confortável em usar a metáfora do
salto quântico para explicar esses processos ascensionais e o motivo é muito
simples: veja o tanto que eu tive que escrever para tentar explicar para alguém
que não conhece física quântica o que isso significa, e eu mal pude tocar no
mais importante, que são os assuntos da ascensão planetária, iniciações
místicas, martírio, etc. Além disso, um salto quântico não significa apenas aumento
de energia, pode ser diminuição, ou seja, se colocarmos na metáfora, seria involução.
Eu penso que as coisas têm que ser simples, fáceis de serem explicadas e
entendidas e, honestamente, usar conceitos avançados da ciência formal para
tentar explicar alguma coisa é, na realidade, tentar ocultar a verdade e não
torná-la acessível. Até serve para quem conhece física quântica, mas para quem
está tentando entender as vicissitudes da sua própria consciência, mais
complica do que ajuda.
Falemos de luz, vida e amor! Falemos de virtudes, bênçãos e
felicidade! A ascensão é um processo abençoado. Para nós que ainda estamos
viciados na matéria, pode parecer um sofrimento, mas é, na verdade, uma
libertação. Quanto mais próximos da essência original, mas simples e infinitas
são as coisas, mais compreensão e conforto teremos em nosso ser, mais poder
realizador manifestaremos. Ascender é uma poesia, uma arte, tanto que há
escolas de mistérios que se referem aos seus estudos com o a Arte Real.
Sejamos então os artistas reais da libertação planetária!
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