"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


segunda-feira, abril 02, 2012

A Metáfora do Salto Quântico

Pelos artigos que eu costumo publicar aqui, muitos de vocês já perceberam que eu faço diversas críticas ao sectarismo, seja ele religioso, filosófico, teosófico ou científico, pois acredito que tudo isso tem a mesma natureza e deveria cooperar para o desenvolvimento geral da consciência humana. Porém, quando vejo pessoas se apropriando de algumas expressões, causando confusão por conta disso, por vezes eu entendo a rigidez que a ciência impõe ao método e ao agnosticismo. Isso é bem patente com a física quântica, mais até que a relatividade de Einstein, pois essa ainda é bem palpável e não se pode inventar teorias inverossímeis com ela. Ao contrário, a física quântica é tão bizarra, “esotérica” e inacreditável, que muitos se utilizam dessas características para tentar dar um ar de científico aos seus devaneios. Apesar de eu começar o artigo “soltando os cascos”, de fato, a metáfora do salto quântico utilizada para explicar iniciações ou processos evolutivos da consciência até que faz sentido, muito embora, quem a usa deveria reforçar que é uma metáfora e não uma teoria, pois se isso não for feito, a beleza filosófica que existe acaba virando uma mentira científica.

Para entender a metáfora, temos que esclarecer o que cientificamente significa o salto quântico. A explicação a seguir é para leigos, portanto, peço “licença poética” para usar alguns termos ou exemplos menos precisos, porém conceitualmente válidos e fáceis de entender, até porque, vou direcionar o texto para se aproximar da metáfora. Vamos lá, primeiramente, imagino que a grande maioria de vocês tem na mente aquela imagem tradicional do átomo, onde vemos um conjunto de bolinhas coloridas no centro, rodeadas por bolinhas menores orbitando à sua volta, com linhas circulares ou elípticas indicando a trajetória delas. As bolinhas maiores no meio representam o núcleo e as menores à sua volta representam os elétrons. De fato, a concepção que se tem do átomo hoje é muito diferente disso, porém, para nossa explicação, peguemos essa imagem comum. Cada bolinha dessas é uma partícula do átomo, ou seja, prótons, nêutrons, elétrons, etc., e é nesse domínio de partículas que acontecem os tais saltos, ou seja, as bolinhas são “saltitantes” (risos). Vamos agora expandir um pouco a idéia da trajetória dos elétrons e, para isso, vamos usar o átomo mais simples, que é o de hidrogênio, composto por um próton no núcleo e um elétron ao seu redor, cuja trajetória representada no papel corresponde a um círculo. Agora vamos nos aproximar bem desse círculo desenhado e vamos ver que ele é composto por um disco de vários círculos concêntricos, como os anéis de Saturno, sendo que, esses círculos não se tocam, estão separados por um espaço. De fato, o elétron está aprisionado em apenas um desses círculos, dependendo da energia contida no átomo. Não se esqueçam que esses círculos são imaginários, eles não existem realmente, apenas são a representação da trajetória do elétron. Com essa imagem em mente é fácil entender o salto quântico. Basicamente, quando o átomo recebe energia, ou luz (fótons, que são o aspecto material da luz), ele “armazena” essa energia fazendo com que o elétron salte para um dos círculos mais externos da sua trajetória, sendo que esse salto ocorre de acordo com a quantidade de fótons que ele recebe, ou seja, pacotes definidos de energia. Quando o átomo perde energia, ele emite a quantidade de fótons correspondente e o elétron “decai” para camadas internas da sua trajetória.

Continuando com essa imagem simples, vamos agora introduzir um pouco da bizarrice quântica. Já aviso que não adianta tentar conjecturar explicações para essas bizarrices, pois para fazer isso é preciso muita matemática, então, você simplesmente tem que assumir que o universo é assim e que o que vemos é uma interpretação de coisas que realmente estão muito distantes da nossa compreensão. Não estou dizendo para ter fé, pois no caso aqui, isso tudo já foi objeto de diversos experimentos de laboratório e daí chegou-se a essas conclusões, ou seja, isso já é teoria na prática e já foi “visto” por várias pessoas. Primeiramente, elétron não tem trajetória ou, pelo menos, não há como determinar a trajetória dele, pois quando vemos o elétron como partícula, ele não tem “movimento”, e quando determinamos o “movimento” dele, ele não é partícula, é onda; de fato, as partículas têm essa propriedade, são as duas coisas ao mesmo tempo, onda e partícula. Segundo é que o elétron não passa pelo espaço que existe entre as trajetórias que representamos na imagem mental do disco concêntrico, ele simplesmente desaparece de uma delas e “magicamente” aparece na outra, daí o termo salto. Terceiro, ele só salta se tivermos a quantidade exata de energia que chega ou sai de uma só vez e, como são fótons, você pode contar a quantidade deles, porém, se pensarmos que fótons em movimento é uma onda luminosa, praticamente podemos dizer que estamos “contando” a luz. Essa quantidade exata de energia é chamada de quantum, daí o termo “quântico.” Bem... chega de bizarrice, senão a imagem mental que formamos vai para o espaço... se bem que ela já está no espaço, o espaço atômico (risos).

Com a explanação acima, podemos entender então que o salto quântico é o desaparecimento do elétron de uma camada de energia (trajetória) e aparecimento imediato em outra camada, como resultado da absorção ou emissão de quanta (plural de quantum), ou energia, ou luz, ou fóton (que é tudo mais ou menos a mesma coisa). Cientistas, por favor, respeitem minha “licença poética!”

Mas como isso se tornou metáfora? Aqui vamos ter que estudar mais algumas coisinhas relacionadas com os processos de elevação da consciência, saindo da ciência formal e indo para filosofia e teosofia. Há duas coisas que precisamos tratar aqui e vamos começar com os insights, que é algo que a maioria de vocês já deve ter experimentado. Insight é diferente de intuição, pois intuição basicamente é um sentimento, uma tendência sem explicação racional para seguir uma determinada idéia ou opinião. Insight é mais completo, ele aparece na mente como uma idéia integral, racional, emocional e espiritual; é como se abrissem a nossa cabeça e implantassem uma imagem de forma atemporal, ou seja, simplesmente em um instante imensurável, a idéia que não estava lá aparece completamente, uma descoberta, uma lâmpada que acende sobre sua cabeça, como se você tivesse recebido alguns quanta de energia cognitiva. De fato, o que algumas tradições esotéricas tentam fazer com as magníficas encenações místicas, chamadas de iniciações, é justamente gerar um insight relacionado com a nova situação consciencional representada pelo grau de estudo que o buscador está adentrando. Aí começamos a entender a metáfora do salto quântico, uma iniciação mística tenta produzir um salto quântico consciencional no discípulo, ou seja, tenta fazer com que a consciência dele salte de um plano de compreensão para um outro plano um pouco mais elevado, através de uma “carga energética” (quantum) ou uma experiência espiritual ou mística, que se manifesta com um insight (um salto), e que produz uma expansão da consciência (trajetória mais externa do elétron).

Mas não é só em relação à consciência individual que essa expressão tem sido usada, mas também para a experiência de santificação do planeta que várias tradições filosóficas têm trazido à baila atualmente para explicar o estamos passando em termos de transformação planetária, sendo este o segundo ponto a tratar que eu mencionei acima. Entenda por santificação o conhecido apocalipse ou dia do juízo final. Mas por que eu chamo isso de santificação? Porque várias tradições místicas identificam o processo que precede a ascensão da consciência, ou ressurreição, ou santificação mesmo, como um processo penoso, de martírio, de expiação e enfrentamento dos nossos medos e tentações. Muitas delas a chamam inclusive de noite trevosa ou similar. Se estudarmos as histórias dos messias (Mestres Ascensos), ou mesmo dos santos, vemos que antes de se tornarem iluminados, eles foram martirizados de uma forma ou de outra. E se o planeta estiver a caminho de ascensionar? Seguindo essas tradições, a consciência planetária deveria passar por um processo de martírio planetário, ou apocalipse, sendo que, após esse evento, o planeta estaria em uma nova “camada energética” consciencional, ou seja, terá dado um salto quântico em sua consciência e de todos aqueles que aqui habitam. Já vi algumas escolas usarem também a expressão: “mudar a oitava vibratória”, usando aqui uma metáfora musical, pois em música, uma oitava acima é a multiplicação por dois da freqüência original da nota, portanto, a mesma nota com mais energia. Segundo as profecias e tradições místicas, assim como o salto quântico, essa mudança na consciência do planeta ocorre de uma vez, sem transitar por consciências intermediárias, e o novo patamar de consciência é mais energético que o anterior, o que sugere que pode haver alguma alteração na manifestação material, DNA ou algo parecido; no mínimo, mais luz, dado que houve a “absorção de quanta”, ou de energia, seja ela espiritual ou de qualquer natureza conhecida ou desconhecida.

Pessoalmente, eu não me sinto confortável em usar a metáfora do salto quântico para explicar esses processos ascensionais e o motivo é muito simples: veja o tanto que eu tive que escrever para tentar explicar para alguém que não conhece física quântica o que isso significa, e eu mal pude tocar no mais importante, que são os assuntos da ascensão planetária, iniciações místicas, martírio, etc. Além disso, um salto quântico não significa apenas aumento de energia, pode ser diminuição, ou seja, se colocarmos na metáfora, seria involução. Eu penso que as coisas têm que ser simples, fáceis de serem explicadas e entendidas e, honestamente, usar conceitos avançados da ciência formal para tentar explicar alguma coisa é, na realidade, tentar ocultar a verdade e não torná-la acessível. Até serve para quem conhece física quântica, mas para quem está tentando entender as vicissitudes da sua própria consciência, mais complica do que ajuda.

Falemos de luz, vida e amor! Falemos de virtudes, bênçãos e felicidade! A ascensão é um processo abençoado. Para nós que ainda estamos viciados na matéria, pode parecer um sofrimento, mas é, na verdade, uma libertação. Quanto mais próximos da essência original, mas simples e infinitas são as coisas, mais compreensão e conforto teremos em nosso ser, mais poder realizador manifestaremos. Ascender é uma poesia, uma arte, tanto que há escolas de mistérios que se referem aos seus estudos com o a Arte Real.

Sejamos então os artistas reais da libertação planetária!


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