"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


quarta-feira, dezembro 26, 2001

Não Há Mágicas em Economia

Economia é a arte de saber subtrair para que o resultado seja positivo. O melhor e mais usado exemplo disso é a economia doméstica. Para viver, você precisa fazer com que seus ganhos sejam pelo menos iguais a seus gastos. Se eles forem maiores, você melhora de vida, se forem menores, você vai a bancarrota. Não fosse a especulação, poderíamos relacionar seus ganhos com aquilo que você produz. Quanto mais você produz, maior seu ganho.

É mais ou menos isso que nossos governantes precisariam fazer, gastar menos do que arrecadam e fazer com que o país produza mais. Foi exatamente isso que a Argentina não fez. Não importa o tipo de economia que você tem, com inflação, sem inflação, com moeda forte ou fraca, se você gastar mais do que arrecada, você quebra. Em uma economia com inflação, dentre outros erros, o governo imprime dinheiro para financiar seu déficit. Como o dinheiro representa a quantidade de bens que você possui ou produz, se você imprime mais dinheiro, cada unidade monetária (R$ 1,00 por exemplo) tem um valor relativo menor, fazendo com que os preços aumentem para equilibrar essa diferença. Nesse caso, quem perde é aquele que tem dinheiro em espécie na mão, ou seja, em geral os mais pobres. Sem inflação, como o governo não imprime dinheiro, então ele tem que financiar seu déficit tomando dinheiro de alguém, com impostos ou com juros altos, por exemplo. Nesse caso, precisa-se ter um bom esquema fiscal para que todos paguem, senão alguns serão mais penalizados do que outros, normalmente os mais pobres (isso lembra um país cujo nome começa com B, não é verdade?).

Nós só estamos tendo um superávit porque o governo está sendo recordista em cobrança de impostos, nunca se arrecadou tanto nesse país. Se não fosse isso, estaríamos na mesma situação da Argentina. Isso não significa que não estamos indo na mesma direção, apenas que estamos conseguindo evitar ou talvez adiar nosso infortúnio. 2% de crescimento pode significar que estamos diminuindo nossa economia, pois esse é um número absoluto. Se relacionarmos o crescimento do PIB com o crescimento da população, podemos perceber que a população cresceu mais do que a capacidade do país em gerar riqueza. Nesse caso, estamos empobrecendo.

Não há mágicas em economia. Como disse acima, o erro da Argentina não foi dolarizar ou deixar de desvalorizar o peso, eles não fizeram o básico que era gastar menos do que arrecadavam. E o custo maior não era tentar manter um alto padrão de vida em um país pobre, mas sim financiar a corrupção com dinheiro alheio. Alguém tem dúvidas de que estamos indo pelo mesmo caminho?

Estou tentando imaginar um meio de fazer minha parte para evitar isso, mas está difícil. Aceito sugestões.

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