"É preciso preparar-se para mais elevados conhecimentos, só neste pensamento pode a nova consciência aproximar-se da humanidade"

(Mestre El-Morya)


sexta-feira, janeiro 04, 2002

Democracia – O Regime Utópico

As mudanças das últimas semanas ocorridas na Argentina são o indício mais interessante de que democracia é apenas uma fachada bonita para a mesma estrutura de poder que já conhecemos a séculos. Após muitas idas e vindas, o próprio poder decidiu quem deve ficar no poder. Os analistas vão dizer que essa foi a solução possível e que assim a soberania e a ordem não foram afetadas. Mas o fato é que as regras estabelecidas (constituição) pelos representantes do povo não foram utilizadas nesse momento de crise, usando a própria crise como desculpa.

Na prática, para se fazer uma eleição “legítima”, as estruturas de poder tem que estar bem equilibradas para que o povo possa ser manipulado adequadamente. Como equilíbrio é tudo que a Argentina não tem hoje, fazer uma eleição agora pode ser muito arriscado, pois a democracia verdadeira pode realmente ocorrer e alguém fora do esquema poderia assumir o poder, digo, o cargo, pois para assumir o poder, não basta ganhar a eleição.

A impressão que tenho é que essa confusão que aconteceu foi causada por desentendimentos entre os próprios peronistas, uma vez que eles não estavam encontrando quem eles deveriam “fritar” para que pudessem reassumir o poder. O certo seria “fritar” o causador dessa meleca toda, mas esse cara é um peronista. Por conta disso, se a “fritura” não fosse bem feita, o próprio peronismo sairia chamuscado. Levou um bom tempo para que as negociações fossem concluídas e os “fritantes” fossem identificados, antigos peronistas que já estão meio arranhados e que agora foram para o buraco de vez. Após tudo isso, o discurso óbvio é ululado: a Argentina está quebrada, precisa desvalorizar o Peso e proteger sua indústria nacional, o Mercosul é a tábua de salvação (desde que o Brasil compre produtos argentinos, claro), moratória, etc.

A única coisa que não está fechando para mim é onde ficaram os EUA nessa história. Esse novo discurso é muito mais focado para o mercado europeu do que para o mercado americano. De novo, me vem a mente que pode estar havendo uma mudança importante na estrutura de poder na América Latina, onde a Europa voltaria a ter um papel primordial, até porque, hoje eles estão com toda estrutura necessária para se tornarem mais fortes que os EUA em pouco tempo. Que conseqüências isso vai trazer só o tempo mostrará, mas prefiro ser otimista, afinal o mundo precisa de um pouco de concorrência, mesmo sabendo que a história mostra que esse tipo de briga costuma acabar em guerras devastadoras.

De Nostradamus: “Ah, se Deus não mandar paz à Terra!”.

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